O desafio da estabilidade
Um aspecto levantado pelo engenheiro agrônomo e pesquisador Felipe Carmona é a mudança de paradigma no que se refere à estabilidade das culturas de verão após a pecuária. “Um dos fatores limitantes à expansão da ILP é a ideia que o pisoteio dos animais pode levar a um processo gradual de compactação do solo. A adoção do pastejo moderado, entretanto, não causa prejuízo nenhum à lavoura que vem em sucessão. Seja esta de arroz, milho ou soja. Pelo contrário, o animal, nesse caso, estimula a produção de raízes e a melhoria em aspectos físicos do solo, o que tem reflexo sobre a dinâmica da água. É isto que estamos observando até o momento nos diferentes sistemas testados”, compara.
Conforme Carmona, o trabalho realizado até agora aponta para um salto extraordinário nas lavouras de arroz da Metade Sul do estado. “A lavoura de arroz é baseada na tecnologia de insumos, o que em boa parte dos casos não se traduz em sustentabilidade tanto em nível econômico quanto ambiental. Entretanto, os resultados obtidos com as pesquisas mostram que estamos caminhando para uma agricultura de processos baseada no plantio direto e na ILP, menos dependente do uso de insumos”, assegura.
O evento também abriu espaço para discussões técnicas com convidados especiais. Os produtores rurais José Mathias Bins Martins, de Mostardas, e Márcio Sanchez da Silveira, de Santa Vitória do Palmar, descreveram os benefícios e os desafios que ambos têm enfrentado na prática em seus sistemas de produção, que incluem a ILP, rotação arroz-soja e plantio direto em terras baixas.
Já o assistente técnico da Emater Edemar Streck falou sobre o Programa Estadual de Conservação de Solo e Água, lançado pelo governo do RS no final do ano passado, além de abordar temas como a remuneração ao produtor por serviços ambientais.