Produtores uruguaios esperam renegociação com indústria

 Produtores uruguaios esperam renegociação com indústria

Zorrilla: média alta de produtividade mascara realidade de quem teve perdas

Arrozeiros tiveram que devolver 45 centavos de dólar por saca referente ao valor pago no ano passado e para a nova temporada o preço foi fixado em US$ 9,50 .

A Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA) propôs a formação de uma comissão que reúna produtores, industriais e governo para revisar os termos dos contratos de compra e venda determinados pelo sistema integrado adotado naquele país. No entendimento dos rizicultores, os contratos não contemplam singularidades como os danos climáticos que causaram intensos prejuízos à produção e perdas de até 100% em algumas áreas nesta temporada. Entendem que a maior pressão está justamente sobre os agricultores, que se tornam o elo fraco na cadeia produtiva diante das dificuldades de negociar crédito e preços e pelas fortes altas dos custos de produção.

“Essa desconformidade foi demonstrada em assembleia geral e em reuniões que realizamos com a indústria. Por ora, o acordo é de que os valores determinados poderão ser reavaliados em 30 de outubro, mas ainda não é uma condição satisfatória para os agricultores”, explica Hernán Zorrilla, vice-presidente da ACA. A entidade representante dos moinhos arrozeiros uruguaios determinou como preço definitivo do arroz na safra 2014/15 o valor de US$ 10,55 por saca. O valor provisório era de US$ 11,00. Isso determina que os produtores que haviam negociado o produto ao longo do ano passado por estes preços devolvam o equivalente a US$ 0,45 por saca à indústria. No valor total está incluído o reintegro (devolução de impostos por exportação de US$ 0,46). Os valores são referentes a 30 de junho de 2016. O Fundo Arrozeiro receberá 33 centavos de dólar por saca negociada.

Segundo a indústria, o preço provisório ficou mais alto do que o definitivo porque a negociação da safra passada foi muito complexa. “Ficamos quase seis meses praticamente sem vender arroz, com um mercado muito trancado e tivemos um estoque de passagem histórico. Cerca de 30% da safra foi vendida a valores muito abaixo do esperado para viabilizar o seu escoamento, diante da situação do mercado internacional. Isso fez com que a média de preços das exportações fosse baixa e reduzisse também o valor da matéria-prima”, reconhece Zorrilla. Segundo ele, não é a primeira vez que, dentro do sistema integrado de produção adotado no país, os arrozeiros tiveram que devolver dinheiro à indústria, o que é previsto nos contratos.

Para a temporada o valor provisório fixado é de US$ 9,50, o que segundo os produtores não cobre o custo de produção e não traz alento aos produtores que estão descapitalizados ou dependendo de refinanciamento por parte de um fundo governamental. A produção de arroz é estratégica para o Uruguai e representa sua segunda maior fonte de vendas externas, logo após das carnes. O arroz da variedade Tacuary, tem um sobrepreço de US$ 1,50 (para US$ 10,54) porque atende a um nicho de mercado especial do Peru.

O valor provisório é considerado baixo, mas os arrozeiros reconhecem que o produto comercializado de março em frente é, em sua maioria, remanescente de estoques da safra 2014/15. “Por sorte estamos vendo o mercado internacional em alta e, especialmente, o Brasil demandando mais produto este ano. Com isso, há uma expectativa de que no final de outubro tenhamos uma renegociação que ajuste os valores acima do fixado como provisório”, explica Zorrilla. Segundo ele, a quebra de safra em 1,5 milhão de toneladas do Brasil é o que traz maiores esperanças ao setor.

MÉDIA

Com uma média de produtividade em torno de 8 mil quilos por hectare, o Uruguai registrou uma redução de 800 a 1.000 quilos por hectare, em média, nesta temporada. “O fato de termos alcançado essa produtividade, que é boa, apesar dos problemas climáticos, mascara as perdas de muitos produtores. Em alguns casos, perdas de 100% da lavoura. E mascara as perdas parciais, a falta de rentabilidade, a dificuldade de cumprir o pagamento dos créditos. E os preços atualmente fixados não resolvem esse problema. São muitos casos, mas atualmente estamos fazendo o levantamento para identificar quantos produtores terminam essa colheita no vermelho”, frisa o vice-presidente da ACA, Hernán Zorrilla.

Para o dirigente, o Uruguai precisa tomar medidas estruturais que reduzam o “custo país”, favoreçam as exportações. “Hoje, 95% do arroz que produzimos é exportado. E precisamos nos tornar mais competitivos. No entanto, a cada safra o custo se eleva e o produtor está pagando esta conta”, destaca. Setores ligados à produção no Uruguai consideram que, a menos que o País consiga realizar boas vendas, em valores muito favoráveis, a área cultivada de 161,1 mil hectares desta temporada 2015/16 – dos quais 160 mil foram colhidos – cairá em torno de 8%, para 150 mil hectares na próxima safra. O Brasil está fazendo sua parte. Até junho, triplicou as compras do arroz uruguaio. (Baseada em entrevista à Carve 850AM, emissora uruguaia).

2 Comentários

  • Bueno conseguirão fazer este acordo de largar o arroz a 9;50 e agora se deram conta q o arroz na regiao desparou ,como pode produtores q estao dentro de uma associacion de arroceros firmar um documento destes en contra seus proprios interesses e defendendo a los molinos;sempre a diferença com o brasil foi de 1 a 2 dolares dependendo da saida,e agora 6 é realmente uma vergonha; uruguay pais arrocero?????deste jeito ex arrocero,ex sojero e talvez solamente ganadero.

  • É lamentável a situação dos produtores no Uruguai. Custos elevados e um sistema de compra pelas industrias que mantém o produtor como refém. Sem melhores alternativas no horizonte arrozeiro, pareceria mais lógico destinarem áreas de arroz à pastagens artificiais (ganaderia) nas várzes e soja nas áreas dobradas, pois são produtos bem mais lucrativos.

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