Ano de bons resultados com a soja e o arroz na Região Central

Crescimento na produtividade foi 6% no arroz e de 103% na soja em relação à safra 2011/2012.

O clima ajudou nos bons resultados da safra 2012/2013, mas poderia ter sido melhor para as culturas de arroz e soja na Região Central. Porém, em relação à colheita passada, marcada por perdas devido à estiagem, a safra que se encerrou marca a retomada dos investimentos para os agricultores da região. Isso porque a área plantada foi maior, assim como o preço dos grãos e a produtividade: 6% a mais no arroz e 103% na soja.

Nas lavouras de soja de Cruz Alta, segundo maior produtor do Estado, com 90 mil hectares plantados, a produtividade foi quase 12% maior do que a média histórica da região. De forma geral, os produtores colheram cerca de 2.760 kg por hectare, resultado atribuído às melhorias tecnológicas e de manejo. Em Santa Maria, a produtividade foi um pouco menor, em torno de 2.700kg por hectare.

– Quem plantou tarde teve perdas devido ao excesso de chuvas de janeiro, que deixou as plantas mais expostas a doenças – explica o engenheiro agrônomo da Emater de Santa Maria, Mário Oneide Ribeiro.

O investimento em aumentar a área plantada em cerca de 44% está sendo compensado pela venda com bom preço. Quem se adiantou e comercializou parte do produto na época do plantio conseguiu preços ainda melhores: cerca de R$ 70. Segundo o engenheiro agrônomo da Emater de Cruz Alta, Luiz Antonio Moresco, a maior parte dos produtores costuma comercializar o grão aos poucos:

– A expectativa geral é que o preço da saca de 60kg ultrapasse os R$ 60. Mas os maiores produtores não têm pressa, podem vender depois. Só entregou a soja quem tinha compromissos com a exportação.

Área de arroz deve aumentar na próxima safra

Em Santa Maria, de 2012 para cá, a área de arroz diminuiu 16%, devido à insegurança em relação às chuvas. Ribeiro acredita que, se o preço do arroz se mantiver acima dos R$ 30, os produtores que tinham empregado parte da área em soja retornem ao arroz.

Por outro lado, as áreas antes ocupadas pelo gado e que foram tomadas pela oleaginosa neste ano devem manter os grãos, já que o preço da soja é mais atraente ao produtor.

Inverno modifica a paisagem

Nos últimos dias, começou o plantio de trigo no Estado. Porém, o cultivo que já fez a fama de cidades como Cruz Alta, que foi a capital nacional do trigo, não é tão valorizado. Apenas um terço dos 90 mil hectares ocupados pela soja durante o verão são, no inverno, destinados ao trigo. Do restante da área, uma parte é alugada para alimentar o gado e outra é dividida entre canola, linhaça e aveia. Mesmo assim, a maior parte fica desocupada, esperando pelo próximo plantio de soja.

– Não há uma política nacional de incentivo à produção de trigo. Com insumos importados, de difícil comercialização e de risco (a geada prejudica), os produtores de trigo se mantêm na cultura por teimosia – analisa o engenheiro agrônomo da Emater de Cruz Alta, Luiz Antonio Moresco.

Na região de Santa Maria, as terras são, prioritariamente, ocupadas pelo gado durante o inverno. A lavoura de trigo é considerada insignificante.

Arroz em ascenção

Em Santa Maria, as lavouras de arroz que foram plantadas na época considerada ideal pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) têm tido produtividade crescente. Investimentos feitos pelo Irga nos últimos anos em capacitar os produtores para o bom manejo do grão, pelo Projeto 10, têm, aos poucos, surtido resultado nas lavouras da cidade e da região.

– Nas últimas cinco safras, a média de produtividade foi de cerca de 7 mil kg por hectare. Mas sabemos que as nossas áreas têm potencial para produzir 10 mil kg por hectare. Tudo depende de manejar bem a lavoura, fazendo cada etapa no tempo certo. Por aspectos culturais, muitos agricultores têm resistido a mudar atitudes – explica o engenheiro agrônomo Glênio Luiz Picada, que é chefe do 6º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão do Irga, que abrange Santa Maria, Dilermando de Aguiar e São Martinho da Serra.

Um dos produtores do município que, desde o início, aderiu ao Projeto 10, orgulha-se de ter produtividade acima da média da região. Gerson Bianchin, 43 anos, colheu 8,2 mil kg por hectare na lavoura de 140 hectares no distrito de Arroio do Só, produtividade que é quase 15% maior do que a média do município. Segundo ele, o segredo é aperfeiçoar as técnicas:

– A gente começa preparando bem o solo, plantando cedo e obedecendo as épocas de adubação e alagamento. Nem sempre fiz assim, antes ninguém dava muita bola para esses detalhes. Mas, com os ganhos que temos, vale a pena – avalia Bianchin, que já preparou o solo para o plantio de trigo.

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