Arroz: preços mundiais se mantêm globalmente estáveis

Segundo a FAO, a produção mundial em 2012 aumentou ligeiramente 0,9% para 730,2 milhões de toneladas .

Em fevereiro, os preços mundiais se mantiveram globalmente estáveis, mas com contrastes entre os diferentes mercados. Na Ásia, predominam mercados-compradores em função de abundantes disponibilidades exportáveis, ainda que no continente americano os movimentos sejam dirigidos por mercados-vendedores, devido a menores disponibilidades e a uma forte demanda regional.

Os preçosde exportação devem, assim, se manter elevados nos Estados Unidos e no Mercosul, enquanto na Ásia a tendência baixista deva continuar por causa da severa competição entre os principais exportadores. A redução do comércio mundial em 2013, devido ao declínio da demanda asiática e africana, se esta se confirmar, vai provavelmente pesar na evolução futura para baixo dos preços internacionais.

Em fevereiro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) recuperou 2,1 pontos para 238,8 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 236,7 pontos em janeiro. No início de março, o índice IPO marcava 240 pontos.

PRODUÇÃO E COMÉRCIO MUNDIAIS

Segundo a FAO, a produção mundial em 2012 aumentou ligeiramente 0,9% para 730,2 milhões de toneladas (487Mt base arroz branco) contra 723,7Mt de arroz em casca em 2011. Esta estabilidade se deve ao equilíbrio entre as colheitas asiáticas. Bons resultados na China (+1,6%) têm compensado o declínio da produção na Índia (-4%). Na África, a produção cresce, sobretudo no Egito, onde se anuncia o grande retorno ao mercado de exportação. Na África subsaariana, a produção aumentou também, sobretudo nas regiões ocidentais. Na América do Sul, e especialmente no Cone Sul, a produção pode baixar 10% devido ao declínio das áreas arrozeiras.

O comércio mundial alcançou novo recorde em 2012, com um volume de 37,8Mt, ou 4% mais que o recorde anterior de 2011. Em 2013, as previsões indicam uma redução da demanda asiática e africana, o que deve induzir a uma queda de 2% nos intercâmbios globais para 37Mt. Este volume representa, não obstante, um nível bem superior à média dos três últimos anos.

Os inventários mundiais de arroz no final de 2012 alcançaram o mais alto nível histórico, 160Mt, um incremento de 11% em relação a 2011. As perspectivas para 2013 indicam uma nova alta para 171Mt (+7%). Estas reservas representariam assim 36% das necessidades mundiais, seja a mais alta relação observada nos últimos dez anos.

Mercado de Exportação

Na Tailândia, os preços tenderam a baixar levemente, mas ainda se encontram elevados quando comparados aos principais competidores, sobretudo o Vietnã, com o qual o diferencial de preço alcança US$ 145/t. As exportações tailandesas se mantém ativas desde o início do ano, e cresceram um terço em relação à mesma época do ano passado. As autoridades esperam reativar os contratos de Goberno a Goberno para se desfazer da montanha de arroz acumulada desde outubro de 2011.

A gestão dessas reservas, que poderiam ainda aumentar 40% em 2013, é um abismo financeiro para o orçamento público. Vários analistas estimam que o governo terá que vender com prejuízos. Em fevereiro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 563/t Fob contra $ 564 em janeiro. O Tai Parbolizado se reafirmou em $ 578/t contra $ 576. O quebrado A1 Super subiu para $ 530/t contra $ 524 anteriormente.

No Vietnã, os preços do arroz de alta qualidade se mantiveram estáveis, ao passo que os arrozes de baixa qualidade caíram sob pressão da competição indiana e paquistanesa. A demanda se reativa e as exportações vietnamitas mostram vigor, subindo 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em fevereiro, o Viet 5% permaneceu estável a $ 403/t. O Viet 25%, por sua vez, caiu para $ 365/t contra $ 370 em janeiro.

Na India, os preços de exportação subiram com o impulso dos preços internos mais altos. Não obstante, eles se mantêm competitivos graças à depreciação da rupia frente ao dólar. As
exportações em 2013 deveriam baixar 20%. Esta retração se deve em grande parte ao declínio das importações na África subsaariana, onde os mercados se encontram jà bem abastecidos.

A India deve, sem embargo, permanecer entre os três principais exportadores mundiais. Em fevereiro, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 446/t contra $ 431/t em fevereiro. O arroz indiano 25% registrou $ 394/t contra $ 386 anteriormente.

No Paquistão, os preços aumentaram 2% em um mês. O mercado de exportação se mostra particularmente ativo desde o início do ano. As vendas aumentaram 50% em janeiro em relação a dezembro e 230% em comparação a janeiro de 2012. Estas constituem um novo recorde mensal depois do recorde anterior, em dezembro de 2011. Em fevereiro, o Pak 25% foi cotado a $ 370/t contra $ 363/t em janeiro. No início de março, este era cotado em
torno de $ 380.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação se mantêm firmes em função de escassas disponibilidades. O mercado de exportação se mostrou pouco ativo com vendas em fevereiro que alcançaram cerca de 250.000 t contra 350.000 t em janeiro. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros, após um período de alta no início do mês, tendem a baixar desde meados de fevereiro, sob pressão de ofertas mais abundantes. No início de março, os preços futuros do
arroz em casca norte-americano registravam cerca de $ 340/t. Em fevereiro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou, por sua vez, $ 620/t contra $ 611 em janeiro.

No Mercosul, os preços de exportação continuam estáveis dentro de um mercado mais ativo. As exportações crescem no Uruguai. No Brasil, a valorização do real frente ao dólar obriga o setor arrozeiro a baixar os preços internos para manter a competitividade. O preço indicativo do arroz em casca brasileiro tende a declinar, marcando em torno de US$ 330/t no final de
fevereiro contra $ 345 no final de janeiro. As projeções de exportação do Mercosul em 2013 foram rebaixadas em razão de um decréscimo na produção arrozeira. Por meio de substituições de cultivos, os produtores preferem plantar soja e milho, atualmente mais rentáveis.

Na África subsaariana, as previsões de importação em 2013 indicam uma queda de 10% para 11 Mt contra 12Mt em 2012. A Nigéria, primeiro importador mundial, espera reduzir significativamente suas importações (-20%) graças a um incremento de sua produção e a uma elevação das tarifas de importação. Nas demais partes do continente, como na Costa do
Marfim e Senegal (segundo e terceiro importadores africanos), as importações devem baixar também graças a condições climáticas favoráveis para a produção. Por outro lado, na África austral, e sobretudo na África do Sul, a demanda de importação pode aumentar novamente e alcançar 1Mt em 2013.

Quadro de Oferta e Demanda Mundial (Em milhões de t)

                       Produção
País              Beneficiado                    Exportações            Estoques

                       2012       2013               2012           2013p      2013p

Mundo          484,3      488,6               37,8            37,0          171,6
China           138,8      141,0               0,3               0,3             84,7
Índia             104,3      100,0               10,0             7,5             24,0
Indonésia     41,4        43,2                   –                  –                 6,3
Vietnã            28,2        29,1                 7,7              7,5              2,9
Tailândia       23,4        25,1                 6,7              7,7             13,0
Brasil             9,1          7,8                   1,2              0,9              0,7
EUA                5,9         6,4                    3,3              3,5              1,3
Paquistão     6,2         6,3                     2,9             3,3               0,6

Fontes: FAO & USDA, Fevereiro 2013
Patricio Méndez del Villar, 8 de Março 2013

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