3 mil genomas com acesso gratuito
Pesquisadores ganham acesso on-line ao mapa genético de 3.024 variedades de arroz do instituto internacional Irri
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A maior base de dados sobre genética do arroz, pertencente ao Instituto Internacional de Pesquisas em Arroz (Irri), sediado nas Filipinas, está disponível gratuitamente on-line para pesquisadores e estudantes.
A iniciativa tem por objetivo contribuir com a evolução genética da planta nas diferentes regiões do planeta e com uma nova revolução verde para a cultura, dentro do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura (ITPGRFA). O anúncio foi realizado em evento da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) em Roma, na Itália.
As informações sobre a sequência genética de 3.024 variedades de arroz agora podem ser acessadas através do sistema da Amazon Web Services, uma plataforma de informática em nuvem. O chefe do centro de recursos genéticos do Irri, Rory Hamilton, disse que o banco de dados será uma base importante para que o desenvolvimento de novas cultivares se torne mais rápido e mais fácil, especialmente diante da necessidade que se cria a partir da evolução de uma mudança climática e da tendência de crescimento da população mundial, portanto, da demanda.
“Metade da população mundial depende do arroz, portanto, é crucial que se desenvolva uma segunda revolução verde nesta cultura. E rápido. Agora o processo está em andamento”, resume.
Segundo Hamilton, as novas variedades podem ser de maior rendimento, mais nutritivas e mais resistentes a pragas, doenças, secas ou inundações, por exemplo. Mas o grande destaque, para o dirigente, é o fato de que uma tarefa que costumava levar 20 anos, que é a criação de uma cultivar com as características desejáveis pelo agricultor, a indústria e o consumidor, agora pode ser feita em dois ou três anos.
A primeira “revolução verde” – o desenvolvimento das variedades de culturas de maior rendimento, particularmente trigo e arroz – ocorreu entre os anos 1960 e 1990 e recebeu créditos pela prevenção de enormes carências alimentares. O sequenciamento genético e análise inicial para o novo banco de dados foram financiados por doações do Ministério Chinês da Ciência e Tecnologia. Este é o maior banco genético de uma cultura agrícola liberado gratuitamente via rede mundial de comunicações.
O gesto deu impulso à criação de um sistema global de informação sobre os recursos fitogenéticos que contém informações sobre como acessar amostras de material e sementes nos bancos de germoplasma existentes. “Não podemos esperar que todos os programas, cada banco genético do mundo, reprojetem suas informações para coincidir com algum padrão internacional. O que nós precisamos é de interoperabilidade para criar portais nos quais os bancos de dados de todos possam se intercomunicar. É isso que o sistema global propõe”, explica Robert Zeigler, diretor-geral do Irri.