Canal de terra atende áreas de plantio de arroz irrigado

Construção vai possibilitar o transporte de água do açude do Orós para beneficiar até 300 hectares de plantio.

Iguatu. O tradicional cultivo de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós e do Rio Jaguaribe, neste município, na região Centro-Sul do Ceará, atrasou por causa da dificuldade de transferência de água para as áreas de produção. A Prefeitura de Iguatu atendeu à solicitação dos produtores rurais e contratou uma máquina retro escavadeira que há dez dias trabalha na reabertura e ampliação de um canal de terra que vai possibilitar a irrigação de cerca de 300 hectares do grão. O Açude Orós acumula 63% de sua capacidade, de acordo com monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Gogerh).

Várzeas

As áreas de plantio de arroz nas várzeas do reservatório variam a cada ano segundo o nível do reservatório. Neste ano, a localidade de Serrote é a beneficiada. Centenas de produtores rurais fazem o serviço de preparo de terra e alguns já plantaram e começaram a irrigar.

Uma parte do serviço de construção do canal de terra foi realizada pelo produtor Francisco José Braz, mas insuficiente para possibilitar o cultivo de arroz irrigado em extensa área. Após a chegada da máquina contratada pelo município, os irrigantes ganharam ânimo e intensificam o serviço de cultivo dos grãos.

O prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, destacou a importância do serviço que vai gerar produção, trabalho e renda no campo. "É uma iniciativa simples que em um período de seca que enfrentamos vai dar bons resultados", disse. "Ações como essas poderiam ser realizadas pelo governo do Estado, ampliando a parceria com os municípios".

Alcântara explicou que no município há um projeto de ampliação e reabertura do canal desde o Riacho da Carnaúba até o Serrote e Várzea Grande para beneficiar um maior número de produtores rurais.

O esforço local é para assegurar o trabalho e a renda no campo no segundo semestre, período em que a maioria dos trabalhadores rurais fica sem condições de obter ocupação.

Nesta época do ano, o semi-árido nordestino é caracterizado por enfrentar período de estiagem que geralmente se estende de junho a dezembro. O quadro de dificuldades de abastecimento de água para milhares de famílias é agravado com dois anos seguidos de seca e irregularidades das chuvas. No sertão cearense, algumas áreas apresentam uma situação favorável ao cultivo de vazantes. É o caso da bacia do Açude Orós.

Nos próximos quatro meses, o plantio de arroz irrigado se estenderá até perder de vista, numa área estimada em 300 hectares, beneficiando cerca de mil agricultores. As várzeas do Açude Orós e do Rio Jaguaribe, localizadas em Iguatu e em Quixelô, são tradicionalmente ocupadas no segundo semestre de cada ano, por plantio de arroz irrigado. A atividade gera emprego e renda para milhares de pessoas. As áreas adequadas para a produção estão mais distantes porque o nível do reservatório baixou, após dois anos seguidos de seca. Um dos maiores produtores da região, Francisco José Braz, disse que o serviço de recuperação do canal de terra no Riacho da Aroeira favoreceu a produção. "Começamos o trabalho por contra própria, de forma limitada, mas agora com uma máquina mais potente e áreas de cultivo serão ampliadas", disse Braz. "Esperamos ter uma boa colheita", salientou.

Bombeamento

Em parceria com outros produtores, Braz pretende fazer o cultivo de 200 hectares de arroz. A irrigação da lavoura é feita por sistema de bombeamento com uso de motores a óleo diesel e elétricos instalados nas proximidades da água do reservatório.

À medida que o nível da água vai baixando, deixando descoberta terras férteis, os agricultores avançam com os equipamentos de irrigação e com o plantio.

O trabalho se estende até o fim do ano. "Não podemos avançar no tempo porque se vier chuvas estraga a lavoura que pode ficar inundada", explica o produtor Marconi Chagas da Silva. Em algumas áreas, a produtividade média é de 8 mil quilos por hectare. Os produtores reclamam da falta de assistência técnica. "A gente vai tentando acertar sozinho", disse Pedro Alves.

Outra queixa refere-se ao elevado custo de produção e o preço de comercialização do arroz. A saca de 60 kg de arroz em casca é vendida por R$ 50,00, mas a tendência é de queda no preço a partir de novembro próximo, quando aumenta a oferta do produto na região.

O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, disse que o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós é uma atividade que se estende desde a construção do reservatório, gera emprego e renda no campo e apesar das sucessivas crises em decorrência do elevado custo de produção, contribui para manter a família do agricultor no campo.

No município de Iguatu e de Quixelô, o cultivo de arroz nas várzeas do Açude Orós mantém a vocação agrícola regional. "Gera emprego e renda e, por isso, é uma atividade que precisa ser apoiada", destacou o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara. "Na gestão do prefeito Agenor Neto foi feita a reabertura de grande parte do canal, mas em outra área. Neste ano, chegamos à região do Serrote e Várzea Grande", disse.

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