Mainardi lidera missão gaúcha de cooperações agrícola e tecnológica

As relações comerciais entre Brasil e Nigéria centram-se nas exportações brasileiras de arroz e açúcar e na compra de petróleo nigeriano para abastecimento do mercado nacional.

Acompanhando estratégia de política externa do governo Federal, missão do governo do Estado, liderada pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, viajou hoje (26), para a Nigéria, na África. A escolha dessa região não se deu por acaso.

Em 2005, com a transferência da embaixada da Nigéria para Abuja, ocorre visita do então presidente Lula ao país, oportunidade em que o governo brasileiro firma Protocolo de Intenções e Cooperação Técnica na área de agricultura.

O documento previa o compromisso recíproco para o desenvolvimento de sistemas de produção e processamento de mandioca, trigo, arroz, frutas tropicais e silvicultura; a produção de hortaliças; os sistemas de produção de milho; a utilização e o manejo sustentáveis do solo, dos recursos naturais e o zonamento agrícola; além da perspectiva de cooperaão em áreas como a pecuária, pesca, mecanização da agricultura, processamento, armazenagem e marketing. “E o Rio Grande do Sul, em especial, atua na vanguarda de todos os setores contemplados no acordo”, diz o secretário Mainardi. Mais de 30 pessoas o acompanham na missão, que tem duração de uma semana.

O doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa e professor assistente da Universidade Federal do Sergipe, Júlio Cóssio Rodriquez, diz que as relações comerciais entre Brasil e Nigéria centram-se nas exportações brasileiras de arroz e açúcar e na compra de petróleo nigeriano para abastecimento do mercado nacional.

“A dependência das exportações de petróleo afetam a economia nigeriana de forma definitiva, que necessita firmar parcerias para superar esta dependência. E é ao que também se propõe essa missão do governo do Estado do RS”.

Mainardi acredita que estreitar as relações entre os dois países, ainda que o Estado tenha afinidade em questões prioritárias, vai além de acordos técnico-comercias. A questão social, fala Mainardi, é um ponto central de cooperação.

O professor UFS aponta que a democratização recente confere dificuldades de legitimidade e de estabilização políticas dos governantes. Lembra que os conflitos por domínio territorial e soberania estatal sobre os recursos naturais marcam as zonas próximas ao Saara; além da pobreza, que atinge cerca de 65% da população, e a miséria, que domina grandes regiões do país. “Assim, a soberania alimentar é essencial para a garantia da sustentabilidade da sociedade nigeriana”, diz o pesquisador.

Potencial agrícola e a experiência gaúcha
Apenas 35% do potencial agrícola da Nigéria é utilizado. A ampliação é projeto do governo nigeriano e o modelo a ser seguido pode ser o brasileiro, principalmente pelo exemplo da Embrapa. Com essa perspectiva, diz Mainardi, os governos Federal e do Estado têm papel fundamental na cooperação agrícola e tecnológica. “As áreas envolvidas permitem que o Rio Grande do Sul seja o protagonista neste relacionamento, pois a experiência do estado nas áreas relacionadas no protocolo de cooperação é reconhecida nacionalmente”.

A produção de arroz, milho, frutas, hortaliças, maquinário, processamento, mas também na pesca, pecuária e na armazenagem podem auxiliar o país africano a resolver seus problemas sócio-econômicos e aproximar ainda mais o Brasil dos vizinhos do Atlântico Sul, ressalta o doutor em relações internacionais: “O Rio Grande do Sul esteve na vanguarda da política externa quando o Mercosul estava em franco crescimento; sua estagnação, porém, trouxe um distanciamento do estado das relações internacionais do país. Entretanto, a perspectiva de cooperação e de ampliação das relações com os países africanos, que serão os que concentrarão o crescimento econômico de longo prazo, pode colocar o estado novamente na agenda externa do Brasil”, avalia.

PIB da agricultura nigeriana em expansão
O atual PIB agrícola da Nigéria gira em torno de US$95 bilhões. De acordo com dados do governo nigeriano pode expandir-se até US$245 bilhões. “Este salto de produtividade só pode ser alcançado com a colaboração técnica e tecnológica do Brasil, em especial do Rio Grande do Sul”, diz Cóssio.

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