Nova variedade promete ser arma contra o arroz vermelho
Cultivar tolerante ao herbicida que controla a planta invasora foi lançada em fevereiro.
A batalha contra o arroz vermelho, inimigo número um dos arrozeiros, tem ganhado novas armas. O arsenal contra a erva daninha recebeu um novo componente em fevereiro com o lançamento de uma cultivar tolerante ao herbicida que controla a planta invasora.
Aliadas no combate ao arroz vermelho, a Embrapa e a empresa química Basf criaram a cultivar BRS Sinuelo CL. Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Ariano Magalhães Junior, a cultivar de arroz irrigado é de ciclo médio e direcionada para o Rio Grande do Sul, diferentemente das demais variedades já ofertadas pelo Sistema de Produção Clearfield, que são de ciclo curto.
— Foram 10 anos de pesquisas. Estamos testando o cultivar com diversos produtores gaúchos. Além de se livrarem do arroz vermelho, terão vantagens como redução do custo de produção e melhor aproveitamento da adubação nitrogenada — aponta.
Pertencente à mesma espécie do arroz branco, o vermelho recebeu a alcunha de principal ameaça em razão dos prejuízos causados nos últimos anos. Apenas em uma safra, a perda foi de mais de um milhão de sacas, afirma o pesquisador do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Valmir Menezes.
— Como a espécie é mais agressiva e rústica, acaba competindo com o arroz tradicional, que vai para mesa dos gaúchos. É uma planta que debulha antes de ser colhida, por isso não é viável comercialmente, sem falar que o sabor não é agradável — afirma.
Uma das propriedades onde a cultivar está sendo testada é a de Germano Hadler, 37 anos, em Capão do Leão, no Rio Grande do Sul. O arrozeiro, que teve problemas pontuais em sua lavoura devido ao arroz vermelho, espera um novo panorama neste ano.
— Por essa nova cultivar ter um ciclo mais longo e maior tolerância à toxidez do ferro, acreditamos que a produtividade será melhor nesta safra — diz.
Embora a procura por novas armas contra o arroz vermelho continue, o gerente de projetos Clearfield da Basf, Airton Leites, aponta que algumas ações simples podem ajudar no combate à praga. A primeira delas e considerada a mais vital, é o uso de sementes certificadas. Segundo Leites, foi o uso de sementes de má qualidade que disseminou a praga pelas lavouras.
— Não adianta novas tecnologias se o arrozeiro não utilizar cultivares certificados, com qualidade reconhecida — destaca o gerente de projetos.