Tailândia faz relatório sobre programa de hipoteca

Na tentativa de fortalecer o mercado de arroz do país, o governo tailandês vem discutindo há um bom tempo algumas formas de cooperação de comércio com o Vietnã e assim neutralizar a concorrência.

O programa de hipoteca de arroz do governo tailandês tem gerado muita discussão política no país, o que incentivou o Senado a fazer relatório sobre o programa, citando os principais pontos falhos. O primeiro ponto crítico abordado são as perdas financeiras do país, que deverá alcançar aproximadamente US$ 13 bilhões em comparação com o período anterior. Além disso, as exportadoras também apresentaram acumulo de prejuízos, que foram mensuradas em cerca de US$ 2,3 bilhões. A terceira crítica é que somente os grandes produtores estariam se beneficiando do programa, enquanto que os menores e mais pobres estariam na mesma condição ou pior.

Outro fator negativo é que se o governo pretendesse vender neste momento 10 milhões de toneladas dos estoques com preços inflacionados pelo programa, a perda seria próxima a US$ 3 bilhões. Por fim, o produto teria perdido qualidade ao longo do tempo. As informações constam na publicação semanal de SAFRAS & Mercado, realizada pelo analista Eduardo Aquiles.

De acordo com a Associação dos Exportadores de Arroz da Tailândia as vendas externas de arroz entre os dias 01 e 24 de outubro deste ano totalizaram 401,9 mil toneladas apresentando acréscimo de 9,2% sobre o montante vendido em igual período de 2011 que foi de 367,9 mil toneladas. Entretanto, em 2012, até o dia 24 de outubro, o total de exportações foi de 4,029 milhões de toneladas ficando 46,5% abaixo das vendas em mesmo momento de 2011 que foi de 7,539 milhões de toneladas exportadas.

Na tentativa de fortalecer o mercado de arroz do país, o governo tailandês vem discutindo há um bom tempo algumas formas de cooperação de comércio com o Vietnã e assim neutralizar a concorrência. O principal objetivo dos países é estabilizar os preços mundiais do cereal e evitar o "dumping" de preços. A primeira proposta seria partilhar os mesmos preços entre os dois países de modo que nenhum dos dois baixe os preços. Outra proposta seria a anulação de tarifas de exportação para países ditos de "terceiro mundo". A Tailândia também seria responsável pela construção e instalações de armazéns e de beneficiadoras para melhorar a qualidade do produto vietnamita. Até o momento, apenas Tailândia, Birmânia (Mianmar) e
Filipinas concordaram em formar o cartel, enquanto que Vietnã e Camboja estavam fora dos planos.

Porém, um economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Tailândia afirmou que o cartel não teria sucesso, pois o arroz não pode ser armazenado por tempo indeterminado, ao contrário do cartel do petróleo (OPEP). Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), atualmente, Tailândia e Vietnã são responsáveis por aproximadamente 41,2% de toda a exportação global. No entanto, os valores pagos na Tailândia seguem bem acima do praticado no Vietnã. No momento, a cotação média na Tailândia para o arroz com 5% de quebrados é de US$ 572 por tonelada, ficando praticamente estável em comparação com o valor pago há um mês e 6,9% abaixo do preço médio de um ano atrás, que era de US$ 615 por tonelada.

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