Brasil alcança 600 mil toneladas exportadas em seis meses

 Brasil alcança 600 mil toneladas exportadas em seis meses

Produção gaúcha já foi quase toda comercializada quando os preços resolveram melhorar

Média permite projetar 1,2 milhão de toneladas embarcadas nesta temporada. Ótima notícia é o terceiro maior superávit em sete anos, somente de março a agosto/15.

Se os preços do arroz já estavam firmes e em recuperação, a notícia divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) nesta terça-feira (8/9) fez a cadeia produtiva do Rio Grande do Sul comemorar ventos ainda mais favoráveis: apesar de toda a crise de preços internos enfrentados neste primeiro semestre do ano comercial 2015/16, o Brasil alcançou 600 mil toneladas de arroz (base casca) exportadas nesta temporada e um superávit de 337 mil toneladas ao longo do ano.

As duas notícias são excelentes, uma vez que mantendo essa média mensal o País poderá alcançar 1,2 milhão de toneladas do cereal exportadas neste exercício, e também poderá alcançar o melhor resultado líquido da balança comercial em pelo menos sete anos.

Apesar da oscilação do dólar em novos patamares frente a maior parte das moedas do mundo, com uma valorização significativa, e o fato de o Brasil ter uma desvalorização do Real ainda mais forte por conta da crise política nacional, o que deve afetar ainda mais os custos de produção da próxima safra, a toada que leva a moeda estadunidense para o patamar de R$ 3,80/US$ 1,00, vem ajudando na exportação do cereal em casca e quebrados.

Mais do que isso, essa nova relação cambial vem derrubando as importações brasileiras, especialmente do Mercosul. Com isso, os vizinhos da Argentina, Uruguai e Paraguai – que domina as vendas para o Brasil – precisaram reduzir dramaticamente suas vendas para o grande mercado consumidor das Américas.

Ocorre que com o novo patamar do dólar e a desvalorização do Real, uma saca de arroz em casca de 50 quilos equivale a valores abaixo dos 10 dólares, valor que está abaixo do custo de produção na Argentina e no Uruguai e na margem do desembolso, mais custos fixos, do fazendeiro paraguaio. Acaba não compensando a venda. Com isso, as importações brasileiras nesta temporada somaram apenas 263 mil toneladas, sendo mais de 50% com origem paraguaia.

Em agosto, o Brasil embarcou 117,29 mil toneladas do cereal em base casca para o mercado global, e recebeu apenas 35 mil toneladas, o menor volume adquirido ao longo do ano comercial 2015/16, que iniciou em março passado e vai até fevereiro do ano que vem.

Com o salto das cotações em dólar, agosto marcou um avanço de praticamente 70% nas vendas externas. Países da África predominam nas compras de arroz quebrado do Brasil, enquanto a América Central e a América do Sul adquirem arroz em casca. Com esse comportamento no mercado externo, o preço ao produtor pela saca deve manter-se firme e em recuperação ao longo do mês.

Nesta terça-feira (8 de setembro) o indicador de preços do arroz em casca Cepea/Esalq – Senar bateu na casa dos R$ 36,22, acumulando 1,2% de recuperação no mês. Pelo câmbio do dia, equivale a US$ 9,49. O valor, como frisamos anteriormente, é inferior ao custo de produção dos demais países do bloco.

O que chama a atenção é que tanto na Argentina quanto no Uruguai, as cadeias produtivas estão trabalhando mecanismos de incentivo junto aos governos, para tentar neutralizar a falta de competitividade neste momento, ao mesmo tempo em que buscam mercados que melhor remuneram, como o do Oriente Médio e Europa. No Brasil, em contrapartida, o governo gaúcho está propondo a majoração dos impostos estaduais, inclusive incidentes sobre o arroz.

Com superávit na balança comercial, estoques públicos praticamente zerados, o cenário começa a desanuviar para os arrozeiros, pelo menos aqueles que conseguiram “embarrigar” o vencimento dos créditos de custeio para novembro e dezembro, e aqueles que têm arroz guardado nos silos.

Com as indústrias saíndo em busca de produto com maior intensidade, o rizicultor – embora preocupado com os trabalhos finais de preparação do solo – diante de uma expectativa de frente fria que chegaria no final desta semana trazendo frio e intensas chuvas ao RS – vem segurando um pouco mais a produção e demonstrando pouco interesse em ofertar alguns lotes. E a pedida pela oferta de lotes de 5 mil sacas a 10 mil sacas, nunca é menor do que R$ 37,00, livre.

Hoje o produtor já encontra bases para pedir até R$ 38,00 para 21 ou 30 dias. E algumas empresas chegam perto disso para determinados lotes e determinados clientes.

No momento o produtor está mais preocupado com o plantio, mas mantém os radares direcionados para os movimentos da indústria, dos estoques públicos e, especialmente, das exportações. Com isso, espera-se um final de ano melhor para que ainda segurou algum produto para comercializar.

Sobre o El Niño, a preocupação vem aumentando – razão da intensa movimentação de máquinas nas lavouras para antecipar o plantio. Atualmente, boa parte das barragens da Depressão Central, Campanha e Fronteira-Oeste estão abaixo da média para esta época, o que não garante uma repetição de área.

A falta de recursos por parte de alguns e o setor de fertilizantes alegando que houve uma retração superior a 10% na demanda anual e haverá atraso na entrega, leva a crer que a produtividade gaúcha deverá ser menor nesta temporada.

A expectativa é de uma safra nacional dentro da normalidade, entre 12 e 12,5 milhões de toneladas, baseada principalmente no Rio Grande do Sul, que deve colher em torno de 8 milhões. A concentração na entrega dos fertilizantes e defensivos tendem a atrapalhar os processos

5 Comentários

  • Se exportassem 150 mil toneladas por mês seria melhor ainda… Iriam embora 2 milhões de toneladas por ano e ninguém precisaria diminuir área para os preços ficarem estáveis. É um longo caminho. Arroz bom nós temos. tem que controlar a qualidade do que sai. E que nossas entidades representativas briguem por um terminal exclusivamente arrozeiro. Não precisa ser em Rio Grande. Pode ser em Tapes, Camaquã, em qualquer ponto da Lagoa dos Patos como o seu Juarez tanto brigou… Aliás como está aquele projeto do terminal exportador??? Engavetado pelo atual governo??? São essas coisas que nossas entidades representativas tem de fazer andar, se interessar… Melhorou bastante, mas está longe de ser ótimo. Ainda não temos o que comemorar e nem alardear aos quatro cantos. Não temos meta, mas quando atingirmos a meta teremos que dobrar essa meta… abraços do Boi Corneta!!!

  • sò quero ver qual Governador vai dar valor aos arrozeiros, colocando um terminal exportador para o arroz aproveitando o que temos de bom, e em abundancia ajudando o estado arrecadar mais num produto de valor agregado e bem fiscalizado. parabéns ao Juarez Petry por esta briga continua para sair um porto arrozeiro

  • Calma pessoal dólar já vai passar do r$4,00 e Nigéria ta vindo buscar arroz nosso a mais de u$10,50
    R$40,00 nem é mais preço com a suba dos custos precisam vender a u$12,00 ou r$50,00

  • Calma seu Diego, Nigeria é só para aparecer na foto e mostrar que eles podem um dia voltar a comprar do Brasil. Como o dólar em relação ao Real na Nigeria o Kobo ou Naira como é chamada a moeda deste pais desvalorizou em relação ao dólar 68%, ou seja, não esta tão barbada assim importar arroz do Brasil. Quanto ao seu saco de arroz a R$ 50,00 e Sr. Pode ficar esperando, sentado por favor. De pé ficará cansado!! Temos muito arroz ate a safra. É só as industrias pararem geral de comprar e o produtor precisar de dinheiro que o Sr. irá ver o que irá aparecer de arroz!!!!

  • Seo Ruschel o sr. por acaso tem industria em Cacapava do Sul? Eu só conheco a Cotrisul na redondeza . E se as industrias pararem de comprar a maioria dos produtores vão plantar soja ou criar gado como muitos já o estão fazendo. SE NÃO HOUVER CONSUMIDOR , ACHO QUE DAÍ A INDUSTRIA DEVA PARAR DE COMPRAR ARROZ. Acho que R$50,00 possa ser até utopia porque o consumidor tá descapitalizado, mas se depender de nós nos organizarmos e plantarmos menos não será impossivel. Sds.

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