Sistemas de produção levam desenvolvimento sustentável para lavoura
Os sistemas de produção, que permitem a colheita de duas safras de soja no mesmo verão, intercalam o plantio de soja com variedades que recuperam o terreno, como arroz, feijão, milheto e o pé de galinha.
Agricultores de vários estados do Centro Oeste e Norte do Brasil constataram um exemplo de que o agronegócio tem à sua disposição mecanismos que o fazem caminhar junto com a preservação ambiental e o deixam sustentável. Em Sinop, no 15º Dia de Campo da Agro Norte, 900 pessoas tiveram acesso aos resultados de 10 anos de pesquisa que levam desenvolvimento às lavouras, beneficiando o solo e otimizando o uso de áreas já cultivadas.
Os sistemas de produção, que permitem a colheita de duas safras de soja no mesmo verão, intercalam o plantio de soja com variedades que recuperam o terreno, como arroz, feijão, milheto e o pé de galinha. Fazendo a rotação dessas culturas periodicamente, diminui-se a necessidade do uso de produtos químicos na preparação dessas áreas.
O arroz, muito utilizado na recuperação de pastagens, agrada aos ambientalistas e gera resultados satisfatórios para o produtor rural, que além de reformar o pasto, no caso da pecuária, e renovar o solo, no caso da agricultura, oferece uma segunda fonte de renda.
Na agricultura
Para o engenheiro agrônomo doutor em Produção Vegetal e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rogério Machado, quando se fala em segurança alimentar, esses sistemas de produção que utilizam o arroz e o feijão, principalmente, têm papel extremamente relevante.
“O arroz e o feijão são produtos nobres da nossa dieta diária. A produção desses grãos intercalada com o cultivo da soja é muito importante, porque nós conseguimos acrescentar dentro de um sistema de produção que atende a um tipo de mercado, o aumento da produção de outros dois produtos que são fundamentais na mesa de qualquer brasileiro”, enfatizou Machado.
Além de quebrar a monocultura da soja, o professor destacou que os sistemas de produção reduzem os custeios de plantio, pois recupera o solo.
“Temos benefícios mútuos com essas técnicas. Um deles é a garantia da biodiversidade, resultado da rotação de cultivares, que quebra consideravelmente o ciclo de pragas que atingem as lavouras e também melhora a carga de nutrientes no solo”, explicou.
Na pecuária
A abertura de novas áreas para o setor agropecuário é alvo de várias discussões entre ambientalistas, autoridades políticas e a classe produtora. O problema se agrava quando o pasto das fazendas morre e precisa de recuperação para manter a produção em alta sem ter que desmatar.
Em Mato Grosso, alguns produtores amenizam o problema com a integração entre lavoura e pecuária utilizando o arroz Cambará na recuperação de pastagens. A técnica tem custo menor do que as tradicionais usadas na reforma do pasto e ainda pode gerar lucro ao pecuarista.
“Em média se gasta R$ 1 mil por hectare para recuperar um pasto utilizando os sistemas tradicionais. Com o plantio do arroz o produtor reduz significativamente esse custeio e com a própria produção do grão ele consegue cobrir esse gasto e ainda pode obter lucro com a venda da produção restante”, afirmou o engenheiro agrônomo Mairson Santana, acrescentando que em média o pecuarista irá colher 60 sacas de arroz por hectare.
O plantio do arroz ainda aumenta a carga animal por hectare, elevando o poder de uso do campo, o que diminuiu a necessidade de abertura de novas áreas para a pecuária no estado.
“São alternativas que atendem aos preceitos da sustentabilidade. São sustentáveis para o meio ambiente porque aumentam a produtividade na mesma área e recuperam o solo de forma natural, são sustentáveis economicamente porque aumentam a renda e diminuem custos nas propriedades e são sustentáveis socialmente porque geram mais emprego de qualidade”, finalizou Santana.