Mercado em compasso de espera por leilão da Conab

 Mercado em compasso de espera por leilão da Conab

Produtor intensifica manejo das lavouras e aguarda definição do mercado

Oferta de 25 mil toneladas na sexta-feira mantém a comercialização morna na primeira semana de fevereiro, mas volume é insuficiente para produzir queda significativa nos preços.

O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul “amornou” desde a última sexta-feira com o lançamento de editais de leilões públicos de oferta de arroz por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a próxima quinta-feira, dia 5. Serão ofertadas 25 mil toneladas do cereal em casca, depositadas em território gaúcho.

Embora o volume não seja significativo para mexer com o mercado – em torno de 5% das necessidades mensais do país, o impacto psicológico já se fez sentir, na medida em que travou um momento de elevação mais célere das cotações. Tanto quem pretende vender seus estoques remanescentes – ou parte deles – quanto quem quer comprar, espera o referencial de preços do leilão para definir sua estratégia.

Com o Preço de Liberação de Estoques (PLE) definido em R$ 36,57 para as 100 mil toneladas que a Conab está autorizada a leiloar este ano, somente no final da tarde de hoje a companhia deve divulgar o referencial de preços de abertura dos lotes que se concentram em Camaquã, Dom Pedrito, Júlio de Castilhos, Mata, São Borja, São Gabriel, Santa Vitória do Palmar e Uruguaiana.

O indicador Esalq – Senar/RS, depois de alcançar a cotação referencial de R$ 42,39 à vista por saca de 50 quilos, em casca, (58×10) colocada na indústria, na quinta-feira passada (28/1), perdeu preço em moeda brasileira na sexta e na segunda-feira, quando retornou para R$ 42,23, acumulando no período uma regressão de 0,4%.

Em dólar, porém, os preços tiveram elevação: de US$ 10,41 para US$ 10,64, por causa da oscilação cambial e a moeda estadunidense cotada abaixo de R$ 4,00. A expectativa inicial é de que o leilão reflita os preços do mercado, entre R$ 40,00 e R$ 42,00 dependendo das características de cada lote.

O lançamento do leilão, que pode ser seguido por mais três operações de oferta de 25 mil toneladas, surpreendeu a cadeia produtiva. Isso porque o setor não esperava que com apenas 115 mil toneladas estocadas, a Conab tomasse a decisão arrojada de praticamente zerar seus estoques.

Mas, a companhia tem outra leitura para o momento: em primeiro lugar precisa reduzir seus custos operacionais, que são muito altos com o carregamento de estoques, em segundo lugar, precisa de resultados e a venda do produto põe dinheiro em seu caixa, e, por fim, entende que o mercado brasileiro será naturalmente regulado com os estoques excedentes do Mercosul.

Tanto que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está em negociações avançadas com a área econômica do governo federal e instituições bancárias, para criar uma linha de crédito para a importação de pelo menos 500 mil toneladas de arroz. O capital de giro e crédito para as compras é uma demanda da indústria arrozeira que já completa um ano. Com o resultado, fica claro que o lobby funcionou perfeitamente.

Privado

A Bolsa Brasileira de Mercadorias e as entidades parceiras já estão retomando o diálogo para a realização de leilões privados de oferta de arroz entre fevereiro e março. O objetivo, ao longo do ano, é realizar ao menos um leilão mensal com volumes entre 50 mil e 100 mil sacas de arroz em casca. O programa Arroz na Bolsa foi considerado positivo em 2015, quando foram realizados seis leilões e comercializados mais de 70% da oferta a preços superiores à média do mercado.

Pré-Custeio

A boa notícia da semana é apenas parcial. Já estão disponíveis nas agências bancárias R$ 10 bilhões para crédito de financiamento para a comercialização da safra, o chamado pré-custeio. No ano passado a falta destes recursos desregulou completamente o mercado, impediu mais da metade dos produtores de segurarem o arroz a espera de valorização e forçou uma liquidação na safra que gerou uma superoferta.

Isso resultou numa desvalorização de até 20% nos preços do arroz no primeiro semestre e vendas abaixo do custo de produção para muitos produtores, ampliando o endividamento e as dificuldades da cadeia produtiva. No primeiro dia houve movimento, mas os produtores ainda consideraram o nível de exigência e garantias para acesso ao crédito muito altos.

Pegadinha

A pegadinha da semana fica por conta do governo federal, que prometeu em dezembro isentar de pagamento das bandeiras tarifárias os irrigantes. A lei 13.203/15 concedeu apenas um desconto proporcional (70%) no horário reservado das 21h30min às 6h, sobre o valor da bandeira vigente.

Pelo menos a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou na semana passada a redução dos valores das bandeiras tarifárias das cores amarela e vermelha (a mais alta) a partir de fevereiro.

A amarela terá redução de R$ 2,50 para R$ 1,50 a cada 100 kW por hora, enquanto a vermelha foi subdividida em dois patamares: 1=R$ 3,00 e 2=R$ 4,50 por quilowatt/hora.

Quebra

Além da quebra aproximada de 15% na expectativa de produção da safra gaúcha 2015/16, cujos números em área serão apresentados pelo Irga ao Ministério da Agricultura esta semana, a área de soja em várzea vem sofrendo com as intempéries.

Estima-se que na Depressão Central um volume de até 70% da área cultivada no cedo foi atingida por enchentes ou o excesso de chuvas com prejuízos que vão e 25% a 100%.

Algumas lavouras foram replantadas em janeiro, aproveitando uma janela de estiagem, mas os produtores estão muito preocupados com as notícias que dão conta de que o frio chegará mais cedo ao Estado, com indicativos que coincidir com o período de floração.

Os preços internacionais continuam registrando ligeira queda, sobre o ano passado, mas em reais, o negócio compensa. Com pré-custeio, soja e os bons valores praticados no mercado pecuário – apesar da alta significativa nos preços do gado magro e terneiros – o produtor gaúcho pode retomar o controle da comercialização em 2016.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de 41,50 para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58×10), à vista, no Rio Grande do Sul. O produto em sacas de 60 quilos (branco, tipo 1) alcança R$ 85,50 sem ICMS (FOB).

Os quebrados mantêm-se valorizados, com o canjicão na faixa de R$ 51,00 e a quirera em R$ 44,50, ambos em sacas de 60 quilos. A tonelada do farelo de arroz é cotada a R$ 460,00 colocada em Arroio do Meio (RS), polo de produção de rações e consumo pela avicultura e suinocultura.

O leilão da Conab e o anúncio do levantamento de quebra da safra de arroz, com números oficiais do Irga, mais a divulgação da pesquisa de safra atualizada da Conab na próxima semana, quando também serão anunciados os volumes de exportação e importação, determinarão os próximos passos do mercado.

O certo é que a indústria está buscando formas de fortalecer os seus estoques e os produtores esperam um último fôlego de alta nos valores de mercado, durante a entressafra, para comercializarem a parcela final do grão remanescente da temporada passada e a última limpeza de silos para depositar a nova safra.

Na Abertura da Colheita do Arroz, em duas semanas, em Alegrete, a expectativa é de que o governo anuncie um modelo de recuperação das dívidas dos produtores atingidos por enchentes, redução das bandeiras tarifárias, e sejam assinados os primeiros contratos de pré-custeio, ainda que simbolicamente. O secretário-executivo do MAPA, André Nassar, deve comparecer. A ministra Kátia Abreu está convidada, mas ainda não confirmou presença.

7 Comentários

  • E aí Federarroz ? não está na hora tomar uma atitude mais forte em relação a tanto desmando, desmerecimento da classe, engôdos , vilanias e sacanagem ?
    Saco a preço vil é quebradeira geral, pois a produção será baixíssima, não cobriremos nossos custos e vamos novamente pagar a conta de por comida barata na mesa do povão, com mais endividamento.
    Qual o clima para festividade de abertura de colheita com tanta aberração, pipocando neste mês ? convidar esta ministra dita cuja da agricultura ?
    Ficaremos na mesmice sonolenta de todos os anos ?

  • Acho que não tem muito o q limpar silo, já q com a quebra vai sobra lugar, a indústria q não contém muito com isso pq arroz bom ninguém pretende vender por menos R$45,00 livre.Sds. E os leilões da CONAB deve ser pra racão animal, pelo preco apresentado. Sds.

  • Leilão na colheita é pra acabar com o colono.

  • Com todo respeito a opinião apresentada, tenho que discordar, primeiro porque a notícia saiu na sexta-feira, mercado de segunda-feira é sempre de espera, hoje feriado, ou meio feriado em muitas cidades, não dá ainda para medir qualquer influencia no mercado pelo anuncio, acho que é uma expressão de vontade…. segundo porque o mercado em Camaquã na segunda era comprador, inclusive com algumas indústrias procurando e sem referenciar qualquer situação do leilão… e terceiro e o mais importante…será que a venda de arroz da safra 10/11 como o ofertado em Camaquã pode fazer alguma diferença??? lotes que sobraram de leilões anteriores e em volume muito abaixo de fazer qualquer ação baixista, e correndo o risco de os lotes com qualidade serem muito disputados…além de tudo isso a oferta total é dez por cento do que uma safra atrasada, como a deste ano vai quebrar….vamos deixar de colher alguma coisa como 1 milhão de toneladas…Santa Catarina que já está colhendo, colhe uma safra muito abaixo do normal.. o Paraguai que já está colhendo, a previsão é de uma redução de 30% em relação ao ano passado…..em relação a recursos para importar do mercosul, quantas empresas podem tomar???? as que podem já tinham esses recursos disponíveis….portanto…papo furado!!!! Colegas produtores, o mercado está na nossa mão, vamos tomar pré-custeio, negociar com fornecedores, adiar o máximo possível a comercialização porque os preços vão ser crescentes durante o ano… com teto nos preços do mercosul, mais frete…algo como U$ 12, dólar a 4,00/4,20 (a ultima agencia que ainda não rebaixou o Brasil,chega essa semana, e deve rebaixar), arroz americano, sem frete, preços de sexta, R$ 49,20, mercado internacional sobre forte influencia das perdas do el nino e com tendencia de alta. Vamos vender só a necessidade, exigir preços remuneradores….que ótimo se a Conab terminar definitivamente com os seus estoques, pois eles hoje representam apenas ameaça, nenhuma possibilidade de influir no mercado!!!!!

  • Nos bancos escolares aprendi que a diminuição da pressão arterial aliada com o aumento da frequencia cardíaca, tinha somente um significado: morte. Será que o Sr. Carlos Nelson está com a razão? Um ano com com preços abaixo do custo de produção, aliado a quebra de safra, significará o quê? ………………………….. Aqui fica um espaço não só para a Federarroz, mas também Farsul e Irga responderem. Mas acho que o espaço não será preenchido, pois é Carnaval e logo, FESTA DE ABERTURA DA COLHEITA………

  • espero que todos os compradores façam uma boa compra….

  • Pergunta aos comentaristas acima: viram os preços do leilão???? quem será que trabalhou para isso????

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