Operação arroz tailandês em Macau

O arroz seria importado directamente da Tailândia e vendido aos consumidores, reduzindo os procedimentos dos grossistas e retalhistas para controlar os preços.

Se o rápido crescimento económico de Macau faz avançar a carruagem do desenvolvimento, por outro lado também ajuda a fazer subir o balão da inflação. A taxa de inflação crescente e a alta taxa de câmbio do yuan causam o aumento dos preços de produtos importados da China Continental. Os habitantes de Macau sentem a pressão da inflação particularmente no preço da comida. Por isso, um conjunto de associações está a elaborar uma estratégia para pôr no mercado arroz da Tailândia a preços mais acessíveis.

“De acordo com informação revelada pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o índice geral de preços em Fevereiro de 2011 cresceu mais 4,7% do que no ano passado”, observou Ho Weng Cheong, presidente da Câmara do Comércio Macau-Tailândia. “Dentro do índice de preços, a maior subida foi sentida no preço dos alimentos, que aumentaram 5,98%”. O tema gera grande preocupação na comunidade, pelo que a câmara resolveu unir esforços com a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) e a Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), e organizar o “Plano Alimentar Contra a Inflação – Arroz Tailandês 2011”.

A ideia é importar arroz de Tipo A directamente do distribuidor na Tailândia, para vender a preços favoráveis aos membros da FAOM, UGAMM e AGMM. O arroz seria importado directamente da Tailândia e vendido aos consumidores, reduzindo os procedimentos dos grossistas e retalhistas para controlar os preços. O projecto pretende assim ajudar os residentes da classe baixa a combater a pressão da inflação e a construir uma comunidade de auxílio mútuo.

No âmbito deste projecto, o arroz será empacotado em embalagens de 10 e cinco quilos e vendido a 95 e 50 patacas, respectivamente. O primeiro carregamento deverá chegar a Macau em meados de Abril. Os membros das associações podem inscrever-se no projecto para reservar o arroz. Cada pessoa fica limitada a comprar um máximo de 20 quilos. Quem quiser mais terá de esperar pelo segundo carregamento. O projecto deverá durar três meses e poderá ser renovado para uma segunda fase, caso a inflação continue a aumentar.

“É a primeira vez que realizamos um projecto assim”, admitiu Leong Heng Kao, vice-presidente da UGAMM. “Pretendemos ajudar os membros a aliviarem o peso da inflação. O arroz é uma necessidade básica para cada um de nós, e embora o preço seja apenas ligeiramente inferior ao preço de mercado, o significado de construir uma comunidade de mútuo auxílio é algo que vale a pena apoiar”. Iong Weng Ian, vice-presidente da AGMM notou o paradoxo económico vivido em Macau. “Embora haja um rápido crescimento da economia, a disparidade na distribuição da riqueza é enorme”, observou. “Esperamos que esta iniciativa possa ajudar a despertar a preocupação no Governo e na sociedade em relação aos grupos mais frágeis, de forma a que possa haver políticas para ajudar as cada vez mais numerosas pessoas necessitadas.”

Seja como for, a Câmara do Comércio Macau-Tailândia já está em contacto com o Governo tailandês e com a indústria do arroz na Tailândia desde Junho do ano passado, tendo recolhido apoio total e a promessa de que se a inflação continuasse a subir, Macau podia contar com o fornecimento de arroz, através da câmara, de forma a que os preços sejam controlados.

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