De um extremo a outro

 De um extremo a outro

Queda da ponte sobre o Rio Jacuí, na RS 281: imagem das perdas causadas pelo El Niño

El Niño trará chuvas
acima da média
na época de plantio

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Após ser castigada pela mais séria estiagem das últimas décadas, sob influência do fenômeno climático La Niña, a lavoura arrozeira do Sul do Brasil, que representa 75% da produção nacional, enfrentará o outro extremo. Está confirmada pelos meteorologistas a transição do clima mundial para o fenômeno El Niño, que provoca chuvas muito acima da média nesta região. Ao invés de trazer alívio aos arrozeiros, cujas barragens – e mesmo os rios – estão com níveis muito abaixo da normalidade, a situação preocupa.

Isso porque as chuvaradas chegarão exatamente na época de plantio, entre setembro e novembro, e devem atrapalhar esta etapa do cultivo, afetando produtividade e produção regional. Historicamente, as mais baixas produtividades da lavoura arrozeira do Sul estão associadas com as safras sob o efeito deste fenômeno. Os técnicos recomendam o preparo antecipado do solo, uso de sistemas de cultivo de menor dependência do clima – como pré-germinado -, bom preparo das lavouras, atenção especial aos canais e sistemas de drenagem e o adequado planejamento da lavoura. É preciso estar atento, pronto, e aproveitar uma fresta de tempo seco para proceder a semeadura.

Neste ano, a preocupação é dupla: em primeiro lugar no dimensionamento da lavoura, pois a disponibilidade dos reservatórios é baixa. Em um segundo instante porque um El Niño mais forte atrasará o plantio, consumirá insumos em enxurradas, obrigará ao replantio em algumas áreas e trará dias nublados e úmidos, que têm direta relação com a perda produtiva e o surgimento de doenças fúngicas na lavoura.

SOJA – Este quadro também deve aumentar os riscos para as culturas alternativas plantadas nas várzeas gaúchas: soja e milho. Estima-se que o Rio Grande do Sul plantará mais de 200 mil hectares de soja em várzeas e pelo menos 3 mil hectares de milho. Estas plantas são menos resistentes ao estresse hídrico por excesso e tendem a responder com baixa produtividade. Drenagem e cultivo em sistema de camalhão são algumas das recomendações técnicas.

FIQUE DE OLHO

O episódio mais recente de El Niño sobre a safra de arroz trouxe graves prejuízos ao setor. Foi na safra 2009/10, quando um aquecimento acima da média histórica do Oceano Atlântico potencializou ainda mais a concentração de umidade sobre o Rio Grande do Sul. O diretor de comunicação da MetSul Meteorologia, Alexandre Aguiar, lembra que, historicamente, o fenômeno não é favorável à produção de arroz, pela alta incidência de chuvas e baixa luminosidade. Segundo ele, a safra 2009/10 foi atingida pelo El Niño mais forte deste século e o mais intenso desde aquele que atingiu a Região Sul no biênio 1997/98, que foi um “super El Niño”. Essa condição gerou mais precipitações no Oeste, Metade Sul e Depressão Central gaúcha, determinando prejuízos ao setor arrozeiro, perdas severas em lavouras por alagamento prolongado ou enxurradas e até a queda da ponte da RST 281, sobre o Rio Jacuí, entre Restinga Seca e Agudo (RS). Este acidente causou a morte de cinco pessoas.

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