Qualidade da matéria-prima impulsiona setor produtivo do arroz em Mato Grosso
O assunto foi apresentado e debatido em um encontro entre representantes do Sindicato das Indústrias da Alimentação de Rondonópolis e Região Sul de Mato Grosso (Siar/Sul), do Sebrae-MT e do Sindicato da Indústria do Arroz (Sindarroz-MT).
Pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão de Goiânia anunciaram que a produção de arroz de Mato Grosso tem superado as expectativas no quesito qualidade, após um diagnóstico feito dentro do projeto “Desenvolvimento de tecnologias para a cadeia produtiva do arroz de terras altas em Mato Grosso”. O investimento em qualidade na produção, inclusive em novas variedades e manejo da cultura, é apontado com um dos principais fatores da melhoria do grão produzido.
O assunto foi apresentado e debatido em um encontro entre representantes do Sindicato das Indústrias da Alimentação de Rondonópolis e Região Sul de Mato Grosso (Siar/Sul), do Sebrae-MT e do Sindicato da Indústria do Arroz (Sindarroz-MT).
O Mato Grosso produziu cerca de 600 mil toneladas do produto na última safra, que pode ser considerada boa devido ao aumento da produtividade das lavouras e da qualidade da matéria-prima, principalmente em relação ao percentual de grãos inteiros após o beneficiamento do produto. Essa conquista tem demandado novas ações, uma vez que o mercado no estado absorve aproximadamente 300 mil toneladas.
A comercialização do excedente é um desafio que vem exigindo a integração de diferentes atores da cadeia produtiva, catalisados no momento pelos empresários da indústria do arroz no estado. Os beneficiadores acreditam ser possível galgar novos mercados para a comercialização do produto.
“O projeto de desenvolvimento de tecnologias para a cadeia produtiva do arroz em Mato Grosso contribuiu para resolver um grande gargalo que a indústria tinha, que era ter matéria-prima de qualidade, e o desafio atual é abrir novos mercados para o excedente. Agora precisamos partir para a estratégia de desenvolver mercado com esse novo produto que surge, que é de alta qualidade”, avalia o empresário Mauro Cabral que é diretor do Siar-Sul e vice-presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).
De acordo com Cabral, houve perda do mercado no Nordeste e dificuldades com estados vizinhos, como Goiás, que era um grande comprador do grão mato-grossense, mas que passou a tributar a entrada do produto naquele estado o que encareceu o custo do grão.
Este ano um fator adicional é o aumento da produção no Sul e conseqüente redução de preço. Além disso, o diretor avalia que a queda nos preços do arroz no Rio Grande do Sul, devido a maior produção, aumentou a competitividade. Isso porque apesar de ter melhorado em qualidade, Mato Grosso manteve a produtividade.
Este ano um fator adicional é. Além disso, o diretor avalia que outra contribuição do projeto foi aumentar a sustentabilidade da orizicultura mato-grossense, visto que mesmo que com o aumento da produção no Sul e conseqüente redução de preço, o arroz de Mato Grosso continua sendo competitivo. Atribui esse fato à melhoria da qualidade e produtividade.
“A indústria tem que se organizar e aproveitar o resultado da safra e reconquistar o mercado fora do Estado de Mato Grosso”, diz Cabral.
Segundo o proprietário da beneficiadora Agroindustrial São Paulo, localizada em Rondonópolis, Ademir Boencio “Hoje a gente já tem a evolução do produto, já ganhamos em qualidade, aquilo que não tínhamos. Agora é trabalhar a parte de vendas a dificuldade nas vendas externas passa obrigatoriamente pelo problema de logística no Estado”.
Boencio alerta que na época da safra, o frete vai lá nas alturas porque a concorrência com a soja e outros produtos é muito grande. Temos que procurar alternativas e criar um modal de transporte, alguma coisa diferente até para reduzir esse custo”, avalia o empresário.
Na avaliação do analista da Embrapa Arroz e Feijão de Goiânia, Carlos Magri cada um tem que dar uma parcela de contribuição para superar o que considera um ‘momento sui generis’. “É um momento sui generis porque oferta de produto com qualidade, então esse é ponto positivo. O ponto crítico é que essa situação de certa forma pegou todo mundo de surpresa e hoje tem que se buscar os mercados, sem deixar que o preço caia muito para não desanimar o produtor”, desafia o pesquisador.
Ainda na opinião do analista, esse panorama é propício para que a cadeia produtiva se reúna para equacionar essas e outras questões importantes. “Isso implica o desenvolvimento da cadeia, por meio do diálogo, capacitação, treinamento de técnicos para termos pesquisas e encontrar sistemas produção mais adequados para a realidade”.