Japão ameaça cortar ajuda alimentar a São Tomé e Príncipe

O Japão comunicou esta semana ao governo são-tomense um corte de 30% na ajuda alimentar enviada, ameaça agora suspender totalmente o fornecimento do arroz.

O Japão deixará enviar ajuda alimentar para São Tomé e Príncipe se até abril de 2015 não receber esclarecimentos, "concretos e fidedignos", sobre a gestão dessa ajuda, anunciou hoje o ministro da Economia e Cooperação Internacional são-tomense.

"Em abril do próximo ano haverá um conselho consultivo e até lá o Japão quererá ter informações concretas e fidedignas em relação ao que se passou com a gestão desse processo", disse Agostinho Fernandes à imprensa.

O Japão comunicou esta semana ao governo são-tomense um corte de 30% na ajuda alimentar enviada, ameaça agora suspender totalmente o fornecimento do arroz.

Em causa está o desaparecimento de mil toneladas do arroz, e outros "casos graves" que o governo nipónico quer ver esclarecido, acrescentou o ministro.

Segundo Agostinho Fernandes, o governo japonês quer também explicações sobre o paradeiro de avultados valores correspondentes aos fornecimentos de arroz em 2007 e 2008.

O governante são-tomense afirmou que em 2007 ficaram por depositar no fundo de contrapartida do Japão cerca de 25 mil milhões de dobras (pouco mais de um milhão de euro) e em 2008, outros 13 mil milhões de dobras (cerca de 520 mil euros).

"O governo japonês considera que o Estado são-tomense tem que esclarecer essa situação, sob pena de suspender completamente este donativo. Para já decidiram reduzir em 30%, mas caso não haja esclarecimento dessa e doutras questões que inquietam o governo japonês, poderão efetivamente suspender essa ajuda", precisou o ministro.

"Nós vamos iniciar esta investigação. É verdade que o Japão teve informação de que o governo cessante já apresentou uma queixa no Ministério Público, mas infelizmente nós ainda não temos informação do andamento desta queixa", explicou.

Agostinho Fernandes prometeu no início da próxima semana pedir uma audiência ao Procurador-Geral da República para se "inteirar do estado de avanço dessas investigações", porque, frisou, "é de todo o interesse para o país que as coisas sejam esclarecidas e os responsáveis sejam chamados a responsabilidade".

O ministro da Economia e Cooperação Internacional revelou que o governo japonês enviou uma carta ao anterior governo, que era liderado por Gabriel Costa, "a pedir explicações sobre um conjunto de questões que não estão esclarecidas".

"O governo cessante enviou uma resposta que também não os convenceu", sublinhou.

Assim, o Japão exige uma auditoria externa para esclarecer o assunto e está disposto a pagar essa mesma auditoria.

"Eles querem que seja uma auditoria externa e colocam dinheiro à disposição para pagar esta auditoria. Vamos lançar brevemente essa auditoria com o apoio de Portugal para esclarecer efetivamente. É do nosso interesse agirmos depressa para esclarecermos essa situação sob pena de perdermos este donativo", concluiu Agostinho Fernandes.

O governante falava à imprensa durante a visita ao armazém de gestão das ajudas onde estão depositados 28 mil dos 87 mil sacos de arroz que deverão estar no país até meados de janeiro.

Os 28 mil sacos vão ser comercializados a partir desta sexta ao preço de 13 mil dobras (pouco mais de 0,5 cêntimos de euro) o quilo.

O governo são-tomense decidiu subvencionar os custos com o transporte para a distribuição deste arroz aos comerciantes dos distritos mais longínquos da capital, para evitar que o preço ao consumidor seja superior às 13 mil dobras.

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