Serviços de distribuição de energia voltam a preocupar em fase crítica da lavoura

Produtores da Fronteira-Oeste enfrentam novas interrupções de abastecimento
e a demora no restabelecimento dos serviços das concessionárias.

Afetados pelo atraso em boa parte da área cultivada por causa das intempéries, os produtores de arroz da Fronteira-Oeste gaúcha voltam a enfrentar interrupções e demora na normalização dos serviços de distribuição de energia elétrica por parte das concessionárias.

A preocupação dos orizicultores, que estão acionando as entidades setoriais para pressionarem as empresas distribuidoras é maior ainda porque as lavouras estão entrando na fase mais sensível à irrigação, que é a floração. “Neste período não pode faltar água, e como a quase totalidade dos levantes e motores são elétricos, qualquer corte no fornecimento ou demora na religação dos serviços interfere na produtividade e pode gerar prejuízos irrecuperáveis na safra”, explica Gustavo Thompson Flores, diretor-financeiro da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) e integrante do Conselho de Consumidores da AES Sul.

Segundo ele, nos últimos sete anos houve evolução nos serviços prestados por esta concessionária na região de Alegrete (RS), mas na atual temporada a qualidade no atendimento regrediu.

Além disso, houve mais um aumento de custo aos consumidores com a implantação das chamadas bandeiras tarifárias, que acrescentam R$ 1,50 por 100 quilowatts consumidos no módulo amarelo e até R$ 3,00 por 100 quilowatts consumidos no módulo vermelho. Os valores são para cobrir os custos de geração de energia causados pela estiagem no Brasil Central.

O vice-presidente da Associação de Arrozeiros de Itaqui e Maçambará, João Raul Borges Neto, revela que a entidade está colhendo assinaturas em um documento para exigir da concessionária da região o devido atendimento às demandas dos agricultores. “Houve uma audiência pública na Câmara Municipal no mês passado com representantes da empresa, mas nada mudou. Algumas propriedades sofrem com a oscilação do fornecimento, a demora em restabelecer o abastecimento é enorme, o telefone 0-800 não funciona direito, ligar para a superintendência não adianta nada”, afirma.

Borges Neto explica que em sua propriedade ele não enfrentou este tipo de problema, “mas a entidade está se posicionando face às inúmeras reclamações que chegam dos demais produtores”, argumenta.

Ainda segundo o vice-presidente da Associação de Arrozeiros de Itaqui, também é preocupante a situação de inúmeros postes que ameaçam cair. “Mesmo que a gente avise, não há substituição. Só são substituídos quando caem. E daí o produtor fica vários dias sem luz na propriedade, amargando prejuízos”, enfatiza.

Marcos Cortez, integrante da Comissão de Energia Elétrica da Associação de Arrozeiros de Uruguaiana, revela que há produtores que ficaram até quatro dias sem abastecimento em algumas regiões do município.

Porém, explica que a ocorrência de chuvas acima do normal e de tempestades com muitas ocorrências de raios vem sendo a causa de um número maior de problemas e também da dificuldade no atendimento às demandas.

Mesmo assim, reconhece que o serviço podia ser melhor e o atendimento mais ágil. Espera atenção seja maior neste período sensível para a orizicultura.

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