Resultados promissores

 Resultados promissores

Pecuária: pastagem rotacionada com arroz e soja traz vantagens ao sistema de produção

Sistema que reúne lavoura e pecuária traz ganhos para a cultura do arroz em terras baixas no RS
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As primeiras experiências com sistemas integrados de produção agrícola no Brasil documentadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tiveram início no final da década de 1970, ainda na época de abertura do Cerrado. Nesta primeira abordagem do sistema, os agricultores plantavam arroz num primeiro ano e, na sequência, cultivavam pastagens por dois ou três anos.

De lá para cá, o sistema, então denominado de integração lavoura-pecuária (ILP), passou a ser adotado em outras regiões do país, guardadas as devidas características de cada local. No Rio Grande do Sul, o conceito de ILP vem sendo abordado como uma importante estratégia de fomento à diversificação na Metade Sul. Um bom exemplo deste trabalho é o protocolo experimental “Sistemas integrados de produção agropecuária em terras baixas”, iniciado em 2013 na Fazenda Corticeiras.

O engenheiro agrônomo e coordenador do projeto Felipe Carmona explica que os sistemas de produção agropecuária em estudo envolvem as variáveis diversidade e intensidade de modo a representar modelos de produção para os diferentes cenários nas terras baixas do Rio Grande do Sul. “Nesse projeto estão testados cinco sistemas de acordo com as características dos modelos de produção vigentes em terras baixas no RS”, informa.Segundo ele, o projeto, que em 2015 está entrando no terceiro inverno, tem mostrado, no que tange às lavouras de verão, resultados bastante promissores.

“Após duas safras, chama a atenção o comparativo entre as produtividades no Sistema 1, que compreende o monocultivo de arroz sob preparo convencional, e no Sistema 2, monocultivo de arroz no verão e azevém sob pastoreio animal no inverno, em plantio direto”, observa.

Carmona descreve que o rendimento do arroz sob plantio direto tem sido levemente superior, a despeito do senso comum de que o cereal cultivado em sucessão ao azevém pode ter seu rendimento prejudicado por um hipotético efeito alelopático da forrageira sobre as plântulas de arroz, além da possível imobilização de nitrogênio pela palhada.

“Neste caso, os patamares de produtividade têm superado a marca de 10 toneladas por hectare”, garante. Já em relação à soja, presente nos sistemas 3 (safra 2013/14) e 4 (safra 2014/15), ambos cultivados em plantio direto após pastagem de inverno pastoreada, os rendimentos também têm sido bastante satisfatórios.

“Na última safra se atingiu a marca de 3,9 toneladas por hectare em média. Deve-se ressaltar que neste projeto, assim como é feito com o arroz, busca-se realizar a semeadura da soja num intervalo exíguo pós-dessecação da pastagem de inverno, o que depende das condições climáticas e operacionalidade”, diz o engenheiro agrônomo. Esta prática, conforme Carmona, não tem afetado o rendimento da oleaginosa, tendo em vista os resultados obtidos.

“Esse se constitui num dos grandes paradigmas que está prestes a ser quebrado”, estima.

MANEJO
Outro paradigma que está por cair diz respeito ao efeito do pisoteio animal sobre o estabelecimento das culturas de verão. “Assim como comprovado em ambiente de coxilha, o correto manejo da pastagem e da lotação animal demonstra não haver efeito de compactação do solo que represente limitação às lavouras também em um planossolo, que é o tipo de solo mais representativo no cenário de cultivo de arroz no RS.

E isto é muito significativo. Sem contar o efeito excepcional da rotação arroz-soja em plantio direto sobre o controle de arroz vermelho em apenas um ano de rotação”, avalia Carmona.
Afora os resultados referentes ao rendimento de grãos, a equipe de fertilidade do solo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) tem investigado a dinâmica de alguns indicadores de qualidade do solo em função dos sistemas aplicados.

Após 18 meses, considerando um verão e dois invernos da adoção dos diferentes sistemas, os pesquisadores verificaram que os sistemas afetaram a qualidade do solo de diferentes maneiras: “O Sistema 5, que corresponde a azevém, trevo e cornichão nos invernos e campo de sucessão nos verões com o retorno do arroz apenas em 2016/17, foi aquele que apresentou os melhores indicadores de qualidade do solo, isto é, maior índice de manejo de carbono, mais carbono lábil, maior atividade enzimática e menor quociente microbiano”, compara o coordenador do projeto.

Esse sistema, na análise de Carmona, além de ser em plantio direto e ter a inserção do animal, possui a maior diversidade de culturas dada pelo pastejo em campo nativo de verão e de três espécies de pastagem no inverno. “Assim comprova-se que o plantio direto, a diversidade de culturas e a inserção de animais são manejos que promovem o aumento da qualidade do solo mesmo em um curto espaço de tempo, ou seja, apenas 18 meses”, assegura.

FIQUE DE OLHO
O projeto “Sistemas integrados de produção agropecuária em terras baixas” está sendo desenvolvido através de uma parceria público-privada entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Embrapa Pecuária Sul (Bagé), Embrapa Clima Temperado (Pelotas), Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA) e Irga, tendo como campo experimental uma área de 18 hectares na Fazenda Corticeiras, em Cristal (RS).

 

DIA DE CAMPO
Os resultados obtidos até agora com a adoção da ILP no estado poderão ser mais bem avaliados no 3º Dia de Campo de Inverno do projeto “Sistemas integrados de produção agropecuária em terras baixas”, que será realizado no dia 18 de agosto, na Fazenda Corticeiras, em Cristal. “O programa deste dia de campo inclui visita às quatro estações técnicas montadas no campo, além de depoimentos de produtores referência em integração lavoura-pecuária de diferentes regiões orizícolas do RS. Este espaço, aliás, será ampliado para maior participação do público”, destaca Felipe Carmona.

De acordo com o roteiro técnico elaborado para o Dia de Campo de Inverno, a visitação terá início na Estação 1, que apresentará uma contextualização do projeto para que os visitantes possam acompanhar os resultados alcançados nas lavouras de verão da safra 2014/15.

A Estação 2 vai abordar o plantio direto (PD) como alicerce dos sistemas integrados de produção.
O tema da Estação 3 será o animal como catalisador de processos em sistemas integrados de produção.Na sequência, a Estação 4 irá mostrar a relação entre a produção animal e a otimização da drenagem superficial em terras baixas.

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