Maio de preços em queda, baixa liquidez e aumento de oferta

 Maio de preços em queda, baixa liquidez e aumento de oferta

Safra gaúcha está finalizada, maior do que o esperado

Vencimentos de custeio em menos de um mês, dificuldades na exportação, indústrias estocadas e com baixo capital de giro e safra maior que a esperada fazem o mercado enfraquecer as cotações.

Uma conjuntura inesperada, que soma diversas variáveis contrárias à valorização do arroz em casca – e por consequência ao beneficiado – vem fazendo estragos na cadeia produtiva neste primeiro trimestre pós-safra. O indicador de preços do arroz em casca do Cepea/Esalq registrou na última sexta-feira (22/5) a cotação média de R$ 35,00 para a saca de 50 quilos (58×10) no Rio Grande do Sul. Pelo câmbio do dia, a saca vale US$ 11,33.

Na segunda-feira, dia 18, valia R$ 35,04, mas na quarta-feira já havia alcançado R$ 34,71, acumulando 2,66% de queda. Mas, uma recuperação gradual na sexta-feira retomou parcialmente os valores e entra na última semana acumulando queda de 1,88%. Estamos falando de valores do arroz colocado na indústria. Apesar dessa referência no mercado livre, há negociações reportadas entre R$ 31,00 e R$ 33,00. Poucas, mas que envolvem até arroz de 60% de inteiros. Em Santa Catarina a média de preços fica entre R$ 30,00 e R$ 31,00 na maioria das praças. No Mato Grosso, cotações entre R$ 35,00 e R$ 37,00 para a saca de 60 quilos (55% de inteiros).

A conjuntura atual é pouco favorável à recuperação imediata dos preços, levando em conta que aproxima-se o primeiro vencimento do custeio oficial, dia 15 de junho, e que muitos produtores estão forçando a venda para quitar os financiamentos obtidos diretamente com fornecedores de insumos ou compradores de grão. A safra maior do que o esperado, em cerca de 500 mil toneladas – que está concluída – as dificuldades para exportar – levando em conta a inoperância do terminal da CESA em Rio Grande – e a conjuntura internacional, as indústrias estocadas e com o capital de giro comprometido com os estoques, também colaboram para essa baixa condição de liquidez.

Nos últimos dias Planeta Arroz testemunhou ofertas – por parte dos produtores – de arroz com média de 60% de grãos inteiros por valores até mesmo abaixo de R$ 33,00 para vencimento em 15 dias e volumes de 5 a 10 mil sacas. E as ofertas foram rejeitadas pelas indústrias por falta de espaço para armazenar e/ou disponibilidade de capital para efetivar a compra. Esta situação levou o Sindarroz a também solicitar liberação de recursos, por parte do governo federal, para capital de giro. Já houve sinalização positiva, o que não é garantia de liberação e negócios.

A indústria, no momento, está “entre o rochedo e o mar”. Por um lado tem a pressão do produtor e por outro lado a do varejo, que não aceita repasses e agora pressiona por menores preços levando em conta a queda das cotações. Só que a indústria se abasteceu com preços maiores do que os atualmente praticados. Esta semana um industrial afirmou para Planeta Arroz que boa parte das empresas de médio e pequeno porte está “empatando ou até perdendo” neste momento, esperando recuperação ao longo do ano.

A atual conjuntura mostra claramente os gargalos do setor, que devem ser trabalhados pela cadeia produtiva. Na próxima semana uma reunião da Câmara Setorial do Arroz, em Brasília, debaterá preço mínimo – novamente – com o objetivo de assegurar um piso referencial para o produto acima dos valores até agora praticados, bem como a liberação de recursos e um Plano Safra adequado à realidade dos agricultores.

Neste período, fica evidente também que mesmo entre os produtores, não se fala a mesma língua, com posições divergentes entre as entidades e alguns grupos de lideranças. Claro que sob o risco de uma crise, as posições antagônicas se sobressaem e os conflitos ficam mais evidentes.

A tendência do mercado é manter-se entre estável e em queda na última semana de maio, mas com uma situação nova. Na última sexta-feira foi anunciado que o governo federal poderá divulgar um processo de equalização dos juros em 6,5% e liberar, sob estas taxas, R$ 600 milhões para custeio antecipado aos produtores, o que daria maior fôlego ao mercado e evitaria a necessidade de ofertar grão por parte dos arrozeiros que têm acesso a crédito oficial. De outra banda, o setor ainda busca que as organizações financeiras diluam em quatro meses – julho a outubro – a parcela do custeio que vence em 15 de junho. Por hora, os bancos não mostraram interesse na proposta, mas as negociações se intensificam nesta semana.

 MERCADO

 A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preço médio de R$ 34,50 para a saca de arroz de 50 quilos no Estado, enquanto o beneficiado, Tipo 1, alcança R$ 72,00, sem ICMS. Houve queda de R$ 1,00 na última semana. A tonelada do farelo de arroz colocada em Arroio do Meio (RS) se mantém em R$ 310,00, enquanto a saca de 60 quilos de canjicão se mantém em R$ 44,00 e a quirera em R$ 39,00.

5 Comentários

  • Essa baixa é inevitável em vesperas de prestacões de contas. Mas espera-se que o governo se agilize pra ajudar de alguma forma, porque quando subia ele soube atrapalhar com os leilões, justamente qdo o produtor teria uma chance de se capitalizar. Pois bem, agora muitos já se deram conta que mal vai dar pra quitar as contas, porque com estoques baixos esperavam precos melhores, mas uma variável de precos de prioridade maior é os precos mundiais que estão em baixa. Depois de o governo federal ter lesado em muito os produtores, como é que fica as manutencões do maquinário, onde as lojas de pecas não vendem. E os empregados que vão ser dispensados pra contencão de despesas, e muitos nem vão ter seguro desemprego. ESSA QUADRO VAI LEVAR A UMA DIMINUICÃO DE ÁREA OBRIGATÓRIA. SDS.

  • …..Agora estão vendo o que é trabalhar no prejuízo né? Estou falando a mais de 1 ano que não conseguimos repassar os custos e estamos trabalhando com margem negativa e quando empatamos estamos felizes……Estive no Norte agora e os preços só fazem é baixar. SC, MT e GO estão nos dando de laço, ou seja, esqueçam de aumento de preços meus amigos pois o governo que vocês votaram não tem a menor intensão de que os preços aumentem….FATO!!!

  • Seu Antonio Paulo… Porque a culpa é só do governo??? Eu acho que ele tem parte… Mas não é só dele… Os produtores tem culpa… A indústria tem culpa… O varejo tem culpa… Seria a famigerada Lei da oferta e da procura culpada também… O revanchismo não faz bem a ninguém… Concordo que chegamos a um período de gargalo… Como todos os anos ocorreu nos meses de colheita até final de agosto meados de setembro… A questão diferencial e crucial é que nesse ano o crédito arroxou em função do tal de ajuste fiscal para dar alguma credibilidade as contas desse governo ( crédito esse ficou mais caro e escasso fato que eu avisei em outubro do ano passado quando o pessoal ainda não tinha plantado – dava tempo de desistir ainda mas produtor NOTA GRANDE não planeja simplesmente se atraca )… E a indústria sabendo disso está comprando o que conseguir de arroz barato (se puderem vão tentar baixar para R$ 30 em seguidinha)… Por outro lado, como bem colocou o seu Elton Machado (num comentário que li por aqui): “Quem é que fiscaliza esse arroz (papel) a depósito nas indústrias?”… Com relação ao varejo é a velha história: tendo arroz e feijão barato sobra mais pro pessoal comprar a cervejinha na promoção… Mas o que mais me impressiona são os produtores que plantam com recursos de CPRs… Esses sim eu não entendo porque não pararam de plantar ainda… E cada vez mais cresce o número de produtores que trabalham o ano inteiro para enriquecer as indústrias… Num circulo vicioso de endividamento que não acaba mais… Sugiro ao IRGA, IBGE e Federarroz que são bons em divulgar números fazer um estudo completo de quantos produtores plantam com recursos próprios, quantos plantam com crédito oficial e quantos plantam com recursos de CPR (que para mim é uma forma de AGIOTAGEM INSTITUCIONALIZADA na produção do arroz)… O problema está ai… Algumas indústrias (as muito capitalizadas) estão cada vez mais ricas com essa atividade… Seriam as CPRs o objeto social dessas empresas? Não sei… Outras coisa que estão muito estão enganados os “Nostradamus do arroz”… O mercado vai mostrar que não foi colhido 500 mil toneladas a mais esse ano… Esperem chegar a entre-safra… Esse ano muita gente quebra… Muitos vão aumentar área com dinheiro de CPRs… Ano que vem param também… Aliás no ano que vem ( e o governo já está de olho para aumentar seus estoques públicos por isso estuda aumentar o preço mínimo que não passará dos R$ 33 creio eu) a quebradeira vai se geral como foi em 2010… O joguinho é mais previsível que o EL NINO… Então se alguém tem um pouco de juízo e está mal das pernas já agora que pare e pense antes de fazer M… bem grande… Lembrem-se sempre daquele velho ditado que está muito em voga nos dias atuais: PLANTE QUE O JOÃO GARANTE… MAS PLANTE POUCO QUE O JOÃO É LOUCO… não preciso nem dizer quem é o JOÃO !!! ABRAÇO A TODOS.

  • tem toda razão seu flavio evandro mais como colocar na cabeça dos produtores que se plantando 10% a menos de arroz ,os preços aumentariam em 30% simples assim.

  • Seu Antonio Paulo, o sr. sabe o que esta falando, pois deve ter comprado alguns lotes do arroz leiloado pela CONAB não é mesmo ? é bem provável que tenha entrado a colheita e o amigo com estoque bem regular não é ?assim como grande parte das indústrias.
    Aproveitem o momento, pois será muito transitório, estamos vivenciando uma realidade artificial, que muito em breve será desnuda.
    O volume colhido anunciado pela CONAB e demais órgãos mau intencionados, para influenciar o mercado, muito em breve verse-a que não tem a mínima veracidade.

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