Endividamento vai pesar

 Endividamento vai pesar

Custo de produção e produtividade: afetados pelas dificuldades financeiras dos rizicultores

Crise não vai pesar na
área cultivada, mas
afetará vendas e renda.

 As dívidas e parcelamentos dos arrozeiros do Sul do Brasil que tiveram perdas na safra passada não devem afetar de forma significativa a área plantada na temporada 2016/17, mas trarão impacto à produtividade e comercialização da colheita. A opinião é do diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Sarmento Barata. Segundo ele, embora parte dos rizicultores não tenha começado a planejar a próxima lavoura até meados de agosto, o tema é recorrente.

A cadeia produtiva trabalha com a expectativa de uma área plantada muito próxima de 1,06 milhão de hectares no Rio Grande do Sul e 150 mil hectares em Santa Catarina. A projeção é de que os gaúchos colham perto de 8,2 milhões de toneladas, com produtividade aproximada de 7,7 mil quilos por hectare, e Santa Catarina mais 1,1 milhão.

“O acesso do arrozeiro ao crédito oficial é cada vez mais restrito, e isso nos preocupa, pois retira a sua competitividade no mercado, mas não terá interferência significativa na área em relação ao ano passado. A falta de recursos refletirá no volume de insumos, nas operações de manejo e, dependendo da fonte do dinheiro, até num eventual atraso na época de plantio. Tudo isso refletirá em menor produtividade do que o potencial das lavouras”, reconhece o dirigente, que é engenheiro agrônomo.

Afora isso, Sarmento Barata destaca que ao captar recursos em fontes não oficiais, como fornecedores e indústrias, o agricultor aumenta o custo e terá que comercializar o seu produto em cima da colheita, o que reduz sua competitividade comercial. “Ao buscar as alternativas de crédito no mercado o agricultor paga mais caro e amplia seus riscos e o custo de produção e reduz sua capacidade de barganha na hora de comercializar a safra. Mas, para muitos, na atual conjuntura, é a única forma de cultivar a lavoura”, entende.

FIQUE DE OLHO
A indústria gaúcha de arroz tem direcionado as suas operações de crédito com os arrozeiros – financiamentos de lavouras – para incentivar a produção de variedades nobres, como a Irga 417 e a BR Irga 409. Estas variedades, no mercado livre, têm sido preteridas pelos agricultores porque costumam gerar uma produção inferior em até 20 sacas do que cultivares mais novas. Como a diferença de preço (plus) pago pela indústria existe, mas não compensa a perda produtiva na comercialização, a forma encontrada pelos industriais foi fechar o contrato de empréstimo (via CPR, em geral) vinculando à produção das variedades nobres.
A variedade Guri Inta CL é tolerada por ter qualidade de grãos um pouco melhor, mas trata-se de uma cultivar de maior custo e suscetível à brusone. E os custos dos fungicidas subiram mais de 10% para esta safra. A variedade mais tolerante à doença fúngica, Irga 424 RI, que deve ampliar significativamente a presença nas lavouras gaúchas nesta temporada também por esta característica, tem sido recebida com restrições pela indústria em função da qualidade dos grãos.

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