Gaúchos debatem a orizicultura do Mercosul no Paraguai

 Gaúchos debatem a orizicultura do Mercosul no Paraguai

Azevedo Velho, Maggi e Heinze: demandas brasileiras no Mercosul

Vice-presidente da Federarroz, Alexandre Azevedo Velho e diretor da Farsul, Francisco Schardong, participaram do I Encontro de Produtores de Arroz e Trigo do Mercosul, paralelamente à Reunião dos ministros que formam o Conselho Agropecuário do Sul e defenderam exportação em bloco.

Lideranças arrozeiras gaúchas estiveram presentes ao I Encontro de Produtores de Arroz e Trigo do Mercosul, em Assunção, capital do Paraguai, nesta quinta-feira, para debater a cadeia orizícola e seus problemas com representantes do setor na Argentina, Paraguai e Uruguai. O evento ocorre durante a XXXII Reunião Ordinária do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) que encerra nesta sexta-feira (4/11). O Sul do Brasil e os demais países do Conesul produzem cerca de 13 milhões de toneladas de arroz em casca por ano. Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil (leia-se Rio Grande do Sul) exportam, juntos, cerca de 3,5 milhões de toneladas por ano (base casca). As exportações em bloco, mecanismos de comercialização da próxima safra com garantías de preços, melhorias na logística por maior competitividade e questões sanitárias figuraram entre as propostas e sugestões dos brasileiros.

O vice-presidente Alexandre Azevedo Velho representou a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) enquanto Francisco Schardong, presidente da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul) foi o representante da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Nesta quinta-feira (3/11), pela parte da manhã, os arrozeiros das quatro nações se reuniram em separado para debater a conjuntura e o perfil de safra de cada país. Segundo o dirigente da Federarroz, Alexandre Azevedo Velho, as demandas são muito similares, uma vez que os orizicultores vêm enfrentando dificuldades de acesso ao crédito oficial, aumentos dos custos de produção, também se discutiu os preços praticados em cada país e o andamento da safra.

A partir deste encontro, debateram as medidas que seriam encaminhadas em um documento conjunto aos ministros dos quatro países envolvidos na reunião do CAS. Na parte da tarde, o deputado federal gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), conseguiu abrir um espaço na programação oficial e inserir a manifestação dos produtores.

Por parte do Brasil, entre outros temas, os representantes enfatizaram aos colegas de atividade a importância da exportação em bloco do Mercosul, por meio de uma organização conjunta para reduzir a concorrência interna e adotar estratégias para ampliar a participação nos mercados e agregar valor ao produto. Também apresentaram os problemas dos altos custos de produção e as deficiências logísticas do Brasil, pelo fato de o transporte depender basicamente da via rodoviária. Também trataram da limitação do calado do Porto de Rio Grande que exige até duas atracações de navios por carga a ser embarcada, exigindo muitas operações de transbordo e encarecimento dos custos para exportar e perda da competitividade.

Os gaúchos também destacaram questões de saúde pública e necessidade de uniformizar legislações e, principalmente, a fiscalização dos insumos aplicados. Consideram que a legislação paraguaia referente a defensivos é relativamente eficiente em termos formais, mas pouco efetiva em termos de fiscalização de contaminantes, e revelaram que isso preocupa a cadeia produtiva brasileira.

DOCUMENTO

Os brasileiros encaminharam demandas aos ministros do Mercosul a proposta de viabilizar a exportação conjunta, em bloco, para terceiros mercados, evitando uma pressão baixista que prejudica aos quatro países, um trabalho forte para superar barreiras comerciais, sanitárias e ambientais, estabelecendo negociações mais ágeis com os países compradores. Também solicitou a priorização do arroz como produto de exportação nas relações internacionais destes governos, além do estabelecimento imediato de mecanismos de comercialização do arroz na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai como forma de evitar que na colheita da safra em andamento, que deve ser maior do que a passada – e face à conjuntura internacional – não haja uma queda muito grande nos preços regionais. “O objetivo é manter o arroz com valores acima dos custos de produção dos quatro países, de maneira que a oferta de um não prejudique o outro”, explica.

Com a entrega do documento aos ministros dos quatro países, os orizicultores do Mercosul agora tratam de estabelecer estratégias para cobrar medidas de apoio à atividade. O documento assinado pelas entidades representativas arrozeiras foi encaminhado ao ministro da Agroindústria Argentina, Ricardo Buryale, e aos ministros da Agricultura e Pecuária do Brasil Blairo Maggi, do Paraguai Juan Carlos Baruja, e do Uruguai Tabaré Aguerre.

1 Comentário

  • Iniciativa bem vinda, porém de difícil conciliação, interesses e custos de produção muito divergentes entre os países integrantes do bloco, mas são arestas que precisam serem discutidas, pois os produtores gaúchos são os mais prejudicados pelo Tratado, principalmente em termos de custos de produção, leis ambientais, logística para exportação (portos) e falta de apoio governamental; o que não ocorre com os demais países integrantes, principalmente o Paraguai.

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