UCR contesta o Irga nos números do arroz em Cachoeira do Sul (RS)

Para arrozeiros, produtividade é de 120 sacos/hectare, por causa das perdas provocadas pelo excesso de calor.

Os arrozeiros estão revoltados com o levantamento da safra feito pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) que aponta uma produtividade média de 140,6 sacos por hectare na lavoura de arroz em Cachoeira do Sul. De acordo com o presidente da União Central dos Rizicultores (UCR), Pinto Kochenborger, este dado não está traduzindo a realidade da colheita, o que preocupa os produtores. Pinto observa que 25 arrozeiros se reuniram para debater a safra na sexta-feira e relataram o rendimento de suas lavouras, constatando que a produtividade está abaixo do que foi divulgado pelo Irga.

A pesquisa feita pelo Irga aponta que o rendimento médio da lavoura de arroz de Cachoeira do Sul está em 7.031 quilos por hectare, o que representa 140,6 sacos de 50 quilos. A colheita do arroz atingiu na semana passada 61,50% dos 33.420 hectares cultivados no município.

De acordo com Pinto, o grupo de 25 produtores cultiva cerca de 11 mil hectares de arroz, o que corresponde a 30% da lavoura de Cachoeira. Ele frisa que nesta safra a produtividade média das áreas destes agricultores é de 120 sacos. “Não conseguimos entender como o Irga aponta uma safra melhor. Talvez por ser órgão do governo o Irga esteja fazendo isso. O governo quer comida barata”, enfatiza Pinto.

PARALELO – Diante deste conflito, a UCR pretende fazer um levantamento paralelo junto aos produtores para apontar a produtividade da lavoura. Nestes 11 mil hectares, os arrozeiros afirmam que colheram 226,6 mil sacos a menos do que o apontado pelo Irga. Questionado se seria viável a UCR se reunir com o Irga para discutir os números, Pinto destaca que não existe clima para isso. “Estamos decepcionados com o Irga”, dispara Pinto.

>> Uma pergunta

Qual a causa da baixa produtividade da lavoura de arroz de Cachoeira?

O presidente da UCR, Pinto Kochenborger, afirma que vários fatores contribuíram para que a lavoura cachoeirense não atingisse nesta colheita a produtividade de 7,5 mil quilos por hectare, o que significa 150 sacos, como foi projetado ainda no ano passado pelo Irga. Segundo Pinto, a enchente registrada em novembro do ano passado devastou cerca de 4 mil hectares, que foram replantados fora de época, o que provoca uma queda no rendimento. Além disso, as altas temperaturas registradas em dezembro e janeiro foram prejudiciais. “O calor provocou o aborto de flores, que gerou as falhas”, explica Pinto. O produtor observa ainda que grande parte dos arrozeiros está endividada e, com isso, se obriga a repetir áreas, sem fazer a rotação de culturas ou pousio. “Ao plantar em uma terra fraca, a produtividade sempre é menor”, esclarece Pinto.

>> Atenção

A reportagem do Jornal do Povo manteve contato ontem com o coordenador regional do Irga, agrônomo Jaceguay Barros, para saber como é feita a coleta de dados da safra de arroz em Cachoeira do Sul. Por telefone, Barros pediu para o repórter enviar o questionamento por e-mail, o que foi feito. Até o fechamento desta edição, o Jornal do Povo não obteve resposta.

5 Comentários

  • Está aí, os arrozeiros de Cachoeira indignados com as divulgações de produtividade do IRGA, os produtores não aguentam mais notícias de produtividade forjadas com finalidade política, credibilidade do setor de divulgação da Autarquia em xeque, expliquem-se os responsáveis.

  • Boa Noite.
    A matéria produzida junto ao presidente da UCR é um espelho da verdade da lavoura de arroz de Cachoeira do Sul. Com a abundância de águas, muitas vezes em excesso, não existe a cultura da rotação ou do “descanso” das várzeas para a cultura do arroz. Também, em função da estrutura fundiária (66% das terras são arrendadas), se o produtor quiser não plantar arroz por conta de riscos ou arroz vermelho, vem um “gringo” ou um “catarina” e paga o arrendamento ADIANTADO e planta. É duro relatar isto, mas é a nossa realidade. Por conta disto, existe muita rotatividade de plantadores por estas lavouras. Plantam um ano, vão mal, plantam o segundo ano, não pagam o arrendamento, quebram e vão embora. E vem outros e…… repete-se a história. Nunca a depressão central vai conseguir a produtividade de áreas nobres como a campanha e fronteira oeste: 2, 3 ou 4 “cortes”, continentalidade, fertilidade natural, produção em escala, entre outros fatores. Basicamente, são estes os fatores que nos fazem ficar lá pelo fim do ranking da produtividade do RS. E vai piorar! Pelo menos aqui em Cachoeira, o IRGA não tem dinheiro para a gasolina do extensionista par ir nas lavouras! Respeito os profissionais locais. Mas ficando dentro do escritório, não conseguem ver o que acontece na lavoura e só divulgam o que o “chefe” manda. Para se reeleger!
    Abraço

  • Eu tenho a impressão que não é uma exclusividade do IRGA em errar nas previsões. Os institutos de pesquisa no Brasil estão servindo apenas para informar a quem interessa à eles, os políticos. Esses sempre estão em contato com pesquisas confiáveis, para tomar suas atitudes, com uma única funcão. Vejamos o caso do IPEA recentemente, e levante das mulheres, vejamos o caso do IBGE, que pode não divulgar os dados do PNAD até o fim do ano, e sendo assim os resultados de desemprego podem não chegar até nós antes das eleições. Nesse caso o IRGA aponta uma produtividade diferente da apontada pela cadeia produtiva, com uma única finalidade, fazer pressão para que os preços não subam e favorecer a quem? Pois bem meus amigos, estamos no mato sem cachorro, e a espingarda já não tem tanta munição…

  • Cada município elege seus conselheiros para representá-los no IRGA, na FEDERARROZ, na FASUL, na FETAG etc.
    Nós, aqui de Tapes, somos parceiros das boas lutas em favor da levoura e suas verdades.

  • Em 2013 nosso governo veio a público dizer que para conter a inflação reduziu-se a conta de luz em até 32% no RS… Pois bem, não se passou um ano e a Aneel autoriza esse aumento absurdo de 28,86%, quando a inflação oficial beira os 6%… O QUE SE FALAR DESSE AUMENTO QUE TERÁ SÉRIOS IMPACTOS NA PRODUÇÃO DE ARROZ ??? A QUEM QUEREM ENGANAR??? FOI TUDO MARKETING POLÍTICO??? Na minha opinião jurídica trata-se de um aumento abusivo que deverá ser questionado pelos órgãos de classe na justiça e junto ao CADE… Ou vão deixar isso passar em branco!!! Dai não tem inflação… aumento na luz de 28,86% não gera inflação… não tem impacto??? só pode ser piada??? Quando é que nossas entidades de classe vão se levantar contra os abusos??? ATÉ QUANDO Srs.???

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