A gente não quer só comida
Não é porque os preços estiveram melhores em 2012 que o produtor tem o direito de se acomodar
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Não é porque os preços estiveram melhores em 2012 que o produtor tem o direito de se acomodar, e essa é uma lição que já aprendeu com o tempo e as inúmeras crises que viveu. O desequilíbrio nas relações comerciais do Mercosul segue sendo uma ameaça e o fardo das dívidas agrícolas retira cada vez mais a possibilidade do arrozeiro ter renda. Quando o preço está bom, no lugar de investir em estrutura e qualificação da sua produção e propriedade, ele precisa amortizar dívidas, pagar atrasados, responder a juros de mercado – caso de muitos produtores que não têm acesso ao crédito oficial subsidiado. Além disso, mais de 70% do arroz gaúcho continua sendo depositado nas indústrias, sejam elas empresas privadas ou cooperativas, e isso retira do agricultor o poder de comercializar seu grão quando e como quiser.
Os arrozeiros estão acostumados a pedir socorro emergencial ao governo, mecanismos de produção, solução para quebras por seca ou enchentes, casos muito específicos. Agora que os preços de mercado estão adequados à produção, para quem conseguiu segurar arroz para comercializar no segundo semestre, já que os produtores mais descapitalizados entregaram todo o produto na safra, é preciso que o governo federal responda com medidas estruturantes para esta cadeia produtiva e com a redução das vantagens competitivas de nossos principais concorrentes. A volta do PIS/Cofins sobre o arroz importado, a renegociação das dívidas agrícolas, o próprio estabelecimento de cotas de importação e linhas de financiamento mais eficazes para a armazenagem são medidas que podem fortalecer o setor, tornar este mercado mais justo e assegurar um futuro melhor para a orizicultura nacional.
Boa leitura e boa safra!