Muita atenção à brusone

 Muita atenção à brusone

Doença pode reduzir em 80% o potencial produtivo das lavouras em casos mais severos

Doença volta a ocorrer nas lavouras gaúchas. Valmir Menezes, diretor técnico da Federarroz, alerta para volta de casos e cuidados necessários.

Depois de registrar focos no Litoral Norte e na Planície Costeira Interna à Laguna dos Patos na temporada 2011/12, e surgir em quase todas as regiões arrozeiras gaúchas na safra 2012/13 com expressivo nível de dano em algumas lavouras, a brusone – doença causada pelo fungo Pyricularia grisea – voltou a apresentar incidência na safra rio-grandense 2013/14. “Neste ciclo preocupa por surgir mais cedo, mas serve de alerta para que o produtor lance mão das ferramentas necessárias”, revela Valmir Gaedke Menezes, diretor técnico da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Outras doenças que devem ser monitoradas são a cárie-do-grão e as manchas foliares.

A brusone é a doença mais importante para a rizicultura irrigada e provoca perdas de até 80% em casos de severidade extrema. Ela possui um grande número de raças. Seus esporos são disseminados pelo ar, com ciclo médio ao redor de 15 dias. Tem dois tipos de ocorrência, nas folhas e no “pescoço” da panícula. “No ano passado, em alguns casos, não ocorria nas folhas e quando surgiu a panícula, saiu doente, pois a doença havia se instalado”, revela Menezes. Houve casos de rizicultores que identificaram o ataque e não encontraram fungicidas recomendados, que buscaram produtos alternativos, mas não obtiveram bom resultado.

Para atacar, o fungo precisa da coincidência das variedades serem suscetíveis às raças disponíveis, o clima favorável – umidade, mormaço e céu nublado -, risco que aumenta por manejo inadequado da lavoura, plantio tardio, irrigação intermitente e fertilização inadequada. Para minimizar os fatores de desencadeamento, é preciso manejar a lavoura dentro das recomendações técnicas: semear na época indicada, ter um bom manejo de irrigação e adubação que garanta o equilíbrio nutricional da planta, além de usar fungicidas nas variedades suscetíveis.

Enquadram-se neste caso as cultivares BR Irga 409, Guri Inta, Puitá, Olimar e Irga 417, 426 e 424, em menor escala, além dos híbridos Inov e Avaxi. “Na segunda quinzena de dezembro, com dias quentes, ensolarados, baixa umidade relativa do ar e ocorrência de vento, o clima era considerado bom. Mas, a previsão de chuvas a partir de 29 de dezembro nas regiões arrozeiras, preocupa”, diz Valmir Gaedke Menezes. Para estas variedades o uso de fungicida é obrigatório. “No ano passado, algumas cultivares tiveram três aplicações na Fronteira-Oeste”, define.

Além de aplicar em variedades suscetíveis, é preciso saber o histórico da área e se há focos na região. “Isso porque o brusonicida é apenas preventivo. Daí a importância do produtor antever a ocorrência”, ensina. A aplicação deve ocorrer ao final do emborrachamento dos grãos. A segunda dose, 15 dias após. É fundamental que a aplicação se dê antes de sair a panícula, pois a brusone-do-pescoço é a mais danosa à planta e à produtividade. A da folha é menos impactante em relação ao resultado produtivo, embora também gere perdas.

Como o clima no Rio Grande do Sul varia de acordo com as regiões, a palavra final do agrônomo responsável, com acompanhamento local, é determinante para a decisão. Valmir Gaedke Menezes explica que há várias misturas comerciais, mas o arrozeiro deve usar apenas produtos recomendados para a cultura do arroz. Segundo Menezes, a lógica de que o fungicida agrega custo à lavoura é relativa. “Depende do retorno que dá. Em regiões com histórico, variedades suscetíveis, atraso no plantio e clima adverso, o uso do fungicida pode fazer diferença de uma tonelada. Se gastar o equivalente a três sacas com fungicida e ganhar 17, é melhor do que não aplicar e perder 40 ou 50 sacas”, exemplifica.

Alerta que o produtor não vai recuperar a produtividade perdida por incorreção no manejo, só evitar perdas maiores por ocorrência da doença. O presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, alerta o rizicultor para ter cuidado. “Há uma grande diferença entre a nossa necessidade e as metas dos vendedores. É preciso saber muito bem o que se está aplicando, o efeito que faz na lavoura, o ganho que traz e quanto influenciará no custo final de produção”, resume.

1 Comentário

  • Plantio atrasado, condições climáticas favoráveis ao fungo aliados a falta constante de energia elétrica que causa interrupção da irrigação tornando a lavoura mais suscetível ainda, quem não estiver de olho nem aberto e disposto a gastar com fungicida específico corre sério risco de colher muito pouco…
    Ano complicado este …

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter