Mercado se mantém negativo no Rio Grande do Sul em fevereiro

 Mercado se mantém negativo no Rio Grande do Sul em fevereiro

Poucas lavouras estão próximas do ponto de colheita

Aproximação da safra, indefinição sobre as dívidas, grandes indústrias abastecidas e expectativa sobre importações do Mercosul mantêm preços oscilando abaixo das cotações alcançadas em janeiro. Indicador Esalq/Senar-RS alcançou o menor preço em fevereiro nesta terça-feira
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Na reta final do ano comercial 2015/16, que termina na próxima segunda-feira juntamente com o mês de fevereiro, o comportamento dos preços no mercado gaúcho se mantém negativo frente às cotações obtidas no final de janeiro. Um conjunto de fatores determina essa condição, que passa pela aproximação da colheita – que segundo o Irga chegou a 2,5% na última quinta-feira e segundo a Emater/RS chegou a 1% na mesma data –, grandes indústrias abastecidas para fazer frente ao primeiro bimestre do ano comercial e pagando pra ver quanto à expectativa de importação do arroz do Mercosul – talvez com recursos de linhas de crédito especiais do governo, segundo apontado pela ministra Kátia Abreu, da Agricultura -, razoável margem de ganhos na conversão da moeda pelo resultado das exportações e, por fim, a concentração da oferta de mais de 7 milhões de toneladas do grão no Estado.

O indicador de preços Esalq/Senar-RS fechou esta terça-feira (23/2) com a saca de arroz em casca, de 50kg (58×10), colocada na indústria, cotada a R$ 41,68, o equivalente a US$ 10,53, e mantendo a grande oscilação registrada ao longo deste mês. Foi o menor preço registrado pelo indicador em fevereiro.

Na segunda-feira, a mesma saca valia R$ 42,02, 34 centavos a mais, e equivalia a US$ 10,66. Essa “montanha russa” tem sido a tônica do mês de fevereiro. 

LEILÕES

Inicialmente a expectativa de novos leilões do governo em fevereiro segurou o mercado. A oferta acabou sendo de apenas 25 mil toneladas no início do mês, com venda de pouco mais de 21 mil toneladas. Era aguardado novo edital esta semana, para um leilão na semana que vem. Mas, até ontem, não havia nem sinalização do governo.

Depois do suspense sobre um segundo leilão de oferta de arroz dos estoques da Conab, o mercado entrou no compasso de espera, aguardando algum anúncio importante ou manifestação governamental que gerasse alguma referência sobre a comercialização na Abertura da Colheita do Arroz, em Alegrete (RS), mas nada aconteceu.

O governo entrou quieto e saiu calado.

E os produtores se resumiram a repetir pedidos anteriores, como alongamento das dívidas contraídas por arrozeiros afetados pela enchente, redução das exigências de garantias para a contratação de pré-custeio e melhorias no seguro rural e homenagear a governos, bancos e patrocinadores. E também cobraram maior liberação de verbas para o Irga, cuja taxa CDO, paga pelo setor, é retida no Caixa Único do Estado. Mas, sem efeito. As ações do Conselho do Irga e da Câmara Setorial, neste sentido, parecem ter gerado mais impacto.

Nem mesmo a discussão sobre a guerra fiscal entre os estados teve desdobramentos, já que a audiência pública do Senado contou apenas com a presença da senadora proponente, Ana Amélia Lemos, que já conhece a situação de cor e salteada, e a cadeia produtiva repetiu os mesmos pedidos ao Ministério da Agricultura, cuja ingerência na politica tributária entre União e Estados é insignificante.

Com isso, a leitura do mercado não mudou.

A expectativa é de uma oferta crescente – até pela dificuldade dos produtores em acessar crédito novo – imediatamente após a colheita, e porque a cultura da soja em várzea, que é uma alternativa de comercialização, teve um ano de baixa produtividade e redução de área, que uma eventual alta de preços internos baterá no teto equivalente à equivalência de importação – podendo superofertar o mercado – e que o governo brasileiro está mais preocupado em cesta básica barata ao consumidor do que na renda ao produtor – o que não seria novidade, e por isso poderá apoiar as compras externas ou, mover-se paquidermicamente, conforme seus interesses.

A associação destes fatores mantém os baixos estoques de passagem, estimados em 666 mil toneladas na próxima segunda-feira, pulverizados entre indústria, varejo e consumidores e produtores. O governo tem menos de 90 mil toneladas. O que está em poder dos rizicultores segue valorizado, mas não tanto quanto em janeiro.

Negócios de arroz de 62 de inteiros foram reportados em Alegrete, na quinta-feira passada, a R$ 44,00 a saca, mas de variedades nobres (Irga 417) da safra 2014/15. Comercialização de lotes menores de Irga 424, na faixa de seis mil sacas, também alcançou este patamar na Fronteira Oeste no final da semana passada. Em Cachoeira do Sul, Puitá CL foi negociado na faixa de R$ 40,00 livre ao produtor, mas em volumes baixos, de 3 mil sacos.

A expectativa é de que os preços continuem oscilando ao longo de fevereiro, de acordo com a inconstância do mercado.

SANTA CATARINA

Em Santa Catarina os preços se mantém acompanhando as cotações gaúchas, mas com a indústria ainda absorvendo a produção local. A quebra de safra no Norte do Estado preocupa as indústrias regionais, que precisarão adquirir mais produto ou no Rio Grande do Sul ou importar. E isso, associado à menor colheita gaúcha, origem de 500 mil toneladas (ou um terço) do volume processado nas plantas catarinenses, pode jogar por terra o interesse da classe industrial de estabelecer regras de qualidade para a matéria-prima adquirida. A demanda por volume, pode segurar o estabelecimento de critérios mais específicos quanto à umidade e defeitos. Preços médios de R$ 39,00 a R$ 41,00, dependendo da região, do andamento da colheita e do comportamento da safra, além do interesse da indústria.

INTERNACIONAL

No mercado internacional, a novidade da semana é a manutenção da demanda chinesa. A expectativa é de que o gigante asiático supere as 3,5 milhões de toneladas (base casca) importadas na temporada passada, oficialmente. Analistas internacionais insistem que, considerando o contrabando pelas fronteiras terrestres, a China já representa mais de 6 milhões de toneladas importadas anualmente. Embora o volume represente quase 15% de todo o mercado internacional – e boa parte desse grão seja curto – o volume representa menos de 2,8% da produção anual do país asiático, e cerca de 7% de seus estoques. 

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preços médios da saca de arroz de 50 quilos, em casca, no Estado, a R$ 42,20, estáveis. Já o produto em sacas de 60 quilos, branco, tipo 1, é cotado referencialmente em R$ 84,00, sem ICMS, com queda de R$ 1,75% na semana. O canjicão manteve os preços da semana passada, em R$ 51,00 por saca de 60 quilos (FOB). Mas, a quirera, também em 60kg/FOB, valorizou 2,3%, para R$ 44,50. O farelo de arroz, ainda bastante procurado em razão da valorização do milho e da demanda para exportação, é cotado a R$ 480,00 a tonelada do produto colocado em Arroio do Meio (RS), polo de produção de rações, aves e suínos.

3 Comentários

  • Acho que negativo vai ser o estoque de passagem pra próxima safra.

  • Só não se esqueçam que já tem navio no porto de Rio Grande pagando 45,00 com a tabela oficial da CONAB , que dá uns 5% de diferença da tabela orelhana do cartel, o que representa 47,25 posto em RIO GRANDE, vamos exportar pessoal , deixa que a indústria daqui que não quer nos valorizar compre arroz contaminado do Paraguay ou híbrido americano por u$12,00
    Precisamos começar a vender no mínimo a 50,00

  • Ooops, estamos de olho não me venham com notícias tendenciosas, contra fatos não há argumentos :
    Detalhe da Notícia
    Federarroz alerta e orienta sobre fundamentos de mercado
    Publicada dia 27 de Fevereiro de 2016 às 11:43:07 Federarroz alerta e orienta sobre fundamentos de mercado
    Prezado Produtor,

    A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), vem, por meio desta, atualizar produtores e associações sobre os fundamentos de mercado, vez que positivos ao setor:

    – Os estoques de passagem do Brasil ao final da safra 2015/2016 devem ser de 100 mil toneladas;

    – A produção total brasileira será inferior 300 mil toneladas em relação ao consumo;

    – O saldo comercial do arroz (março a janeiro 2016, exportações x importações) já supera as 820 mil toneladas. Isso é o equivalente a produção total do Paraguai;

    – Nigéria e Gana estão reabrindo o mercado para o Brasil;

    – Recentemente soube-se de negócio, nas proximidades do Porto de Rio Grande, de R$ 45,00;

    – Santa Catarina terá influência altista nos preços do RS. Na Abertura da Colheita do Arroz a Federarroz foi contatada por Trading com objetivo de organizar envio de arroz em casca para exportação pelo porto de Imbituba;

    – Santa Catarina trabalha com preços de R$ 42,00 a R$ 43,00/sc verde na lavoura, descontando somente impureza e umidade, ficando por conta do comprador o transporte e a secagem;

    – No litoral do Rio Grande do Sul, há notícias de negócios a R$40,50, verde na lavoura, fato que reverte na equivalência de R$ 45,00 na modalidade tradicional de negociação;

    – As importações não estão interferindo negativamente nos preços do mercado doméstico, devido ao dólar próximo a R$ 4,00;

    – Paraguai está buscando novos mercados, em função dos baixos preços do Brasil, e hoje há notícias do comprometimento de 180 mil toneladas para a Colômbia;

    – O arroz do Mercosul tem custado cerca de US$ 11,00 mais frete, enquanto o arroz Americano está valendo US$ 12,00 mais frete, arroz em casca 50 quilos;

    – A produção brasileira está adequada com consumo do país, garantida a segurança alimentar;

    – Banco do Brasil já opera com disponibilidade de FEPM e Pré-Custeio mesmo para produtores que ainda não iniciaram a colheita;

    – Os demais agentes financeiros, além do Banco do Brasil, também estão sinalizando com crédito de comercialização ou alongamento no recebimento dos custeios atuais;

    – Durante a Abertura da Colheita do Arroz em Alegrete, Ministério da Agricultura esclareceu que não adotará qualquer medida aptas á reverter queda de preços ao produtor;

    – A Federarroz tem realizado reuniões, principalmente com o Banco do Brasil, com objetivo de esclarecer demandas e procedimentos nas quais estarão divulgando assim que possível em seus canais de comunicação.

    Mediante o exposto, a Federarroz sugere aos produtores não aceitar ofertas abaixo de R$ 41,00 para produtividades acima de 7.500 kg/ha e R$ 44,00 para produtividades abaixo deste número, sob pena de não saldamento dos custos/despesas da safra atual. O efeito baixista do mercado é meramente posição especulativa que deve ser considerada pelos produtores como altamente nociva ao equilíbrio do setor, sendo que o momento é de escolhas qualificadas das relações comerciais estabelecidas pelo produtor.

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