Até 15% da produção de arroz na região está comprometida

 Até 15% da produção de arroz na região está comprometida

Lavall: Até 50% de quebra

Perdas foram causadas pelas enchentes que prejudicaram o desenvolvimento da cultura.

As altas temperaturas e o sol forte que predominam no início de fevereiro marcam o melhor clima para o cultivo do arroz. Porém, produtores não tiveram as mesmas condições desde o começo da safra.

As chuvas fortes que causaram enchentes em outubro e persistiram até dezembro atrasaram o plantio e inviabilizaram o cultivo de áreas que chegam, em média, a 15% das do total semeado. Alguns produtores, com propriedades em áreas mais baixas, tiveram quebras ainda maiores, de até 90% das lavouras.

Na área cultivada por André Lavall, em Restinga Seca, a enchente destruiu 50% da área já semeada, com as chuvas de dezembro. Quando a água baixou, o agricultor voltou a semear metade do terreno, e espera que o atraso não diminua muito o rendimento, na hora da colheita. Enquanto produtores de regiões não alagadas já devam começar a colher na próxima semana, só daqui a 40 dias é que Lavall levará colheitadeiras para a lavoura.

– No fim das contas, a minha perda de área foi de 25%, na lavoura de arroz. Tive perdas na soja, mas menos. É o risco grande com um custo alto, uma angústia constante – diz Lavall.

Em Restinga Seca o levantamento de entidades ligadas à extensão rural contabilizou entre 14% e 15%, em média, de perda no arroz. Porém, o número não reflete a realidade. Nos 8 mil hectares mais atingidos pela enchente, a quebra chega a 29,5%.

– Há produtores que tiveram 80% ou 90% da área inviabilizada com as chuvas e é um prejuízo sem volta. Além disso, o tempo úmido que perdurou até janeiro ocasiona doenças, o que também deve impactar no rendimento das lavouras – diz o engenheiro agrônomo do Núcleo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) de Restinga Seca, Nelson da Costa Cardoso.

O problema é que as áreas onde o produtor resolveu plantar de novo em janeiro, as perspectivas de colheita não são boas. Além de estar fora do período indicado por conta do clima, a decisão não é amparada por seguros agrícolas.

Perdas distribuídas

As quebras nas lavouras de arroz da região são diferentes em cada local. Um levantamento junto aos 12 núcleos do Irga da região, que compreendem 27 cidades, mostra percentuais discrepantes. Mesmo na área de um mesmo núcleo há locais fortemente atingidos pelas enchentes, e outros que não foram afetados.

Lavouras cultivadas no sistema pré-germinado, em geral, não precisaram ser replantadas e devem ser colhidas dentro do período previsto. Isso ocorreu, por exemplo, no núcleo de São Vicente do Sul. Enquanto na sede foram 400 hectares perdidos, em Jaguari e Nova Esperança do Sul a perda não foi expressiva por conta do sistema.

Já o prejuízo será generalizado. Todo o investimento, a custo alto, foi perdido. Mesmo o lucro que virá da área cultivada tende a ser menor, por conta da quebra de produtividade, já considerada certa. Se os 163.765 hectares semeados pudessem ser colhidos normalmente, com rendimento médio de 7,2 mil kg por hectare (média de anos anteriores), renderiam R$ 956,3 milhões para os produtores (cotação atual do arroz, a R$ 40,55 a saca). Mas, como 14.818,11 hectares foram perdidos, um total de R$ 86,5 milhões não voltarão a ser recuperados.

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