Novembro marca os 50 anos da revolução verde no arroz
Carmona: base genética veio do Irri e do Ciat
No dia 28 de novembro de 1966 foi lançada a variedade de arroz IR8 pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz – Irri. Estava deflagrada a revolução verde do arroz.
O mês de novembro de 2016 está marcando os 50 anos do início da revolução verde para a cultura do arroz. No dia 28 de novembro de 1966 foi lançada a variedade de arroz IR8 pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz (Irri), com sede em Los Baños, nas Filipinas. A tecnologia desenvolvida por pesquisadores internacionais representa uma marco na produção agrícola mundial com o desenvolvimento das chamadas variedades modernas, de porte baixo, e um salto de até 30% em produtividade, que estabeleceu à época um novo teto produtivo nas diferentes regiões do mundo.
Pesquisador da área de melhoramento genético e responsável direta ou indiretamente pelo desenvolvimento de mais de 70% das variedades do Irga nos últimos 50 anos, o engenheiro agrônomo Paulo Sérgio Carmona é uma autoridade no assunto. E frisa que a IR8 não foi a primeira planta de porte baixo no arroz, mas aquela que teve maior impacto e aceitação pelo grande potencial produtivo. "Esta variedade preencheu uma lacuna na lavoura atendendo a demanda de produtividade associada à qualidade. Acompanhei seu crescimento", destaca.
Segundo Carmona, até então as lavouras usavam plantas de porte alto que apresentavam, entre outros limitantes, a ineficiência na absorção dos fertilizantes. Por sua arquitetura moderna, porte baixo, folhas eretas e capacidade de afilhamento a nova cultivar ganhou imediatamente a preferência dos agricultores e dos programas de melhoramento de arroz em todo o mundo. Isso desencadeou a chamada Revolução Verde, que partiu da Ásia até chegar aos mais ermos rincões do mundo, inclusive ao Sul do Brasil.
Em pouco tempo, os genes associados à produtividade da IR8 foram transferidos para cultivares em todo o mundo, surgindo plantas adaptadas que fizeram a diferença produtiva global. Na América Latina, as variedades mais emblemáticas derivadas da IR8 segundo Carmona foram: Cica 4, lançada na Colômbia em 1971 pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat) e a BR – Irga 409, lançada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e Embrapa no ano de 1979. A variedade foi adaptada às condições do Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do Brasil. Até hoje a BR Irga 409 é considerada uma variedade nobre, de qualidade de grãos superior e alcança bonificação sobre os preços de comercialização. Alguns contratos de financiamento direto de indústrias aos orizicultores prevêm o uso desta variedade em parte da lavoura.
De acordo com Paulo Sérgio Carmona, de 1973 até 1975, a IR8 substituiu as variedades antigas, então, o ritmo de crescimento da área com a variedade foi rápido e, em pouco tempo, praticamente todas as lavouras do do Rio Grande do Sul utilizavam a BR Irga 409 e, posteriormente, a Irga 410, oriundas da nova tecnologia. Todas as atuais variedades comerciais de arroz branco, longo fino, produzidas no Brasil hoje possuem genes associados à IR8. O pesquisador lembra que o potencial produtivo era muito superior a tudo que já havia se visto, o que motivou os produtores a substituírem rapidamente as cultivares que utilizavam.
“Até os equipamentos e as formas de cultivo foram impactados pelo material genético, que tem menor ciclo, menor quantidade de palha, é mais produtivo e tem o grão longo fino, o que permitiu grandes avanços na mecanização para a orizicultura. Há componentes que até hoje nós estamos usando e aprimorando”, explica o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer.
Para comemorar o cinquentenário, um evento está acontecendo na Colômbia na data de hoje. Além de relembrar a data, o encontro visa discutir o futuro das pesquisas na área orizícola na América Latina. A Revolução Verde foi um processo de modernização do setor agropecuário em países em desenvolvimento.
Mais informações sobre os 50 anos da Revolução Verde para o Arroz, podem ser obtidas no site www.irri.org/ir8 .
