Tem que ter os dois

 Tem que ter os dois

Desafio: consumidor precisa saber do potencial nutritivo do arroz e do feijão

Campanha nacional propõe trazer o arroz e o feijão de volta à mesa dos brasileiros
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Sozinhos, eles passam a sensação de que está faltando alguma coisa. Juntos, são sinônimo de sabor indiscutível e proporcionam um invejável arranjo de nutrientes. Estamos falando do arroz e do feijão, esta dupla imbatível que constitui a base da alimentação brasileira, mas que precisa se reinventar para voltar a ocupar seu merecido espaço na mesa do consumidor.

Este é o ponto de partida da campanha nacional proposta pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e desenvolvida em parceria com a Agência Pública Comunicação. O objetivo é incentivar o aumento do consumo de arroz e feijão, alimentos que vêm perdendo espaço na preferência dos brasileiros devido a fatores que vão desde o corre-corre da vida moderna ao apelo das redes fast food e de outros produtos com valor agregado.

O projeto da campanha foi apresentado no 3º Fórum do Arroz, transmitido pelo Canal Rural diretamente da 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Restinga Seca (RS), em fevereiro deste ano. A iniciativa também conta com o apoio do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Para o presidente da Federarroz, Renato Rocha, o maior desafio da campanha é quebrar o mito de que arroz e feijão é comida de pobre. “A população mais jovem desconhece que a dupla arroz e feijão tem valor nutricional. Então, é preciso resgatar essa virtude”, observa o diretor da Agência Pública, José Luiz Monteiro Fuscaldo.

Conforme Renato Rocha, o consumo do cereal no país está estimado em 45 quilos por habitante ao ano (ou 125 gramas por dia), o que reforça a necessidade de se criar uma campanha nacional de incentivo ao consumo envolvendo toda a cadeia produtiva e governo federal. “Se cada brasileiro comer uma colher de arroz a mais é possível equilibrar o consumo à produção”, calcula.

O dirigente explica que este é o único ponto da pauta de reivindicações do setor que ainda não recebeu a devida atenção do governo federal. A Federarroz deverá agendar ainda para o mês de maio uma reunião em Brasília com o ministro da Agricultura para definir como será a atuação do Mapa frente a este pleito, principalmente no que diz respeito à captação de recursos para a campanha. “A classe produtora, as entidades representativas do setor e a iniciativa privada estão mobilizadas, mas precisamos de uma posição do ministério para montar um plano de ação e dar o ponta-pé inicial nos trabalhos”, informa Rocha.

O ponto forte da campanha – que compreende spots na TV, rádio, internet, pontos de venda como supermercados, outdoors, mídia on-line (internet) e cartilhas para formadores de opinião – está no apelo ao segmento feminino, que tem poder de decisão quanto ao que pôr na mesa. As peças publicitárias estão baseadas em frases de efeito como “Tem que ter os dois”, “Comida de mãe” e “Amor que alimenta”.

O presidente do Irga, Cláudio Pereira, é um dos entusiastas desta iniciativa, mas reconhece a complexidade do trabalho a ser realizado. “O desafio está na concorrência com as grandes redes de fast food”, alerta. Pereira cita como exemplo o case da cadeia da carne suína, que conseguiu reverter um quadro de estagnação semelhante e inaugurou um novo paradigma para o segmento, ampliando o consumo no país e as exportações.

Ele também sugere a criação de um fundo para dar mais flexibilidade e viabilizar a campanha financeiramente envolvendo produtores, indústrias, governos estaduais e federal. Para Cláudio Pereira, o trabalho deve prever a realização de uma pesquisa qualitativa para identificar os pontos-chave da queda no consumo do arroz, que serão fundamentais para o sucesso da campanha.

Parceiros que se completam

O arroz contém metionina e o feijão, lisina – aminoácidos que compõem um importante perfil proteico. O arroz possui ainda várias vitaminas do complexo B, carboidratos, cálcio e folato (ácido fólico). E o feijão, por sua vez, é rico em proteína, ferro, vitaminas do complexo B e demais minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo.

A parceria também é responsável por manter o equilíbrio no índice glicêmico. Enquanto o arroz pode ocasionar aumento nas taxas de açúcar e insulina, o feijão é responsável por conter esse efeito. A dica é colocar três colheres de arroz para uma de feijão. A chefe geral da Embrapa Estudos Estratégicos e Capacitação, Beatriz da Silveira Pinheiro, é uma das grandes defensoras da dupla arroz e feijão na mesa brasileira. Ela já dirigiu a Embrapa Arroz e Feijão, onde lançou a campanha: Arroz e Feijão – O Par Perfeito, com grande êxito para colocar o tema na pauta da sociedade brasileira.

Ela também foi importante para fundamentar tecnicamente a campanha proposta pela cadeia produtiva ao governo federal, pelo vasto conhecimento científico sobre o assunto. Tanto que durante a Abertura Oficial da Colheita do Arroz recebeu o troféu Mulher do Arroz, da Federarroz e da Associação de Arrozeiros de Restinga Seca (RS), em reconhecimento ao seu trabalho em defesa do setor e em prol do arroz.

Programa da Rede Globo divulga benefícios da dupla

O programa Bem Estar, da Rede Globo, exibido no dia 11 de abril abordou os benefícios do feijão com arroz, destacando como o hábito de misturar os dois alimentos pode facilitar a digestão de vitaminas e proteínas vegetais. A nutricionista Sônia Tucunduva respondeu a perguntas dos telespectadores e deu dicas sobre como melhorar a alimentação e turbinar ainda mais o preparo da dupla mais consumida pelos brasileiros.

A direção da Federarroz elogiou a iniciativa da Rede Globo por sua contribuição para o aumento de consumo do arroz e feijão: “A veiculação do programa representa um importante incentivo às ações conduzidas pela entidade em prol de uma campanha nacional para resgatar o hábito do consumo destes dois alimentos, cujo tema foi objeto de debate durante a 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Restinga Seca (RS)”, analisa Renato Rocha.
O vídeo completo com a reportagem está disponível para acesso pelo site www.g1.globo.com/bemestar e também no site da Federarroz, em www.federarroz.com.br.



Beatriz:
destacada pela cadeia produtiva pelo trabalho em prol destas culturas

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