Produtores de arroz esperam preços 82% maiores no ano

Depois de enfrentarem valores na casa de R$ 17 a saca em 2011, os rizicultores brasileiros acreditam que o produto chegar a R$ 31 durante o ano.

Ao fim de uma safra marcada por grandes volumes e a consequente desvalorização do arroz, os rizicultores iniciam a nova colheita com expectativa de haver equilíbrio entre a oferta e a demanda. A produção é estimada em 11,3 milhões de toneladas do grão, com área de plantio reduzida por conta da última temporada.

Os preços – motivo de preocupação do segmento durante o ano passado – devem se manter acima do valor mínimo de R$ 26, podendo ultrapassar os R$ 30, segundo expectativas do mercado. Mesmo assim, o governo prevê a utilização de metade do estoque de passagem atual, que comporta 1,6 milhão de toneladas, e a importação de mais um milhão de toneladas de arroz.

"A previsão oficial está dentro da normalidade, considerando os problemas climáticos", disse o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha. "Ano passado produzimos dois milhões de toneladas a mais do que o consumo, e tivemos um achatamento de preços. O ideal seria termos uma oferta equivalente à demanda", disse.

E isso pode realmente acontecer no cenário atual, sem que haja a interferência de terceiros. O representante torce o nariz para o uso de estoques da União ("o ideal seria o governo não intervir no mercado") e é contra a importação de arroz de países do Mercosul, que pressionam os preços internos para baixo.

Em 2011, a rizicultura nacional produziu 13,6 milhões de toneladas, mas os preços despencaram até R$ 17, prejudicando os rizicultores. A queda, somada a importação de cerca de 750 mil toneladas de arroz, fizeram os produtores diminuírem a área de plantio. Para piorar, houve problemas climáticos, agravados pelo fenômeno La Ninã, em todas as regiões produtoras.

Seca gaúcha

A estiagem que afetou diversas culturas agrícolas no sul do País, nos últimos meses, também prejudicou a rizicultura, cujo consumo de água é um dos maiores de todas as lavouras. No Rio Grande do Sul, perderam-se 7,5% de área de plantio e 10% de produtividade, de acordo com o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira.

Em volumes totais, a quebra estimada é ainda maior: 18%. Os gaúchos esperam uma safra de 7,5 milhões de toneladas para este ano. "A oferta vai andar nessa faixa", diz Pereira. Mas os preços, na contramão, devem superar em muito os do ano passado, quando houve uma superprodução de arroz e "o governo fez a maior intervenção da história da rizicultura".

Se a saca (50 quilos) chegou a custar R$ 17 em 2011, o mesmo não deve ocorrer neste ano. "Achamos que o preço vai se manter firme, entre R$ 28 e R$ 31, com leve queda no período de colheita", afirma o representante. O preço mínimo do arroz, abaixo do qual o governo intervém nas cotações, é de R$ 25,80. Os gaúchos, portanto, estão tranquilos.

"Nós temos oferta suficiente para garantir a demanda de todo o País", afirmou Pereira, mas considerando dois fatores que vão além da própria produção: os estoques de passagem da União e a importação de países do Mercosul – Uruguai, Argentina e Paraguai, nesta ordem.

"[A estiagem] ajuda com os preços do arroz", disse o presidente do Irga. Outro aspecto favorável às cotações é o crescimento da demanda, considerado "vegetativo" pelo representante.

Perda de área

O rizicultor Walter Arns, que detém dois mil hectares em arrendamento na região de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, perdeu 10% da sua área produtiva em consequência da seca. "Com menos água, plantou-se menos", disse ele, "a estiagem fez com que houvesse uma redução na área plantada".

A colheita de Arns começará no dia 15, com produtividade a nível "normal" – nove toneladas de arroz por hectare -, como classificou o agricultor. "As lavouras que já começaram a colher deverão produzir menos, porque estão fora da época", afirmou.

Arns acredita que um plano do governo gaúcho posto em cogitação no ano passado vingará neste ano. "Acredito que, em função da quebra da colheita do milho, torne-se viável vender arroz para o consumo animal", declarou.

MT: alta produção

Apesar de uma redução de área significativa nas últimas três décadas, a produtividade do arroz triplicou no Mato Grosso. Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que na safra de 1977 o estado plantou 780 mil hectares e colheu 976,5 toneladas. Em 2000, já tendo diminuído a área plantada em mais de 300 mil hectares, rendeu 1,2 mil toneladas do grão.

5 Comentários

  • bem se valer entre 28, e 30,00 so vai dar pra empatar, pois este anos temos prorrogaçoes e contas atrasadas… mais tomara que estas noticias nao atissem a uniao, para largarem arroz no mercado se nao ja era, vamos rezar para estas previsoes se concretizarem…. todos nos precisamos muito de renda.

  • Tem notícias que são literalmente alarmistas, sensacionalistas, para não dizer plantadas, pois não gosto deste termo. A notícia acima só interessa a indústria e ao varejo!!! Alarmar aos sete cantos que o arroz irá valer R$ 31,00, quando o preço médio não alcançou R$ 25,80 ainda, é no mínimo de uma infelicidade tremenda…Isso as vésperas da colheita… Com isso está se plantando uma falsa idéia que faltará arroz no mercado, que não se pode elevar a TEC pois será preciso importar arroz, que o governo não precisará fazer leilões de compra e agf, mas sim de venda de estoques reguladores, que o consumidor será afetado com a inflação, enfim se está transmitindo que os produtores ganharão muito dinheiro esse ano… Ledo engano, se vendermos o arroz a R$ 31,00 estaremos apenas empatando com os custos desse ano…Se vendermos a R$ 35,00, a sobra será para pagar uma parte do tufo do ano passado…Além disso, a produtividade desse ano será bem menor!!! Então insisto: não a nada a se comemorar…Os leilões de pep e pepro tem que continuar, pois esse ano será produzido 11 milhões de toneladas, A TEC tem que ser elevada, as importações desestimuladas, os produtores tem que construir seus próprios depósitos…Com o preço interno acima de R$ 25,80 pouco exportaremos e, o governo com 2 milhões de toneladas nas mãos, o mercado pode ficar muito tumultuado no segundo semestre!!! Srs. produtores não se iludam e nem baixem a guarda…Te mexe produtor!!!

  • é so falar que o arroz vai a 31,00(50 kg), para nos aqui no tocantins 36,00(60kg), a casa cai,o pt importa,solta estoque etc… o arrozeiro tem de ser um escravo de sua produçao…e manter os eleitores de barriguinha cheia e quase de graça.

  • Seu Leo de Carvalho, o produtor alimento o povo com seu suor, sacrifício, patrimônio, com seu prejuízo.

    Sr. Flavio, concordo plenamento com o senhor, muitas notícias não estão de acordo com a realidade que passamos. Há poucos dia atrás, tentei vender um restinho de arroz que sobrou da safra passada e cotei em uma indutria da minha cidade, um arroz de 63 de grãos inteiros, variedade 423, me ofereceram R$24,00 por saco, hoje falam em R$26,00, mas estamos na véperas da colheita, imagina o senhor na plenitude da safra. Essas noícias é para insentivar as importações realmente. É impeioso a participação dos produtores em Restinga Sêca dia 25 próximo, pois lá vamos mais uma vez mostrar aos governos as medidas que precisam ser adotadas por eles para que não tenhamos um verdadeiro extermínio da classe arrozeira e a falência da econômia da nossa região. É importante nossa mobilixação, foi com ela que algo conseguimos ano passado, e poderemos conseguir mais este ano… mas isso depende da união da classe produtiva em uma só voz fazer o Rio Grande do Sul ser ouvido. TE MEXE PRODUTOR!!

  • A pedido do Deputado Estadual Jorge Pozzobom, Presidente da CPI do Arroz, em anexo, encaminhamos convite para a audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito do Arroz, a realizar-se a partir das 18h30min do dia 23 de fevereiro, no estande nº13 do Centro de Eventos do municipio de Restinga Seca, por ocasião da 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz.
    contamos com sua presença.

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