Como a Nigéria pode atingir suficiência em produção de arroz

 Como a Nigéria pode atingir suficiência em produção de arroz

Executivo-chefe da Elephant Group Limited, o maior da Nigéria, defende modernização da orizicultura

Nigéria já foi o maior cliente do arroz brasileiro, mas criou rede de proteção para incentivar lavouras locais. No entanto, o contrabando assumiu boa parte do mercado. Leia a análise de empresário local sobre os desafios do segundo maior importador mundial de arroz.

Enquanto o governo federal nigeriano adota medidas para aumentar o número de fazendas de produção de arroz naquele país, amplia ações de controle do contrabando e distribui sementes aos agricultores, os especialistas são da opinião de que a obtenção de autossuficiência nas colheitas do cereal deve demorar muito mais tempo do que as duas ou três safras previstas para este objetivo pelo governo. Isso porque não estão sendo envidados esforços no sentido correto.

O executivo-chefe da Elephant Group Limited, Tunji Owoeye, falando em Lagos em um seminário sobre “Agricultura sustentável sob a recessão econômica", organizado pela Associação Nigeriana de Jornalistas Agrícolas (Naaj) observou que o abismo entre a procura e oferta de arroz no país é enorme por não serem priorizadas áreas-chaves no ciclo de produção. E isso leva a um processo lento que demandará muito tempo para progredir e alcançar o sonho da sustentabilidade.

Owoeye, que apresentou o tema com o sócio sênior da OIT Fash Consultas, Rotimi Fashola, indica a demanda nacional nigeriana de arroz em seis milhões de toneladas, enquanto a produção agrícola fica pouco acima de três milhões. “Com a nossa taxa de crescimento populacional a lacuna seria mais ampla nos próximos anos, se algo urgente não for feito", acrescenta. Ele entende que muita energia está sendo desperdiçada sem que isso se converta em resultados eficientes.

Para ele, o caminho a seguir não é apenas distribuir sementes e convencer os agricultores a plantarem arroz, mas adotar experiências e modelos empresariais que estão dando certo e gerando autossuficiência em algumas propriedades. Os três principais modelos e iniciativas estratégicas que recomenda a serem aplicados na Nigéria são: adotar o sistema de cultivo sob irrigação, permitindo que no lugar de cultivar em período estático, as fazendas alcancem produção em outras épocas do ano. “O cultivo de sequeiro, exclusivamente dependente de chuvas, de baixa tecnologia e muito trabalhoso para o agricultor, com baixa produtividade e produção, deve ser desencorajado”, recomenda.

"A estação das chuvas é curta, menos de cinco meses em algumas áreas, então perdemos os restantes sete meses do ano por não haver irrigação. Se você tem estrutura confiável, no lugar de uma safra que dura de três a quatro meses no campo, passará a ter 2 a 3 colheitas por ano sob irrigação,” explica.

Owoeye considera a mecanização como chave para aumentar a produção de arroz localmente, pois elimina o trabalho braçal e penoso e acelera os processos e etapas de cultivo. Associando a mecanização ao cultivo do arroz, você pode reduzir drasticamente as perdas de produção na colheita, especialmente durante a colheita. “Sob o método mecanizado, a produção é mais eficiente em larga escala, ao contrário do método arcaico adotado em boa parte do País, por pequenos agricultores”, acrescenta.

Por fim, sugeriu que o governo priorize a produção em ambientes apropriados para o cultivo de arroz, ou seja, em lugares que têm corpos de água que podem apoiar a irrigação e ampliar as produtividades. Nas áreas mais altas e secas, recomenda a busca de culturas mais adequadas, entre as quais algumas nativas e tradicionais que perderam espaço para o consumo sistemático deste cereal. “O ganho em áreas baixas e úmidas, com tecnologias de irrigação e mecanização, compensaria em muito e abriria espaço para estes outros cultivos, gerando melhor aproveitamento da terra, segurança alimentar e até mesmo uma renda mais adequada aos agricultores”, resume.

1 Comentário

  • Como diz o Zé Simão….. Buemba, buembaaaaaaa, com o dinheiro que pagamos para o CDO do IRGA. Desenvolvemos a cultura, levamos novas variedades e ensinamos tudo o que os homens de lá sabem. inclusive pagamos diretores para lá dar palestras e mostrar como é o comércio internacional. É muito bom para aprendermos a trabalhar quietos, sem estardalhaços!!!!!

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