Muito além do PEP

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Brasil bate recorde e entra no rol dos seis maiores exportadores mundiais
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Maior produtor e consumidor de arroz fora do continente asiático, o Brasil alcançou o status de sexto maior exportador mundial no ano comercial 2011/12, com um recorde absoluto de embarques que chegou a 2,089 milhões de toneladas, em base de arroz em casca.

E melhor ainda: boa parte das exportações foi de arroz beneficiado, o que agrega emprego e renda às regiões produtoras e polos de beneficiamento. A política de comercialização adotada pelo governo federal para salvar os produtores do Sul do Brasil do prejuízo foi fundamental para que estes números fossem alcançados. O Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) foi o grande impulso para as vendas externas, com o objetivo de enxugar a oferta interna e recuperar preços ao produtor ao longo do ano no mercado brasileiro.

Mas dizer que o suporte aos preços garantiu a totalidade das vendas é simplificar demais e subestimar a capacidade da cadeia produtiva brasileira. É não perceber o histórico de uma década de busca pelo escoamento de excedentes, redução da ociosidade do parque industrial e que objetiva, nas operações internacionais, alcançar a renda que falta no competitivo mercado doméstico.

Há, por detrás destes números, mercados conquistados e consolidados pelo país, como o de quebrados de arroz para a África, que hoje representa cerca de 350 mil toneladas de vendas por ano e foi fidelizado graças não só aos preços, mas também pela qualidade diferencial do produto nacional frente aos seus concorrentes asiáticos, principalmente, e à rápida adaptação às necessidades logísticas.

Como novo integrante do seleto rol dos grandes exportadores, embora não tenha deixado o top 10 de importadores mundiais, o Brasil tem a característica de ajustar-se rapidamente para atender nichos específicos, em condições exigidas pelos clientes, num esforço por reduzir seus excedentes.

Para se ter uma ideia, somando importações e exportações dos últimos cinco anos, o Brasil tem um superávit comercial de 277 mil toneladas, apesar de ter fechado em déficit nos anos comerciais 2006/07 (756,5 mil toneladas), 2008/09 (13,6 mil) e em 2009/10 (417,4 mil). Em 2007/08, o Brasil alcançou 200 mil toneladas de superávit, que chegou a 1,26 milhão de toneladas em 2011/12. No total, o Brasil exportou 4,71 milhões de toneladas entre os anos comerciais 2006/07 e 2011/12 e importou 4,43 milhões, ambos em base casca. Perto de 97% deste volume tem como origem o Mercosul e, deste total, aproximadamente 75% entrou no Brasil como grão beneficiado.

Em 2010/11, o Brasil exportou 2.089,6 mil toneladas e importou 1.264,2, segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Nota-se, analisando os últimos cinco anos, que o Brasil alcança uma média próxima de 890 mil toneladas de importações anuais. A média de exportações é de aproximadamente 940 mil toneladas, mas há um diferencial.

Enquanto as importações se mantêm mais constantes, em volumes médios, entre o mínimo de 590 mil toneladas e o limite máximo de 1,07 milhão de toneladas, as exportações oscilam entre 313,1 mil toneladas e 2,089 milhões. Isso demonstra que o Brasil ainda é um exportador de oportunidade, que não mantém uma política constante para escoar seus excedentes.

Ainda assim, vale destacar que as exportações não só removeram do mercado o equivalente ao volume de arroz importado do Mercosul como o superávit de 200 mil toneladas é importante para o atual equilíbrio do mercado, mediante o enxugamento do estoque interno. É difícil imaginar em que situação estariam os preços domésticos se o Brasil mantivesse a importação média anual de quase 900 mil toneladas sem o proporcional escoamento.

FIQUE DE OLHO

No ano comercial 2012/13, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a exportação de 600 mil toneladas de arroz, em base casca, e a importação de 1,3 milhão de toneladas, pelo Brasil. O déficit estimado é de 700 mil toneladas, mas, como tem sido rotineiro, o setor discorda, e com razão. Só em março, o Brasil exportou quase 185 mil toneladas em base casca, quase um terço do que estima a Conab para o ano todo, sem PEP, e importou 120 mil toneladas, o que está ajustado com sua expectativa de importação. O setor projeta a venda externa de algo em torno de 1 milhão de toneladas e a cadeia produtiva pede garantias para o governo de que este volume será atingido, com a manutenção de mecanismos de comercialização, ou seja, o PEP e contratos de opção com recompra e repasse para exportação. No fechamento desta edição, em 7 de maio, o MDIC ainda não havia divulgado o volume exportado em abril.

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