Por causa do clima, perdas na safra de arroz chegam a 45%

 Por causa do clima, perdas na safra de arroz chegam a 45%

Produtores contabilizam prejuízos da safra

De acordo com o boletim agropecuário de janeiro da Epagri, a área plantada de arroz irrigado no Vale do Itajaí aumentou, mas a produção teve uma pequena queda de 1,31%. Não parece muito, mas os agricultores estão sentindo o impacto no bolso.

O campo meio verde, meio dourado do arroz pronto para ser colhido é a esperança do agricultor Francisco Antônio dos Santos, 64 anos, de ter uma safra com menos prejuízo. Vítima de uma doença no final de 2015, atrasou o plantio. Como ele começa a colher só agora, deve ter uma quebra de safra menor que os vizinhos da região do Morro Grande, em Gaspar.

A preocupação não é à toa. De acordo com o boletim agropecuário de janeiro da Epagri, a área plantada de arroz irrigado no Vale do Itajaí aumentou, mas a produção teve uma pequena queda de 1,31%. Não parece muito, mas os agricultores estão sentindo o impacto no bolso.

– Eu não estou tendo tanta quebra, ficou em mais ou menos 20%, praticamente a mesma coisa do ano passado. Mas quem colheu antes sentiu mais. Teve gente que teve quebra de 40%, 45% – conta Santos, que está colhendo em média 130 sacas de arroz por hectare (cada saca tem 50 quilos).

Apesar de ter menos prejuízo, Santos viu o vizinho agricultor como ele ter uma quebra maior. O produtor Sérgio Prebianca, 59 anos, fez a primeira colheita do arroz no final de janeiro e retirou de 80 a 100 sacas por hectare em média, o que representa para ele uma redução de cerca de 40% em relação a 2015, quando colheu cerca de 175 sacas por hectare. Agora, ele prepara a lavoura para a retirada da soca, como é chamada a colheita da segunda leva da safra:

– A gente coloca a ureia, adubo, tenta evitar as doenças, porque se a soca for boa a gente consegue tirar de 80 a 90 sacas (por hectare). Aí ajuda a aliviar o prejuízo que a gente teve.

Excesso de chuvas é o responsável pela perda

O principal responsável pelo prejuízo na safra foi o clima no final de 2015, com excesso de chuva e poucos dias de sol, já que não é só o tempo seco que é importante para o bom desenvolvimento do grão, mas também a luz e o calor.

– O clima foi o principal fator mesmo, o ambiente foi desfavorável ao desenvolvimento das plantas e ajudou na proliferação de doenças. Além disso, os muitos períodos de chuva atrapalharam os agricultores, porque eles não podiam fazer o controle necessário das pragas, então isso acabou causando todo esse prejuízo – explica José Alberto Noldin, engenheiro agrônomo e gerente da estação experimental da Epagri em Itajaí.

Além da quebra da safra pelas questões climáticas, os agricultores afirmam que o preço pago pela saca, de R$ 40, não é o ideal. Para Prebianca, muitas vezes o valor não cobre as despesas:

– Tudo subiu mais de 30%: ureia, adubo, combustível… Eu perdi mais de R$ 20 mil nesse ano, e com esse valor fica difícil trabalhar, porque além disso ainda tem os impostos, quem arrenda tem que pagar independente de colher ou não.

A expectativa dos trabalhadores é que o preço aumente um pouco no período de venda da soca. Para Santos, o valor ideal está na casa dos R$ 42 por saca:

– Eu acho pouco R$ 40, mas é o que estão oferecendo. Dizem que na soca vai melhorar, mas não acredito. Até subiu do ano passado pra cá, já que era R$ 33, mas ainda não cobre a despesa.

3 Comentários

  • Vao chorar pro bispo… Por que nao reduzem area??? Nao adianta aumentar area achando que iam lavar a baia porque os outros reduziram… Se lascaram… Avisei aqui e por isso me chamam de franco atirador pra diminuirem as areas plantadas… Cresceu o olho e os custos aumentaram… Tomara que aprenderam a liçao e plante milho ai no meio dos cerros… E se preparem que agora na colheita o arroz vai baixar pra 35 ou 36… Preço bom de novo se nenhuma tragedia ocorrer so em agosto!!!

  • Essa é a grande perda em que o setor se mete… todos os anos… sai ano entra ano e a mesma coisa… a pouco estavam prevendo arroz a R$50,00 a saca em plena safra, agora dizem que o ideal é R$42, com ressalvas em R$ 35,36… Uma verdadeira gangorra russa que faz desse setor um dos mais desorganizados e sofríveis das culturas do agronegócio…

    Segundo o IRGA, o custo de produção do arroz na safra de 2014-2015 esteve R$36,68, com o dólar cotado a R$2,63, sem os aumentos todos de energia elétrica, combustíveis e diminuição do crédito. Ou seja, na safra 2015-2016 com um dólar médio de R$3,80 para o período, aumento de 45% no custo da energia elétrica, aumento de mais 40% nos combustíveis e com o juros da selic em 14,5%. crédito escasso, partiremos de R$35 ou 36 o preço da saca de arroz em plena safra?

    Peço desculpas se estou dizendo bobagens aqui, mas com essa carga de informações oficias – custo de produção e perdas na safra devido ao El Ninõ -, se caso as previsões do senhor Flavio estiverem certas, certamente a cultura do arroz será luxo na próxima safra. Pois não há como arcar com essa defasagem. A não ser é claro, que as informações disponibilizadas para nós reles mortais, estejam equivocadas…

    Gostaria dentro desse contexto perguntar aos órgãos como IRGA, ou aos que estão inseridos dentro do processo do arroz, os números de custo de produção disponibilizados nesse link estão corretos :

    http://www.irga.rs.gov.br/upload/20150827150914custo_jan_2015_safra_2014_15_em_analise.pdf

    Cada vez mais difícil prever os movimentos do mercado desse produto de alto giro…

  • Fazendo uma correção aqui: o IRGA apontou um custo de produção para o arroz na safra de 2014-2015 de R$38,68!

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter