Agrônomo aponta saídas para a recuperação das pastagens
Arroz é a cultura mais versátil para quem quer investir na recuperação e lucrar com a área. Cereal pode ressurgir no Mato Grosso.
Detentor do maior plantel de bovinos do país, com mais de 28 milhões de cabeças, Mato Grosso tem condições de agregar mais 9 milhões de hectares de pastagens degradadas ao processo produtivo e expandir seu rebanho bovino. Para tanto, é preciso adotar medidas como investimentos na recuperação das áreas desgastadas, visando sua reincorporação ao processo produtivo.
De acordo com estudos técnicos, Mato Grosso utiliza uma área de 27 milhões de hectares com a pecuária. Tem ainda 9 milhões de hectares de pastagens degradadas aptas ao processo produtivo, das quais 5,5 milhões de hectares passiveis de mecanização (áreas planas propícias à integração lavoura-pecuária). As maiores áreas de pastagens no Estado estão localizadas nas regiões norte e Vale do Araguaia.
O agrônomo mato-grossense Mairson Santana diz que isso é perfeitamente possível. “Queremos mostrar aos pecuaristas que estão com problemas de pastos no Estado que é possível fazer a renovação da área, como era feito na década de 1970, quando se plantava arroz e se fazia o plantio de culturas no sistema de rotação”.
Ele explica: “É um sistema de renovação que já utilizamos há anos e que gera resultados imediatos. Comprovamos que na recuperação de pasto convencional, apenas replantando o pasto, o pecuarista leva em média quatro anos para recuperar o investimento, enquanto que com o plantio de arroz, ele paga todo o custeio e ainda tem lucro com a venda”, explica Santana, acrescentando que a média de produtividade chega a 70 sacas por hectare. De acordo com o agrônomo, o arroz é a cultura mais adequada para fazer a renovação de pastagem porque a planta tolera acidez e alumínio no solo.
“É uma alternativa para o criador recuperar a pastagem degradada, que é um dos gargalos atuais da pecuária em Mato Grosso”, destaca referindo-se a estudo apresentado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) que aponta 2,2 milhões de hectares de pastagem morta que demanda investimentos superiores a R$ 3 bilhões no Estado.
“Temos exemplos, casos bem sucedidos de produtores que tinham pasto degradado e estão recuperando a área com o plantio do arroz após o trato adequado da terra, que inclui destoca, gradagem, correção do solo (aplicação de calcário), adubação (fertilizante) e ainda aquisição de sementes e pagamento dos demais custos fixos e variáveis para plantio, inclusive máquinas, operadores e combustíveis”. No final, o custo por hectare chega a cerca de R$ 1,8 mil. Plantando o arroz no primeiro ano após a renovação da pastagem, o produtor vai colher em torno de 70 sacas de arroz que, vendidas ao preço médio de R$ 30/saca, vai gerar uma renda bruta de R$ 2,1 mil, ou rentabilidade líquida de R$ 300/hectare. “Com o dinheiro do arroz o pecuarista paga a recuperação das pastagens e ainda consegue auferir renda. Depois, é só semear capim e formar as invernadas para criação de gado”, ensina.
Segundo Maison Santana, 68% dos pecuaristas mato-grossense têm problemas de pastos degradados e que necessitam de reforma.
Segundo os pesquisadores, a integração lavoura-pecuária na recuperação e renovação de pastagens pode ser aplicada nos casos em que lavouras e pastagens anuais são utilizadas como intermediárias na recuperação ou renovação de pastagens. “Sistemas integrados de rotação de lavouras e pastagens têm-se mostrado eficientes na melhoria das propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, quebra de ciclos de doenças, controle de invasoras, melhorando e mantendo a produção animal e de grãos, com fluxo de caixa mais freqüente ao produtor, criando novos empregos, e melhor sustentabilidade da produção agropecuária”, explica o agrônomo Valdir Macedo Dias.