Com juros mais altos, Plano Safra preocupa os arrozeiros

 Com juros mais altos, Plano Safra preocupa os arrozeiros

Irrigação: energia elétrica foi um dos custos que aumentou para a lavoura do arroz

Setor prevê impacto nos custos de produção para a próxima safra.

Ainda que o conjunto de medidas anunciadas pelo governo federal no Plano Safra 2014/15 tenha sido considerado satisfatório pela cadeia produtiva do arroz, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Osório Dornelles, considerou preocupante a alta de um ponto percentual sobre a taxa média de juros dos programas de financiamento da agricultura, de 5,5% para 6,5% ao ano. Segundo Dornelles, muito embora o plano tenha mantido as características anteriores e até elevado em cerca de 15% o crédito disponível, o novo percentual de juros efetivamente trará aumento de custos de produção.

Para o dirigente, ainda que inicialmente um ponto percentual pareça de baixo impacto, deve-se considerar que a majoração representa cerca de 20% sobre a taxa incidente nos custeios anteriores, cujo percentual de 5,5% era considerado uma conquista importante do setor agropecuário. “Além disso, é importante destacar que há um acúmulo de aumentos das taxas de energia elétrica, do combustível, dos preços dos fretes e dos agroquímicos utilizados para o manejo da lavoura”, analisa. As linhas de crédito para investimentos em armazenagem e irrigação também sofreram aumento, da taxa média de juros de 3,5% para 4% ao ano.

A Federarroz considera que o governo federal precisa tratar o setor agrícola, que é o grande produtor de alimentos do Brasil, de maneira estratégica e diferenciada. “Todo e qualquer ganho que a agricultura tem, é reinvestido em busca de mais qualidade, competitividade, produtividade, o que amplia a chance da contribuição do setor com a redução de custos à alimentação. Isso é positivo na medida em que uma maior oferta de alimentos de qualidade, com produtividade superior, pode ajudar a reduzir uma possível tendência de alta da inflação”, argumenta Dornelles.

O presidente da Federarroz ainda enfatiza que a agricultura, e principalmente os produtores de alimentos, têm sofrido influência da inflação por custos. “Notadamente enfrentamos o ônus da responsabilidade pelo aumento da inflação e a injustiça é que, quando não enfrentamos aumento de custos de produção, podemos ter a infelicidade de queda de produtividade, que fatalmente acarreta o aumento do custo unitário do produto”, avalia.

Para o dirigente arrozeiro, é importante que o agricultor analise muito bem as linhas de crédito que contratará para custeio e comercialização, com o objetivo de evitar qualquer risco de endividamento futuro. “É preciso manter os pés no chão, uma vez que uma parte significativa dos produtores está voltando a ter acesso ao crédito oficial e, apesar de um cenário de estabilidade, sabemos que a agricultura é uma atividade de risco. O produtor, dentro de sua realidade, deve ter a capacidade de entender o que lhe favorece e com quais os custos não pode correr riscos”, alerta. Dornelles, por fim, lembrou que os concorrentes brasileiros nos mercados interno e externo operam com taxas de juros agrícolas menores, o que afeta a competitividade do arroz brasileiro.

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