Conab reduz ainda mais a estimativa da safra de arroz

 Conab reduz ainda mais a estimativa da safra de arroz

Volume de grãos: Brasil vai ter que buscar produto fora

Produção será de 11,47 milhões de toneladas, numa queda de 7,7% sobre a temporada passada. Consumo cai 200 mil toneladas e o estoque de passagem também foi diminuído por causa da boa participação das exportações.

Como não poderia ser diferente, e já era previsto pelos analistas e demais atores da cadeia produtiva do arroz, a quinta pesquisa da safra brasileira de grãos divulgada ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ampliou a previsão de queda no volume produzido na safra de arroz nesta temporada.

A queda foi de 7,7 sobre as 12,43 milhões de toneladas produzidas na temporada passada, indicando que na safra em andamento, o Brasil vai colher 11,47 milhões de toneladas, ou praticamente um milhão de toneladas a menos.

Serão 525 mil toneladas abaixo da projeção de consumo interno, segundo este levantamento. Ou seja, ao longo do ano o mercado terá que abastecer-se dos estoques – que deverão ser ainda mais enxugados – e das importações.

A estimativa é, ainda, 153 mil toneladas a menor do que as 11,63 milhões de toneladas previstas no levantamento divulgado em janeiro, mas referente às análises de dezembro. A pesquisa ocorreu quando as lavouras gaúchas estavam tomadas por enchentes, portanto, não havia como fazer uma previsão mais realista.

A Conab ainda considera que o Brasil plantará nesta temporada – o plantio vai até junho em algumas regiões – cerca de 2,13 milhões de hectares, enxugando em 7,4% os 2,3 milhões de hectares semeados em 2014/15.

O aumento dos custos, os baixos preços do primeiro semestre de 2015, a migração para culturas alternativas mais rentáveis em todo o país, mas principalmente a falta de água para irrigação no Sudeste, Centro-Oeste e Norte-Nordeste, aliadas às enchentes e chuvas acima da média no Sul, determinaram este comportamento.

No Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e até em Mato Grosso do Sul, muitos produtores simplesmente não conseguiram plantar uma parte das lavouras, outros perderam parcialmente ou totalmente o cultivo.

Ainda houve produtores que precisaram plantar três vezes a mesma área, atingidos por duas grandes enchentes.

A alta tecnologia utilizada nos cultivos irrigados, em especial no Sul do Brasil, evitará uma queda mais significativa em termos de produtividade. Cada hectare arrozeiro brasileiro deverá produzir 5,4 mil quilos, em média, apenas 0,4% abaixo dos 5.419 quilos/ha do ciclo anterior.

Além disso, uma parte importante das áreas que não foram plantadas, são marginais, ou seja, têm menores produtividades, seja por infestação de plantas invasoras – algumas resistentes – seja por estarem em áreas comumente alagadas pelos rios.

ESTADOS

O grande Estado produtor brasileiro, o Rio Grande do Sul, comanda o recuo da safra. Vai colher, segundo estimativa do governo federal, 7,88 milhões de toneladas, volume que equivale a uma redução de 7,7 no total de grãos produzidos perante a temporada anterior.

Este resultado é a soma da queda de 3,3% da área, para 1,083 milhão de hectares semeados, e da queda da produtividade média de 7,7 mil quilos para 7.273kg/ha. Mesmo com perdas significativas na primeira safra da região Norte, em Santa Catarina a Conab espera um aumento de 0,8% na colheita, para 1,065 milhão de toneladas.

Segundo a Conab, o clima para o plantio da safra foi, em geral, favorável, com a presença do chamado “Veranico”, antecipando o aquecimento do solo, fez os produtores anteciparem a semeadura do arroz. Em novembro e dezembro ocorreram chuvas acima da média no estado, com isso os reservatórios de água estão cheios, bem como os rios que fornecem água para irrigação possuírem volume adequado para fornecimento às lavouras.

No final de janeiro, 39,4% das lavouras estão na fase de desenvolvimento vegetativo, 33,9% encontram-se na fase de floração, 12,5% na fase de formação de grãos, 8,6% na fase de maturação e 5,7% já colhidos.

Na região Norte do estado são colhidas as primeiras lavouras e estas têm apresentado uma leve redução de produtividade em função de “falhas” de enchimento dos grãos devido ao sombreamento excessivo.

O clima chuvoso dos últimos meses tem prejudicado as aplicações químicas que visam controlar as pragas e doenças, mesmo assim o manejo é satisfatório e não causam maiores preocupações aos produtores. A brusone (Pyricularia grisea; Pyricularia oryzae) é a doença mais comum dos arrozais, está com pouca incidência e seu controle está sendo feito conforme o recomendado.

A safra de arroz em Santa Catarina indica redução de 0,2% na área plantada, com leve aumento de 1% na produtividade, para 7.220 quilos por hectare. O estado é o segundo maior produtor do país. Para o Mato Grosso, a Conab prevê uma safra de 566,2 mil toneladas, diante das 612,6 mil toneladas calculadas para 2014/15. O plantio de arroz primeira safra no Mato Grosso, que era previsto para novembro, foi concluído com atraso.

No que diz respeito à área plantada, estima-se redução de 12,6% em relação à safra 2014/15. Mesmo com o aumento de 5,7% na produtividade, para 3.444 quilos, a produção total será 7,6% inferior à safra passada.

A segunda safra, plantada logo após a colheita da soja, geralmente é maior do que a primeira. Mas, neste ano vai concorrer com os bons preços do milho, que entra em safrinha no Mato Grosso, o que pode reduzir o prognóstico inicial.

EXTERNO

A projeção da Conab é de que a balança comercial do arroz encerre o ano comercial 2015/16 – de 1º de março de 2015 a 28 de fevereiro de 2016 – com um superávit de 850 mil toneladas, sendo as exportações estimadas em 1,4 milhão de toneladas e as importações em 550 mil toneladas.

Enquanto isso, a Companhia manteve o seu histórico de, diante do quadro apertado que aponta na relação oferta e demanda, alterar o volume de consumo, sem um estudo mais apurado que dê maior consistência aos dados: desta vez, a projeção de demanda no mercado doméstico é de 11,8 milhões de toneladas (200 mil a menos do que no ano passado).

PASSAGEM

O quadro de oferta e demanda ainda revela um estoque de passagem estimado em 666,8 mil toneladas, baseado nos estoques públicos – 115 mil, sendo que 25 vão a leilão nesta sexta-feira – e privados, pouco mais de 550 mil t.

5 Comentários

  • Com relação à estimativa de produção para o norte catarinense eu acho que os tecnicos da Conab deveriam visitar as areas plantadas e que ja foram colhidas ou simplesmente nem foram colhidas por que não tinha o que colher que com certeza eles teriam uma projeção real da atual safra.

  • O pessoal da CONAB virou piadista e ao mesmo tempo ridículos, como que um país como o Brasil vai reduzir o consumo em 200.000 ton neste ano de 2016 ? Caiam na realidade vocês técnicos da CONAB, parem de falar asneiras e concentrem-se efetivamente no seu trabalho . Pelegos deste governo decadente.

  • Parece que o pessoal da Conab vive no mundo da carochinha começamos a colheita no Vale do Itajaí e as perdas chegam a 30 por cento,aumento de produtividade essa é boa.

  • estive no sul catarinense e participei de um dia de campo organizado pela cooperja e conversando com com varios amigos produtores, a frustaçao é grande quanto a produtividade das lavouras q ja foram colhidas ,esses técnicos da conab deveriam ouvir mais quem realmente esta no dia a dia acompanhando as lavouras.

  • Nada que vem do governo do PT é confiável, só falam aquilo que pode amenizar a crise, viram o ministro da saúde falando que o mosquito da dengue/zika tá sob controle. …é uma palhaçada o que falam, até a organização mundial da saúde tá preocupada com o descontrole e eles vem com essa mentira. ..GOVERNO TA SAQUEADO O POVO E MENTINDO PRA ESCONDER O CAOS NO PAÍS.

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