Sustentabilidade acima de tudo

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Sant’Anna: vários reflexos na economia do estado

O que vale para a propriedade vale
para todo o estado
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O que vale como conceito de sustentabilidade para a propriedade rural também vale para o estado. Para Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa, a diversificação da matriz produtiva, assim como para o produtor rural, traz segurança e é estratégica para o estado. “O RS importa grande quantidade do milho que consome porque somos grandes produtores de aves e suínos. Com relação à produção pecuária, praticamente consumimos o que produzimos, exportando aproximadamente de 3% a 5% da produção líquida do estado.

Considerando a qualidade da carne e leite aqui produzidos, temos condições de nos tornar importantes fornecedores de produtos pecuários ao mundo assim como são a Argentina e o Uruguai, o que significaria uma importante fonte de renda ao RS, além de um grande ganho em imagem ao estado que produz carne, leite e lã em um ambiente pastoril sustentável”, descreve.

Na visão de Sant’Anna, vários são os reflexos destes caminhos na economia do estado, impactando inclusive na possibilidade do incremento do turismo principalmente na região do Pampa Gaúcho. “A lavoura de arroz e a pecuária convivem muito bem há várias décadas nesta região. Precisamos aprender a valorizar isto que já ocorre, aprimorar continuamente esta convivência de forma harmônica e sustentável através da pesquisa e vender esta imagem ao mundo”, argumenta o pesquisador.

A integração lavoura-pecuária pode contribuir para estabelecer um novo conceito de produção na agricultura do Rio Grande do Sul, no qual o rizicultor passa a ser um produtor de alimentos mais dinâmico e eficiente, alinhado às questões ambientais, que hoje se somam às de mercado na definição dos sistemas de produção. Mas para isso, a integração lavoura-pecuária deve ser encarada como sistema e não somente como uma técnica de produção direcionada para a produção de arroz no ambiente de terras baixas da Metade Sul, conforme ressalta o professor da Ufrgs Ibanor Aghinoni.

De acordo com o especialista, ILP se trata, de fato, de sistemas integrados de produção agropecuária que se caracterizam por ser planejados para explorar sinergismos frutos de interações nos compartimentos solo-planta-animal-atmosfera de áreas que integram essas atividades. Correspondem, então, a associações entre pecuária de corte ou leite e cultivos comerciais em escala de fazenda, planejadas em diferentes escalas espaço-temporais, na mesma área, de forma concomitante ou sequencial, e mesmo entre áreas distintas.

Via alternativa

Lavoura de arroz tem ganhos com a integração com soja e pecuária

O professor da Ufrgs Paulo César de Faccio Carvalho, uma autoridade em integração lavoura-pecuária no Brasil, chama a atenção para o fato de a ILP ser uma via alternativa que se apresenta com reconhecimento de organizações mundiais ligadas ao setor agrícola. “Ela tem, sim, esse potencial de contribuição, pois reúne atributos incomuns aos sistemas agrícolas em vigência nos modelos atuais, a saber: diversificação, eficiência no uso dos recursos naturais com minimização de impacto ambiental, redução no risco das operações agrícolas e melhora do solo em longo prazo, dentre outros. O produto de um sistema desses talvez não seja um produtor rural mais completo, e sim um produtor rural mais dinâmico e eficiente, alinhado às questões ambientais, que hoje se somam às de mercado na definição dos sistemas de produção”, estima.

Conforme Carvalho, a integração é um conceito que se aplica mundialmente, não se restringe a locais específicos. “Obviamente, há adaptações para cada local. Quanto maior a diversidade de opções de cultivo, maior a possibilidade de o sistema expressar todo o seu potencial. No caso do RS, por ser um ambiente subtropical, as opções de combinação são maiores se comparadas a regiões como os cerrados. Já na região do Planalto, várias formas de ILP são possíveis a partir de inúmeras combinações de lavouras anuais de verão e de inverno e pastos anuais de verão e de inverno, e mesmo pastos perenes de verão e de inverno. O mais comum no Planalto é a introdução de azevém e aveia no ciclo do inverno em rotação com soja e milho no verão. Mas a diversidade de sistemas potenciais é enorme”, compara.

Segundo ele, o foco deste sistema integrado de produção no ambiente gaúcho, diferentemente de vários outros estados, pode ser resumido em dois aspectos. “O primeiro é o aproveitamento de ampla área de cultivos anuais de verão que durante o inverno somente produzem palha para o sistema de plantio direto. O segundo é a redução no risco das culturas de verão em particular, ligado a mercado – no caso do arroz, e ao clima – no caso da soja e do milho”, destaca.

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