Muito para crescer
Das 12 usinas de energia elétrica existentes no Brasil que usam resíduos da lavoura de arroz como matéria-prima, OITO estão no Rio Grande do Sul, duas em Santa Catarina, uma no Mato Grosso e uma em São Paulo. O grupo Urbano Agroindustrial detém três plantas e agora faz investidas em hidrelétricas. Outras duas estão sendo instaladas em terras gaúchas, uma em Itaqui, cuja obra deve começar ainda este ano, e outra em São Sepé, que deve entrar em funcionamento em 2017. Há 10 anos havia apenas duas usinas em funcionamento, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Com o desaquecimento da economia nos últimos três anos, a demanda nacional por energia vem caindo, mas a expectativa é de que com a retomada do crescimento até o final de 2017 ou início de 2018, a necessidade de geração aumente, dando respaldo para novos investimentos na área. Atualmente o Brasil é o maior gerador mundial de energia elétrica a partir da biomassa agrícola, sendo que o bagaço e a palha da cana-de-açúcar respondem por cerca de 80% desse volume.
O volume chega a 7,1% de toda a energia elétrica gerada e adquirida pelo Brasil. No total, o país tem 413 usinas que utilizam as diversas origens de biomassa, que se tornou uma fonte importante para atender as carências energéticas nacionais diante de uma forte crise hídrica no Sudeste e no Nordeste nas últimas temporadas. No total, a cadeia produtiva do arroz gera 45.333 quilowatts de energia instalada, o que representa meros 0,03% da matriz energética brasileira. Este volume, com a disponibilidade de casca e as tecnologias que evoluíram – e ampliaram a produtividade das geradoras –, pode chegar a 1% em uma década, segundo especialistas, se o setor tiver as condições necessárias para investir e demanda do sistema interligado.
As geradoras suprem as necessidades de energia dos próprios engenhos e fornecem os excedentes para o sistema interligado. Além disso, agregam a cinza carbonizada no processo como produto de valor para fins industriais, vantagens ambientais por se livrarem dos custos de liberação de um resíduo – por tratar-se de uma energia limpa e renovável – e a comercialização de créditos de carbono. O viés ambiental – seja pela facilitação do acesso às linhas de crédito especial ou venda de créditos – pode ampliar em até 30% a viabilidade dos projetos.