Cidades incham e apetite da África Ocidental por arroz aumenta

 Cidades incham e apetite da África Ocidental por arroz aumenta

Senegal melhora produção com variedades Nerica

Após quatro décadas importando esse produto básico, a região agora busca cultivar uma quantidade suficiente de arroz para atender à demanda doméstica.

O arroz está se tornando a comida preferida da África Ocidental. Após quatro décadas importando esse produto básico, a região agora busca cultivar uma quantidade suficiente de arroz para atender à demanda doméstica.

As colheitas de arroz na África Ocidental provavelmente atingirão a alta histórica de 14,9 milhões de toneladas neste ano, em comparação com 14,6 milhões de toneladas no ano passado, quando Senegal e Gana produziram safras recorde, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). A safra de Mali deverá crescer cerca de 8 por cento, e a produção de diversos outros países, como Costa do Marfim e Serra Leoa, aumentou todos os anos desde 2011, disse a Organização.

Os governos da África Ocidental começaram a investir no cultivo de arroz após a crise de alimentos de 2008, quando uma disparada mundial dos preços de produtos alimentícios desencadeou protestos violentos em cidades da Costa do Marfim, de Camarões e de Burkina Faso, disse Concepción Calpe, economista da FAO, em entrevista por telefone, de Roma.

"Vimos um grande aumento das importações e, ao mesmo tempo, da produção, porque o preço no mercado internacional estava muito mais alto", disse Concepción. "O medo provocado pela crise de alimentos levou muitos países da África Ocidental a investir pesado na produção".

Eles estão tentando atender ao crescente apetite por arroz que está surgindo às custas de produtos tradicionais, como mandioca e milho. A África Ocidental dependeu das importações de arroz oriundo da Ásia desde 1975, quando o consumo da população de crescimento acelerado começou a superar a produção. Hoje, à medida que os salários sobem e as cidades africanas incham, mais e mais pessoas comem arroz porque o produto é fácil de armazenar e de preparar, de acordo com Yacouba Dembele, diretor do Escritório Nacional para o Desenvolvimento de Arroz na Costa do Marfim.

Autossuficiência

O presidente senegalês, Macky Sall, disse em uma entrevista no mês passado que os governos deveriam pensar em aumentar o cultivo de arroz porque o produto se tornou um "alimento estratégico" desde que a China passou a importá-lo. Sall prometeu em diversas ocasiões tornar o Senegal autossuficiente em arroz até 2017, um plano que a oposição considera inviável.

Mas ele não é o único a ter esse objetivo. O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, quer que seu país seja autossuficiente em arroz até 2017. Muhammadu Buhari, da Nigéria, definiu 2018 como meta para que o maior produtor e importador do produto básico na África Ocidental acabe com as remessas que entram no país. Mali, Guiné e Serra Leoa já estão perto da autossuficiência, e a colheita de arroz de Mali cobre 91 por cento da demanda doméstica, de acordo com a AfricaRice, um instituto internacional de pesquisa com sede em Abidjã.

Como os líderes consideram que a autossuficiência é uma questão política fundamental, o produto básico se tornou político, o que significa que alguns dados oficiais sobre a produção talvez não sejam confiáveis, disse Concepción, da FAO. "Muitos dos dados estatísticos têm implicações políticas", disse ela. "Nem todos estão fundamentados em evidências fortes".

2 Comentários

  • Vejam srs. industriais, a importância do arroz na alimentação mundial.
    A demanda por este nobre cereal só tende a crescer, pois se trata para muitos países de reserva e segurança alimentar básica, e o governo esquerdista anterior em 13 anos de desmandos menosprezou e desdenhou dos produtores de arroz, principalmente os gaúchos. Mas a conta está chegando aos consumidores, as notícias de quebra de 14 a 16 % são totalmente inconsistentes, todos indiscutívelmente sabem que ultrapassa os 30 %, e os reflexos são bem evidentes, não há como segurar preços de uma matéria prima escassa. A FAO está bem ciente disto e já faz um alerta, inclusive recomendando critério ao analisar dados, pois os interesses políticos e financeiros são latentes.

  • Concordo plenamente com vc carlos nelson !

    indústria que tem a maior força no governo que deveria de ir em cima das autoridades para termos mais ajudas mas não eles querem só sugar os produtores eles não querem um produtor forte que não dependa deles eles querem um produtor fraco dependente deles.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter