A parceria que deu certo

 A parceria que deu certo

Cultivo de soja e milho em várzea ganha um pulso nas lavouras gaúchas

Área plantada com soja no sistema de rotação com o arroz aumenta a cada safra e já começa a ganhar status de cultura principal em várias regiões do RS
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Principal commodity agrícola brasileira, a soja também tem seu lugar garantido no contexto da orizicultura gaúcha. A área plantada com a oleaginosa no sistema de rotação com o arroz, que foi de 270 mil hectares na safra 2012/13, deverá ultrapassar os 300 mil hectares em 2013/14, de acordo com estimativas do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Este avanço, no entanto, não significa que o arroz está perdendo espaço para a soja no RS. Pelo contrário: a área destinada à cultura do cereal no estado vem crescendo em torno de 2% sobre a média dos últimos anos, devendo chegar a 1.100 hectares na próxima safra. Estima-se também um incremento de 3% em produtividade. “A soja é cultivada em áreas deixadas em pousio para a limpeza do arroz vermelho ou naquelas tradicionalmente usadas na pecuária. Na verdade, quem vem perdendo espaço para a soja é a pecuária desenvolvida em áreas mais baixas”, argumenta o presidente do Irga, Cláudio Pereira.

Além de ser uma excelente alternativa de renda para o rizicultor, proporcionando liquidez no período da colheita do arroz e reduzindo a necessidade das vendas do cereal na “boca” da safra, a soja contribui para a diversificação do sistema de produção agrícola, sendo ainda uma ferramenta eficaz no controle de doenças, pragas e invasoras, como o arroz vermelho. É o que já vem ocorrendo na metade sul gaúcha, onde a cultura da oleaginosa em rodízio com o arroz rompeu com o conceito que se tinha sobre as terras baixas serem propícias apenas para o cultivo do cereal.

Mas a soja também está avançando lentamente para outras regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul. Em Santo Antônio da Patrulha, no litoral norte, a área de soja cultivada em rotação com o arroz já corresponde a 35% da lavoura de 240 hectares do produtor Luís Carlos Machado. “A soja remunera bem e proporciona muitos benefícios para a lavoura de arroz, como limpeza do solo, agregação de nitrogênio e quebra do ciclo dos herbicidas. Além disso, agrega de 20% a 25% em produtividade por hectare. Hoje, colhemos, em média, 11 mil quilos por hectare com a variedade Puitá. Antes da soja, colhíamos em torno de 8 mil quilos por hectare, o que já era um rendimento muito bom”, relata.

Machado adotou a rotação faz cinco anos, no começo, em uma pequena área de 10 hectares, para desenvolver maior conhecimento sobre o sistema e segurança para ampliar a área. “Com os resultados obtidos, fomos expandindo o sistema gradativamente. O plantio é feito em solo sistematizado, o que nem sempre é a melhor opção. Neste caso, a drenagem do solo tem que ser até quatro vezes mais eficiente do que no caso do arroz”, observa. Mesmo sendo bem-sucedido com a oleaginosa, o produtor garante que o arroz segue sendo a cultura principal em sua propriedade. “A soja em rodízio com o arroz, apesar de ser uma excelente alternativa, ainda não apresenta a mesma segurança em termos técnicos. O risco é maior”, garante Machado.

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