Arroz perde 80% do seu valor em 20 anos

 Arroz perde 80% do seu valor em 20 anos

Banco de dados de produtor comprova a desvalorização

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O arroz produzido no Rio Grande do Sul está valendo um quinto do preço em que era comercializado em 1980. A constatação é resultado de uma pesquisa realizada há 24 anos pelo produtor e ex-presidente do Sindicato Rural de São Gabriel (fronteira-oeste do Rio Grande do Sul), Geraldo Pereira de Souza. A análise de seus números permite uma visão concreta do descalabro da agricultura e, em especial, a lavoura de arroz.

"A persistir esta situação da orizicultura, fica claro que o Governo Federal está condenando a produção de arroz com sua política econômica, a chamada âncora verde, como foi feito com o trigo há alguns anos", acrescentou. Segundo Geraldo de Souza, a política de baratear a cesta básica a qualquer custo está transformando o país de auto-suficiente em grande importador de arroz. "Até países que nem têm tradição em produzir arroz estão exportando para nós, que já temos excesso do produto, colaborando para achatar ainda mais os preços", lamenta.

Os números indicam que havia um certo equilíbrio entre custos de produção e margens de lucro ao produtor até 1995. "Havia perdas, mas eram em índices bem menores", explicou. Depois do Plano Real, no entanto, a discrepância aumentou a um ponto em que o arroz vale 20% do que valia há 20 anos. Geraldo Pereira de Souza chegou a participar de reuniões no Ministério da Fazenda na década de 80. "O que tiro de lição das reuniões que tive com ministros e todos os tipos de técnicos e burocratas da União é que a agricultura é um instrumento e os preços agrícolas são manipulados para manter a inflação aparentemente baixa", denuncia. 

 

Subsídios são necessários

A criação de mecanismos para subsidiar direta e indiretamente a produção agrícola e a comercialização dos produtos é uma das poucas saídas que restam para salvar a lavoura de arroz irrigado, no entendimento do líder ruralista da fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, Geraldo Pereira de Souza. Ele lembra que em todos os países do mundo os produtos da cesta básica são subsidiados. “No Brasil, subsídio é palavrão”, queixou-se.

Para ele, a falta de subsídios e a política econômica do país, que criou a chamada âncora verde, são fatores que estão condenando à morte a média propriedade gaúcha, que tem área de até dois mil hectares e gestão empresarial. “Não há como sobreviver pelo excesso de encargos e tributações”, acrescentou.

Na Argentina

• Para exportar açúcar para a Argentina, o Brasil paga uma taxa de 18% sobre o valor comercializado. Os demais países pagam 23% de impostos por tonelada, mais um adicional de 90 a 115 dólares por tonelada, de acordo com o mercado, para proteger os plantadores de cana de Tucumán, Salta e Jujuy.

• Os argentinos criaram leis para proteger a produção de calçados, frango e aço, além de estar gestando uma lei contra a livre entrada de tecidos brasileiros.

• Para entrar no Brasil, o arroz argentino e o uruguaio não sofrem qualquer restrição e provocam um dano enorme à produção nacional.

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