Preços esboçam reação no início de abril, mas retomam trajetória de queda

 Preços esboçam reação no início de abril, mas retomam trajetória de queda

Safra gaúcha avança e deve fechar a semana próxima de 80%

Leve recuperação repercutiu resultado da balança comercial em março e início da colheita da soja em várzea.

Depois de retrair 0,77% ao longo do mês de março, para R$ 35,87 – o equivalente a US$ 11,21 em 31/03 -, o preço médio da saca de 50 quilos do arroz em casca no Rio Grande do Sul esboçou ligeira reação nos primeiros dias do mês, mas essa trajetória não se consolidou e as cotações voltaram a cair. Na segunda-feira (6/4), após o feriadão da Semana Santa, por exemplo, a média referencial do indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa alcançou o valor de R$ 36,01, o equivalente a US$ 11,52 a saca, acumulando alta de 0,39% no mês.

Porém, já na terça-feira as cotações caíram e nesta quinta-feira (9/4) a retração chegou a um nível de preço inferior ao valor registrado no último dia útil de março: R$ 35,80. Em dólar, pela cotação do dia, a saca do cereal esteve cotada a US$ 11,67. A retração acumulada em abril chegou a 0,20%. Dois fatores foram fundamentais para esse comportamento de rápida recuperação nos primeiros dias do mês e nova retração à medida que os dias avançaram: o impacto do bom volume de exportações realizadas em março e do início da colheita e consequente comercialização da soja em várzea no Rio Grande do Sul. Santa Catarina está praticamente com a safra encerrada e o Rio Grande do Sul supera a margem de 80%, segundo algumas consultorias. Isso também ajuda às indústrias terem uma leitura mais precisa da colheita e dos volumes em movimento.

De uma maneira geral, os produtores seguiram liberando o mínimo possível de arroz para cumprir com seus compromissos. A demanda por exportação de arroz beneficiado para o Iraque e de quebrados para a África, movimentaram um pouco mais a Zona Sul, elevando algumas cotações específicas. Ao mesmo tempo, a indústria mostrou-se flexível para alguma valorização em determinados tipos de arroz, especialmente de variedades nobres e com alto percentual de inteiros. No varejo, as pesquisas de preços apontam leve redução dos preços ao consumidor.

Nesta quinta-feira se encontrava arroz branco Tipo 1, em sacos de 1kg, por preços entre R$ 1,92 e R$ 2,13 em alguns supermercados de Porto Alegre e Santa Cruz do Sul. Em Cachoeira do Sul, o parboilizado de grandes companhias beneficiadoras era cotado entre R$ 1,99 e R$ 2,40 o quilo. Em São Paulo, o arroz branco de uma marca gaúcha, em promoção, alcançava R$ 1,88 pelo quilo do produto nas especificações citadas, numa grande rede varejista, segundo colaboradores de Planeta Arroz.

EXPORTAÇÕES

Segundo a Agrotendências Consultoria em Agronegócios, a valorização do dólar sobre o real gerou bons resultados para as exportações em março, principalmente pelo embarque de um volume significativo de arroz beneficiado (branco) para o Iraque: 62 mil toneladas (em base casca). De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic), o Brasil exportou 143 mil toneladas do cereal em (base casca) e importou 46 mil toneladas de arroz no primeiro mês do ano comercial 2015/16. Senegal, Gâmbia e Serra Leoa importaram 60 mil toneladas de quebrados de arroz (base casca), mantendo a fidelidade do mercado africano a este produto das indústrias brasileiras. No total o Brasil exportou 80 mil toneladas (base casca) de arroz beneficiado.

O dólar valorizado também impactou as importações brasileiras. Em março as aquisições nacionais somaram 46 mil toneladas. A participação do Paraguai é cada vez maior. O país representou mais de 70% de todo o arroz que entrou no Brasil em março. Como colheu mais cedo este ano, porque plantou toda sua lavoura na época ideal, o Paraguai já dispõe de volumes significativos para exportar (acima de 600 mil toneladas, estimam algumas fontes). Embora seja o primeiro mês do ano comercial, apenas, por ora o Brasil ainda não importou volume importante de arroz de outros continentes. Ano passado, mais de 80 mil toneladas de arroz foram adquiridas na Tailândia.

Nesta sexta-feira (10/4) a Conab divulga o seu sétimo relatório da safra de verão, devendo manter praticamente intocados os valores referentes ao arroz.

SAFRA MUNDIAL

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgou nesta quinta-feira o seu relatório de projeção da safra mundial de arroz 2014/15. O documento estima que a produção universal do cereal beneficiado alcançará 474,60 milhões de toneladas nesta temporada, 260 mil toneladas abaixo do previsto em março. A queda na produção global deve alcançar 2,28 milhões de toneladas do cereal processado frente aos 476,88 milhões de toneladas alcançados na temporada 2013/14.

As exportações mundiais de arroz beneficiado devem chegar a 42,29 milhões de toneladas em 2014/15, segundo o USDA, com retração de 17 mil toneladas apenas. A estimativa para o consumo é de 483,03 milhões de toneladas de beneficiado para 2014/15. Com base no quadro de oferta e demanda mundiais, os estoques finais de arroz beneficiado na temporada estão previstos em 98,58 milhões/t, frente aos 97,64 milhões de toneladas no relatório passado. Para 2013/14, foram estimados estoques de 107,01 milhões de toneladas.

A China seguirá como a maior produtora mundial do cereal, com 144,5 milhões de toneladas de arroz processado, enquanto a India deverá produzir 102,5 milhões de toneladas beneficiadas em 2014/15; a Indonésia colherá 36,3 milhões de toneladas, o Vietnã 28,05 milhões/t e a Tailândia, 19,15 milhões. A safra brasileira está estimada em 8,3 milhões de toneladas de arroz beneficiado.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preços médios do arroz para o Rio Grande do Sul em R$ 35,90 a saca de 50 quilos (58×10), enquanto a saca de 60 quilos do cereal beneficiado (branco, Tipo 1) é avaliada em R$ 75,50 (sem ICMS/FOB). Entre os quebrados e derivados a situação é a seguinte: o canjicão é cotado a R$ 44,00 (FOB) e a quirera em R$ 39,00 (ambos em sacas de 60 quilos). Enquanto isso, a tonelada do farelo de arroz em Arroio do Meio (RS) tem o preço médio de R$ 310,00 (FOB).

3 Comentários

  • PREÇOS DE ARROZ EM QUEDA

  • LAMENTÁVEL, MAS ERA DE SE ESPERAR POR CAUSA DOS VENCIMENTOS EM FIM DE ABRIL, O PRODUTOR SE LARGA A VENDER COM MEDO QUE BAIXE MAIS AINDA, MAS PRA QUEM TEM SOJA TÁ TRANQUILO E, DESSES A INDUSTRIA NÃO LEVA TETA! SDS.

  • Vender arroz a preço menor que a safra passada, com a industria processando o volume recebido a depósito da safra é o mesmo que dar um tiro ouvido, é suicídio, mordam a lingua e beiços e não vendam, verão que logo ali o cartel será desfeito, é o efeito colheita, logo passa, é bem transitório.
    Não sou analista de mercado e nem tenho a pretensão de sê-lo, recolho-me dentro da minha inexperiência em pré analisar, pesquisar e procurar fontes confiáveis para referendar a realidade da lavoura arrozeira no RGS.
    Mas há fatores que devemos levar em consideração:
    A- a produtividade está bem abaixo daquela alardeada pelos órgãos tendenciosos, como CONAB, EMATER, IBGE e etc.
    B- a CONAB (governo) liquidou seus estoques.
    C- dólar acima de R$ 3,00 inibe importações e promove as exportações.
    D- maior oferta no mercado internacional é o arroz de péssima qualidade da Tailândia ( Tio Ratalino ).
    E- qualidade do arroz gaúcho ganha destaque internacional.
    Portanto a valorização de nosso produto é questão de dias, termino da colheita, o que a industria está fazendo é o seu joguinho ensaiado de sempre, pressão encima do produtor para desviar o foco da sua falta de capacidade em negociar com o varejo.

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