Uruguai busca abrir mercados para o arroz na China e no Peru

Negociações de preços entre agricultores e indústrias estão atrasadas e seguem sem referencial.

O Uruguai trabalha para abrir o mercado da China para o ingresso de seu arroz. A China é um dos países com maior consumo do cereal, que forma parte da alimentação básica de sua população. Ao mesmo tempo, são mantidas negociações para reduzir as tarifas de importação em outros destinos, como é o caso do Peru.

Ainda que a China consuma variedades de grãos diferentes, conhecidas como arrozes asiáticos, os uruguaios consideram que há nicho para os arrozes americanos – longo fino – colhidos no país do Mercosul. A meta da indústria uruguaia é buscar nichos específicos com preços especiais.

Neste sentido, poderia começar a certificar processos que atualmente são moeda corrente para os arrozeiros, como evitar a contaminação do meio ambiente, uma baixa emissão de gases de efeito estufa, além do fato de que o setor não planta variedades transgênicas.

Neste caminho, o Uruguai já conta com mercados quase históricos, como é o caso do Iraque, do Irã, da Europa, do Peru e do Brasil, ainda que venha incorporando outros clientes, como o caso da Colômbia para onde abriu um novo caminho de vendas. Mais de 70% do arroz produzido em cada safra é exportado, o que faz do Uruguai o sétimo produtor mundial de arroz. 

Tarifas

Entre as metas da cadeia arrozeira uruguaia está a de eliminar o baixar as tarifas de importação atualmente praticadas pelo Peru para o ingresso do cereal naquele país. Existem negociações encaminhadas neste sentido, mas praticamente paradas face ao período eleitoral no país andino.

Segundo confirmaram fontes do governo uruguaio ao jornal El País, foi pedido às autoridades peruanas a eliminação da base de preços tomada para fixar a sobretaxa sobre o cereal uruguaio em cada negócio.

As autoridades peruanas fixam um preço médio de ingresso do arroz e fazem uma comparação com o valor de venda uruguaio, o que faz com que haja diferenças grandes em relação a outros arrozes. São estas bases que estão em discussão. Com este método, o Peru acaba estabelecendo uma sobretaxa de 22% a 23% sobre o grão uruguaio, o que torna praticamente inviável as vendas para aquele mercado. 

Safra

A safra passada no Uruguai foi totalmente atípica, pois o arroz foi plantado fora da época recomendada para uma ótima colheita. Em algumas zonas do Norte e Leste do país foram castigadas por inundações. Em alguns casos houve perda total de algumas lavouras, em outros de rendimento. Ainda que em algumas regiões os rendimentos tenham sido bons, foram díspares em cada região e cada lavoura. Nos Departamentos do Norte, a colheita encerrou com números muito baixos comparados com as safras anteriores e os números das demais regiões ainda estão sendo computados pela Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (Aca).

Por outro lado, as dificuldades encontradas este ano para vender o cereal correspondente a safra anterior provocou um certo atraso nas negociações do preço provisório para o grão. Dias atrás, o vice-presidente da Associação de Cultivadores de Arroz, Hernán Zorrilla, assegurou que "não há uma negociação encaminhada com a Agremiação de Moinhos Arrozeiros (GMA) para anunciar uma tabela de preço superior à atualmente utilizada".

Deste modo, negou terminantemente que a indústria arrozeira uruguaia estaria oferecendo um preço de US$ 9 por saca de arroz de 50 quilos como valor para a safra 2014/15, quando na anterior o preço definitivo pelos produtores com os quatro moinhos foi de US$ 13,28 (devolução de impostos incluída) Esse valor se confirmou com US$ 12,81 de preço definitivo mais US$ 0,53 por devolução de impostos.

Os produtores seguem preocupados pelo preço que poderiam receber nesta temporada, enquanto nova tabela não é negociada.

(Traduzido e adaptado do jornal uruguaio El País)

3 Comentários

  • Ninguém mais quer vender arroz para o Brasil, nossas indústrias querem enriquecer comprando arroz barato, arroz não pode custar menos de u$16,00 no Mercosul para todos produtores

  • Pelo que conheço, a situação geral dos arrozeiros no país vizinho é bem pior do que a nossa. Custos altos e poucas indústrias impondo suas vontades. Lá ainda mais do que aqui, optar por outro cultivo seria uma solução. Mas o endividamento é tão grande que não conseguem parar de pedalar a bicicleta. Sds

  • O problema maior lá é se voce planta terras arrendadas pelas cooperativas, onde voce pode ter uma industria perto de sua lavoura, mas tem q entregar toda producão pra essa cooperativa que as vezes fica mais de oitenta quilometros e a questão é q o frete lá é bem mais q aqui no Brasil . E o combustível lá é bem mais caro q aqui, tbm. Muitas vezes vai um aventureiro lá, e as cooperativas qdo tem terras alagaveis, as vezes omitem esse detalhe, e qdo tiver o contrato feito, não tem mais o q fazer. Lá com certeza a situcão é muito pior q. aqui, porque as enchentes foram enormes, pq sei q tem um plantador lá q fez uma taipa de mais de quilometro na beira do rio pra salvar a lavoura. Esse tem terra própria lá, mas já t procurando terra aqui no Brasil, por condicões melhores q lá.

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