Falta de liquidez faz arrozeiros pedirem prorrogação do custeio

Lideranças afirmam que volume colhido não cobre as contas de boa parte dos produtores, que pedem mais prazos para pagar os financiamentos.

Rizicultores da Fronteira-Oeste, Depressão Central e Planície Costeira Interna à Lagoa dos Patos desencadearam um movimento de reivindicação pela prorrogação dos vencimentos do custeio da safra gaúcha de arroz.

Inicialmente os produtores querem que a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) – até o momento resistente à ideia – tome iniciativas no sentido de sensibilizar o governo federal e instituições financeiras, além das indústrias que financiam diretamente os agriculturores sobre a necessidade do alongamento.

O avanço nestas questões retiraria a pressão do mercado neste momento de baixa liquidez, cotações abaixo da linha dos R$ 35,00 para o produto colocado na indústria, dificuldades de exportação e tendência de concentração da oferta. A discussão prosseguirá neste sábado à tarde, em Santa Maria, com produtores da Depressão Central.

A mobilização começou em Pelotas, há duas semanas, e ganhou corpo nesta quinta-feira, em Uruguaiana, num encontro de produtores. Segundo participantes, o momento evidencia a existência de duas realidades na lavoura de arroz: um produtor pequeno e médio – boa parte arrendatários – com acesso ao crédito oficial ou financiado por cerealistas, sem condições de pagar as contas pela baixa liquidez e preços no mercado arrozeiro, e a alta dos custos de produção; e o grande produtor – proprietário – mais capitalizado, que repudia qualquer intervenção federal.

Os agricultores querem que a Federarroz realize uma assembleia geral para discutir o endividamento do setor, a viabilidade do pagamento do custeio e a relação entre preços de mercado e custos de produção. E, a partir disso, estabeleça um planejamento de ações em busca de crédito para comercialização – que elimine o risco de queda dos preços pela oferta concentrada – e prorrogação do custeio da safra passada.

Raul Borges, dirigente arrozeiro em Itaqui (RS), reconhece que a falta de liquidez e descompasso entre preço e custo, gera um clima de insegurança. “O produtor menos capitalizado é pressionado a ofertar para pagar as contas. Ofertando com preços baixos, os derruba ainda mais e leva junto o arrozeiro mais capitalizado para um mercado de difícil reação”, explica.

Segundo ele, na região de Itaqui as variedades comuns estão sendo comercializadas por até R$ 32,00, se depositadas na indústria e em volume inferior a 5 mil sacas. “Não há liquidez, a indústria está abastecida e também tem dificuldades em repassar valores ao varejo”, entende.

Para o arrozeiro de Tapes, Juarez Petry de Souza, que participou da reunião, está claro que os custos médios do arroz no Rio Grande do Sul alcançaram R$ 39,00 por saca em novembro/2014 e que o cenário era de baixo estoque de passagem, dólar mais atraente às exportações e uma safra ajustada ao consumo. “Vislumbrava-se um mercado equilibrado, com preços pouco acima do custo de produção e uma pequena margem de rentabilidade. Mas, não é o que estamos vendo”, registra.

No seu entendimento, o mercado “trancado” e com cotações decrescentes reflete o descompasso entre preços e custos de produção, um anúncio de segunda maior safra de arroz da história, a necessidade dos produtores acertarem as contas já em julho e começarem a vender agora, a falta de crédito para a comercialização e a não contabilização do passivo do setor no custo de produção identificado em novembro.

Além disso, espalha a preocupação do setor com o futuro pelo aumento de custos com o tarifaço da energia elétrica e dos combustíveis, preços dos insumos acompanhando o dólar. “Isso tirou a liquidez do mercado e faz muitos produtores analisarem o preço de R$ 34,00 a R$ 35,00 que é a referência, multiplicarem pelo volume de grãos nos silos e concluirem que não conseguem pagar a conta e nem cogitam ter rentabilidade para fazer frente a um custo médio que já anda em R$ 43,00 a R$ 44,00 por saca”, diz Juarez Petry de Souza.

O presidente da Associação Tapense de Arrozeiros, Luiz Carlos Chemale, lembra que os produtores não estão conseguindo liberar recursos para custear a comercialização – o antigo EGF – e nem pré-custeio, cujos recursos são baixos.

“Além disso, os produtores estão ouvindo nos bancos que os recursos do Plano Safra serão menores e que parte deles terá incidência de juros livres, mesmo com as reiteradas declarações da ministra Kátia Abreu de que serão mantidos”, explica.

Diante dessa situação, parte dos arrozeiros entende que o setor deve estudar e debater a situação crítica destes produtores, que podem representar metade da lavoura gaúcha, e sensibilizar o governo federal para elaborar um termo aditivo prorrogando os vencimentos dos custeios, ou liberando recursos de comercialização rapidamente e em volumes capazes de diluir a pressão de oferta nesta época.

Juarez Petry de Souza entende que o ideal seria aplicar as cláusulas do contrato e prorrogá-lo para daqui um ano, o que evitaria a pressão pela venda de milhões de sacas de arroz abaixo do limite suportável de preços, que já ultrapassamos se o custo foi R$ 39,00 e os preços são R$ 35,00. As garantias estão todas nos bancos mesmo”, entende.

Ainda segundo ele, a prorrogação daria quase na mesma coisa, mas sem o risco de um custo ainda maior. “Hoje se você paga o custeio, pode se habilitar a receber outro em alguns dias, mas junto vem aquele pacote das reciprocidades, inclusive ilegais, te obrigando a contratar seguros, títulos de capitalização, consórcios, e provavelmente a juros maiores. E muita gente não vai conseguir pagar porque o seu produto não tem valor de mercado. Por outro lado a indústria acerta as contas logo após a safra, quando os preços estão baixos. Precisamos buscar uma média”, resume.
Representantes defendem assembleia do setor

Pedro Paulo Barbosa, da Cooperativa Agropecuária Costa Doce, que também participou do encontro entende que a Federarroz deve chamar uma assembleia geral para tratar do assunto, como historicamente o fazia. Espera que a entidade reconheça o problema e dialogue com o setor para construir coletivamente um plano de ação para discutir estes temas com a cadeia produtiva, governo e instituições de crédito.

Paulo Salerno, dirigente arrozeiro e cooperativo em Restinga Sêca, informa que na região a situação não é diferente das demais zonas arrozeiras gaúchas. “Há uma retração forte no mercado, compras muito pontuais, preços de referência apenas, e produtores bastante preocupados com a alta dos custos e a necessidade de ofertar para fazer frente aos compromissos de pagamento das contas”, resume.

O presidente do Conselho Consultivo da Federarroz, Renato Rocha, afirma que a Federação já tem conhecimento do problema e que a diretoria está justamente realizando estas reuniões regionais para ter mais subsídios.

“As demandas do setor estão sendo avaliadas em busca da melhor maneira de buscar um denominador comum”, frisa. Ele considera a situação preocupante, mas assegura que as entidades do setor produtivo vêm trabalhando para garantir os recursos necessários e neutralizar aqueles fatores que agem negativamente no mercado.

18 Comentários

  • Ainda insistem em falar que se colheu a 2º maior safra da história, baita asneira, colheita abaixo do normal. Para os melhores observadores filas mais reduzidas nos portões de industria e secadores em relação ao ano passado nesta colheita.
    O que está escancarado para quem não quer enxergar; é que toda essa situação é reflexo dos leilões da CONAB, desde setembro a dita, famigerada Companhia Nacional de Abastecimento, sem a mínima consideração com os produtores, embora após reiterados pedidos de ponderação para leiloar seus estoques, foram jogados no mercado interno em torno de 100.000 ton/mes. Isto ocorreu até janeiro/fevereiro, véspera da colheita.
    Como que 600 a 700 mil toneladas quase uma safra cheia; não afetaria a presente safra ? praticamente duas safras em um só ano agrícola .
    É notório que as industrias no inicio da colheita ainda possuíam estoques, ao contrario dos anos anteriores.
    Espera-se bom senso nestas horas, alongamento de custeios é positivo, porém nem cogitar cometer os mesmos erros de comercialização (vender a este governo) como aconteceu recentemente, o resultado está aí. Sofremos agora os desmandos e desgoverno da presente administração.
    A solução mais do nunca, é exportação.

  • O pessoal da indústria agora fica bem quietinho no canto… Só de Miguezinho… Ninguém vem agora falar que os produtores são incompetentes… que estamos chorando de barriga cheia… tão se lavando !!! É uma pena que só agora os lavoureiros começaram a se mexer… Em março quando eu avisei o que ia acontecer todo mundo ficou em silêncio e ng deu bola… Ano passado não ouviram e se atracaram a plantar o que não deviam… a colheita no geral foi de 7.500 kg/ha… Se iludiram com os pré-custeios anunciados em abril que virão para poucos e fortes… O governo virou o cocho… as regras mudam todos os anos… as enchentes acabaram com muitas lavouras… os custos dispararam… a quebradeira vai ser geral… o crédito retraído e caro… E só agora a Federarroz começou a se mexer… Esperar para ver o que acontece esse é o lema da maioria dos arrozeiros… Prorrogar os custeios é apenas prorrogar a agonia nisso concordo com a Federarroz… Esse ano o arroz vai subir no tarde, mas bem no tarde… Não adianta prorrogar para agostou ou setembro que não vai ter o efeito esperado… Os EGFs vencem junto e embolam o meio-de-campo… E mesmo que suba para os R$ 37 não vai cobrir os custos… E o banco não vai emprestar dinheiro sem garantias reais ou aval forte… A crise vai abraçar forte meus colegas… De 4 em 4 anos o pega ratão é armado… E muita gente não aprendeu isso… Não esperam ajuda de governo, de indústria, de bancos… Eles só vão querer receber… A saída é exportar… Mas ninguém faz nada para que isso aconteça… temos que mandar embora esse arroz que entrava nosso mercado durante a colheita até meados de outubro… E quem não quer plantar soja… Que fique criando uns boizinho… Situação muito delicada.

  • O que acontece é muito simples, o governo está sem estoques e sem dinheiro, não liberou custeio e a Indústria, por sua vez, se aproveita desse fato e passa a tripudiar em cima do produtor baixando o preço muito abaixo do custo de produção alegando que __ estamos fora do mercado …. ___tem muita oferta … __não conseguimos repassar o preço… tudo balela !!!! tudo combinado!!! ACREDITEM ESTÁ TUDO COMBINADO EM REUNIÕES !!! O DISCURSO ESTÁ AFINADÍSSIMO E INCRIVELMENTE É O MESMO DE TODAS. Eles estão com o arroz colhido no RGS em seus armazéns e fazendo uso do mesmo, espremendo ao máximo o preço, isso vai deveria perdurar até o fechamento do 2º trimestre, em junho, quando devem fechar o balancete, mas com essa política esmagadora, estamos perdidos… não tem fiscalização alguma, e não tem interesse em fiscalizar pois a indústria patrocina muitos dos políticos que representam os produtores . É muito triste e desanimador, nos falta representatividade. Em plena safra fiz uma pesquisa no supermercado e pude constatar que duas grandes indústrias, em Pelotas, comercializavam suas principais marcas a R$ 11,00 e R$ 9,00 (5kg), hoje, esse mesmo arroz está sendo comercializado a R$ 15,00 e R$ 12,00, respectivamente, registraram um reajuste médio de preços de 35%, na época pagavam R$ 38,00 o saco de 50 kg de arroz casca hoje pagam R$ 35,00 ou menos, uma baixa de 8% no arroz casca vejam bem a diferença no resultado!!!! sem contar que 25 a 55 % do arroz vendido, por muitas indústrias, são oriundas de compras futuras, ou seja, não tem lastro. Esta tudo “armado” só não vê quem não quer … falta de recursos do governo, pressão baixista da indústria, sem exportação…. o produtor mais informado está vendo claramente o que está acontecendo, porém estamos de mãos atadas.

  • Todos sabíamos que a crise iria bater em nossas portas, pois há tempos não temos renda, os custos aumentando e os produtores falando e sabendo o que viria. Agora, depois de uma mobilização de alguns as Entidades estão começando a fazer algo, mas tarde demais. Nossa parte é fazer muita pressão para que os representantes façam o que deveriam fazer há mais de um ano, antes das eleições. E mobilizar toda a cadeia produtiva do setor a começar um grande levante para tentarmos reverter o caos no setor da agricultura, não apenas na lavoura de arroz. E sinto que podemos é contar apenas com a união de todos os produtores rurais, pois seremos os primeiros a ser atacados por este projeto de poder que nosso pais está a sofrer. Tudo com o aval dos nossos representantes eleitos que venderam sues representados a corja que desgoverna nosso Brasil. E abram os olhos com muitas Entidades de Classe.

  • Muito bom comentário dna, Stella, a sra demonstra conhecimento da causa arrozeira do nosso estado. Precisamos de pessoas com o seu raciocínio e atitude que diga o que tem quer dito para os próprios produtores e as entidades representativas, o marasmo que nos envolve atualmente é carente de ´lideres e representantes que realmente vistam a camiseta dos produtores e executem a suas funções com firmeza. Precisamos urgente de uma mobilização , organizada por representantes que realmente trabalhem pela classe e não digam sempre ” amém ” aos desmandos do governo e imposições absurdas das indústrias.

  • É seu Carlos realmente a crise chegou… constato isso pq o pessoal que estava sumido há 2 ou 3 anos voltou… tempo das vacas gordas o pessoal se achica… tempo das vacas magras o pessoal vem reclamar que não temos liderança… Lideranças temos até demais… O que não temos é planejamento… é compromisso com os produtores… Há quanto tempo se debate aqui que temos que exportar… Pois bem… o governo prioriza o embarque da soja em detrimento do arroz… quando mais precisamos de renda o governo vem e “congela” os preços com leilões absurdos… quando mais precisamos que a indústria seja parceira ela vem e nos pucha o tapete… quando mais precisamos dos bancos, eles vem aumentam os juros e ficam mais exigentes… Mas temos que seguir… O problema não é liderança… O sr. pode ter certeza disso !!!

  • meus sinceros cumprimentos a todos os debatedores do planeta arroz,pessoas de bem e que querem o bem de toda a classe. apenas uma simples colocaçao do atual momento orizicola , o que temos hoje e uma industria mafiosa, totalmente nociva aos agricultores e um governo frouxo e perdido, pois quebrando o campo estara colocando o pais num precipicio. hoje a industria sabe tudo o que o produtor colheu, o que plantou, o que pretende plantar, e principalmente seus compromissos e seus vencimentos, entao e so jogar, e jogar eles sabem muito bem, sempre a favor deles e claro. so existe uma unica maneira de equilibrar essa desvantagem que e a lei da oferta e da procura, que e resumindo diminuir areas de arroz e buscar alternativas de cultivos como milho, e principalmente soja por varios motivos tambem , que o mercado se regula normalmente.

  • CRISE REQUER AÇÃO

    Toda força física tem imediatamente uma reação proporcional, com fundamento básico das ciências físicas universal. Pois, assim demanda que tomemos ação imediata, diante da crise crônica do endividamento arrozeiro. Esse endividamento, muitos de nós sabemos as suas causas, porém, o mais incrível é ver a resistência de forças e do fogo amigo dentro da trincheira que a cada crise em que o custo de produção supere em muito o preço do produto arroz, faz surgir como uma fúria sem controle. Prontamente forças não tão ocultas se voltam com fins para abatumar toda e qualquer reação que possa mudar a atmosfera de desgraça que cerca o produtor de arroz. É evidente que emerge deste clima de que alguns poucos estão em ganhar muito com a desgraça da esmagadora maioria. A máxima de que existem ingênuos nesse mundo, naufraga na medida em que alguns falsos espertos podem ainda imaginar que o produtor acostumado com lida da porteira para dentro. possa seguir sendo manipulado como boneco de trapo e enganado. Profundo engano Senhores! Quando se trata do assunto da economia familiar. E o preço do arroz conjugado com o preço de produção, reduz essencialmente a isso, na sustentação das nossas famílias.
    Coesão e união dos produtores parece o maior medo e o grande pesadelo dessa meia dúzia que sustenta o atual projeto de poder que se instalou nesse país. Horrendo deve ser o imaginar desse gente de que o produtor rural, especialmente, o arrozeiro, venha falar um dia a mesma língua, nos mesmos desejos, ir buscar na união da classe um único foco e objetivo.
    De outro lado, vergonhosamente os representantes políticos que se dizem representar a classe arrozeira votaram favorável em aprovação mais de 75% dos projetos desse governo que nos aniquila. E ainda temos de engolir a presença de alguns deles em nossas reuniões, como se nada estivesse acontecendo, assim como assistir a bajulação das nossas lideranças para com essa gente que só nos causam prejuízos de maneira repetitiva.
    A proposta dos EGF’s no momento é vergonhosa, inadmissível e, sobremaneira, ruinosa ao produtor.
    É mais do que para ontem que nos levantemos para poder seguir existindo como produtores e brasileiros que têm como essência a dignidade. Chega disso tudo, não temos mais de suportar esses discursos que de longe refletem a nossa triste realidade.
    Se não houver mobilização, teremos dia e hora contados para deixar para trás todos os nossos esforços e sonhos de gerações.
    A nossa união numa mobilização da classe será a única mola mestra para impulsionar alguma mudança nesse cenário de horror.

  • Senhor Alessandro, me fale em qual País comunista a agricultura vai bem ou foi bem? Alias nada dá certo em regimes marxistas como o nosso. E me entristece muito este povo não se dar conta do abismo que estamos direcionados por uma corja do Congresso Nacional, do PT e das Entidades que estão quase lavando os pés do desgoverno. É muito triste ver tudo isso e nós estarmos como grandes covardes no silencio. Acho que não adianta escolhermos essa ou aquela planta ou alternativa. Acho que devemos nos levantar contra essa corja. e lutarmos como brasileiros dignos para defender nossa liberdade.

  • ainda não chegamos no fundo do poço mais vamos chegar logo logo só ai que nos agricultores talvez vamos planejar o quanto podemos plantar e quanto gastar , este senário que ai esta por culpa nossa que plantamos demais gastamos antes de ter o dinheiro não planejamos nada apenas plantamos isso tem que acabar.

  • É isso ai pessoal, vamos comprar tratores, colheitadeiras,e vamos abastecer as industrias com arroz na colheita e deixar elas trabalharem com o nosso arroz,pois esquecemos de aproveitar os juros baratos do governo e comprar silos pra estocar nossa safra,agora já estão lotado não tem onde colocar mais arroz,e o que nos resta é chorar pelo que deixamos de fazer .

  • Perfeito Sr. Jairo é bem essa a realidade… Tem muito produtor que adora bancar o NOTA GRANDE e quando está encalacrado é o primeiro a berrar. Não são todos, mas tem muitos… Esquecem de planejar e na realidade acabam empatando o mercado… Isso acontece pela DESUNIÃO da classe, como já falei aqui é um querendo engolir o outro, enquanto as indústrias são organizadas e unidas, o governo e os bancos também e, o varejo mais ainda… Entregamos 75% da colheita para as indústrias porque não temos depósitos… Até nas exportações são eles os que mais lucram… Nesse ponto o Sr. Alexandre definiu muito bem tempos atrás (temos os competentes e os incompetentes)… Ele não deixa de ter razão no que diz (reconheço)… Temos os que acumulam gordura e os que não acumulam e acabam quebrando nos tempos de crise… E a crise chegou… Mas o que eu mais me indigno seu Jairo é que o pessoal faz festa de abertura de colheita, festa do arroz, festa daquilo e deixa transparecer que a coisa está muito bem quando não está… Se trabalha em cima de mera expectativa… E a lei da oferta e da procura sempre desequilibra em favor do lado mais forte que é a indústria e os bancos… Somos reféns desse sistema perverso. Qual seria a saída? a curto prazo: – exportar (trancaram o embarque e 3/4 do arroz já está na mão da indústria), – reduzir arroz e aumentar soja (tem muita gente reticente e não quer mudar), – desconcentrar o arroz da mão da indústria com silos e galpões próprios (o pessoal prefere trocar de camionete, comprar tratores e colheitadeiras)… Depender eternamente de políticas governamentais mostra a fragilidade do setor e a falta de capacidade de lidar com o endividamento… Quem não é do ramo tem que sair do negócio e fazer outra coisa… Não adianta plantar se não tem estrutura, se não está capitalizado, se não tem recursos e nem tecnologia suficiente… Plantar arroz atualmente é para os organizados, pros capitalizados (que podem suportar as oscilações de mercado)… O governo (desde o final da Ditadura Militar) mudou de lado… Prefere apoiar o sistema financeiro e manter os agricultores reféns das margens baixissimas de lucros e dos grandes riscos da atividade… Arrisco a dizer que é a agricultura que mantém a economia desse país viva… Até 1986 não tinha lavoureiro mal, podiamos não colher uma safra por seca ou enchente e não quebravamos… 1986 foi o divisor de águas… Os juros subiram e começou a nos comer por uma perna… Em 1992 veio o Mercosul e esculhambou com tudo… Até hoje não conseguimos sair da ciranda financeira… Mas o que eu quero dizer é que se não sairmos dos bancos, das CPRs, das dívidas com fornecedores, de tudo o que se paga juro caro e, se não pararmos de investir naquilo que nos deixa uma margem pequena de lucro pelo risco constante não tem como produzir… Chegou a hora de parar e refletir se vale a pena seguir plantando… Se não é melhor parar e começar do zero… Quem planta 200 quadras… Que plante 50, mas com dinheiro próprio… Vai gerar desemprego vai, vai gerar redução de tributos vai, vai gerar uma série de consequência ah com certeza vai… Mas temos que saber perder uma batalha para ganhar a guerra… As vezes é melhor recuar e unir forças para depois avançar… Temos que parar de municiar o inimigo (falso amigo que nos derruba quando mais precisamos)… O governo precisa sentir a crise… o comércio a falta de compradores… a indústria precisam sentir de arroz… São sempre os arrozeiros quem sentem os maiores efeitos negativos da Lei da Oferta e da Procura… Faz 5 anos que eu falo aqui… Todo lavoureiro tem que ter seu silo próprio… secador… galpão… caminhão… etc…A única coisa que fica difícil ter é um avião… mas o resto, todos tem que ter o seu para plantar… Deixar de 20 a 30% para a indústria (frete, impureza, rendimento, secagem, depósito) é SUICÍDIO gente… Depois não adianta reclamar… Tem muita gente que cavou a sua própria sepultura… Cresceu o olho quando deveria ter se sossegado… Tudo na vida tem um preço… O preço caro tem caído na conta dos arrozeiros !!! Pessoal peço que me perdoem se as palavras que escrevo são duras, mas a realidade é essa… Ano passado eu e mais uns 3 ou 4 colegas alertávamos para o que poderia ocorrer se plantássemos mais que 1 milhãs de hectares… Muita gente acreditou na armadilha dos R$ 37… Vi centenas de hectares que ano anterior estavam verdes de soja (muito bonita por sinal para várzeas que só haviam recebido arroz anteriormente) serem plantadas com arroz esse ano… Porque mudaram ??? Porque o pessoal aumentou a área nas demais regiões? Porque o pessoal entregou arroz nas grandes indústrias sendo que havia espaço oscioso nos armazéns credenciados pela CONAB (que são muitos) ? São coisas que eu não entendo e talvez jamais vá entender… Agora vai ser correr atrás do leite derramado… Sentar no colo do governo e dos bancos… E rezar para que o dólar estabilize ou suba e não tenhamos arroz de fora no segundo semestre… Arroz americano U$ 400/ton x R$ 3 o dolar = R$ 1200 a tonelada = R$ 1,2 kilo x 50 = R$ 60 por saco + TEC + Comissões + Fretes + Taxas… Esse arroz não chega no Brasil por menos de R$ 70,00… Se meus cálculos estão errados me ajudem !!! Desculpem a prolixidade… Mas está difícil de conviver com a situação.

  • Realmente Flávio, concordo contigo, plantar arroz hoje é para quem está estruturado, com silos para armazenagem, frete próprio, mão-de-obra(cada ano pior), etc.. Entregar na indústria é suicídio. Plantamos em Dom Pedrito e vamos reduzir a área plantada de arroz em 50%, vamos aumentar a de soja, porque vender arroz a R$ 34,00 é cavar a própria sepultura.

  • plantar arroz a este valor e omesmo q fazer roleta russa. vaiq asorte acabe

  • só falam agora que vão diminuir a reduzir a área plantada so que chega setembro o arroz melhora um pouquinho de preço pronto,a esperança volta de bons preço para o próximo ano, já que o vizinho falou que ia plantar menos eu vou me dar bem vou plantar mais e assim vai um ciclo vicioso que nunca se acaba.

  • O que não dá para entender é que em 06/05/2015 a notícia era de que o mercado tinha boa liquidez, e depois, em 15/05/2015, a notícia é de que o mercado tem falta de liquidez. Uma das notícias deve estar equivocada, pois é um prazo muito curto para uma mudança tão brusca.

  • muito simples e realista a colocaçao do sr. flavio, o momento atual e para pensar e muito. tempos atras o governo fez o mesmo com os produtores de trigo, hoje se importa a maior parte e se paga em dolar, e o pior que ja teve ate campanha para voltarem a plantar trigo. lei da oferta e da procura .

  • O que Seo Jaime falou é a mais pura realidade, mas quem assimilou que essa situacao voltaria , já está com soja e gado pra não ficar refem do arroz . Agora é quase tarde pra se organizar pra tal finalidade, porque não nos organizamos antes pra debater o que vamos plantar ? e quanto vamos plantar? nos só sabemos remediar, mas não aprendemos a prevenir ainda. OU PLANTEMOS MAIS SOJA OU VIVEMOS AGARRADOS NA SAIA DO GOVERNO.

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