A ameaça que vem do norte

O arroz de sequeiro torna-se competitivo e ameaça o mercado gaúcho

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O arroz de sequeiro deu um salto de qualidade no final dos anos 90, graças à evolução da pesquisa e a rápida adoção de tecnologia pelos produtores que passaram a ver o produto mais como uma alternativa rentável de produção e menos como um produto para desbravar o cerrado. Segundo os especialistas no produto da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, Flávio Breseghello e Lidia Pacheco, a região Centro-Oeste foi a que registrou maior área, 42,3%, vindo a seguir as regiões Nordeste, 24,8%, Norte, 22,6%, Sudeste, 5,7%, e Sul, 4,0%.

Quanto à produção, com base também nos dados da safra 1998/99, a região Centro-Oeste participou com 51,7%, vindo a seguir a região Nordeste, 21,0%, a Norte, 17,8%, a Sudeste, 5,7% e, por último, a Sul, 3,8%. Em termos de rendimento, a região Centro-Oeste também foi a que apresentou maior índice, de 2.217 kg/ha, superando a média nacional em 22,0% (1.815 kg/ha). Do total do arroz de terras altas produzido na safra 1998/99, 85,4% foi proveniente de apenas sete estados. Mato Grosso contribuiu com 42,8% da produção nacional, com uma produtividade de 2.358 kg/ha.

Questão básica 

O que é arroz de terras altas?

A resposta é dos técnicos Flávio Breseghello e Lidia Pacheco: "Primeiramente, é preciso entender que arroz de terras altas não é apenas um outro nome que inventaram para arroz de sequeiro. O arroz de terras altas é todo aquele que é cultivado em solo bem drenado, aerado, ou seja, o contrário de terras baixas ou inundadas. Ele pode até mesmo ser irrigado, quando plantado sob pivô central ou outro tipo de irrigação por aspersão, como de fato tem ocorrido em áreas significativas.

Perfil

O arroz é um produto voltado para o mercado interno, o qual não tem apresentado crescimento. Portanto, todo produtor de arroz, seja de terras altas ou de várzeas, enfrenta concorrência para colocar o seu produto no mercado. A questão que se coloca é se os produtores de arroz de terras altas têm condições de produzir arroz com a mesma qualidade do que se produz no Sul por um preço menor.

Vantagens

1. Menor custo de produção. Não há custo de sistematização da área, construção de canais e taipas, além de toda a operação de irrigação, e do custo da água, que deve passar a ser cobrada em breve.

2. O valor da terra em si é muito maior no Sul do que no Centro-Oeste, o que significa capital imobilizado, sobre o qual se deve computar juros.

3. Considerando-se que o arroz causa benefícios indiretos para a cultura da soja na rotação, o produtor de terras altas pode trabalhar com uma margem de lucro menor sobre o arroz, já que a soja é o esteio principal do seu negócio.

Desvantagens

1. O principal problema do arroz de terras altas continua sendo o risco de perda de produção por deficiência hídrica, quando ocorrem estiagens prolongadas (veranicos) durante o ciclo da cultura, principalmente quando esta coincide com a floração.

2. Outro perigo que sempre ronda o arroz de terras altas é a brusone, uma doença que pode causar perda total da lavoura especialmente quando associada a veranicos. Em condições de boa pluviosidade e com controle químico preventivo, a brusone tem sido mantida em níveis toleráveis.

3. O ambiente de terras altas é mais sujeito a problemas que podem causar redução na qualidade do produto. Períodos de deficiência hídrica durante o enchimento de grãos, por exemplo, causam gessamento ou barriga branca. Para que o armazenamento possa ser feito a granel, em grandes silos, é necessário que se misture grãos de diversas cultivares, o que atualmente não é muito recomendável.

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