Consumo das famílias: sem espaço para retrações

A queda na renda e a inflação levaram as relações de consumo ao limite neste ano.

A deterioração do ambiente de consumo no Brasil apresenta sinais de ter chegado ao limite, na avaliação de executivos do setor de supermercados. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) espera um cenário um pouco menos volátil para o crescimento das vendas e o comportamento dos preços dos produtos no próximo ano, embora não acredite numa forte recuperação em relação ao desempenho de 2016. Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados nesta quarta-feira (30/11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo das famílias encolheu 3,4% no terceiro trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, ante um recuo de 2,9% do PIB no período.

Segundo a Abras, o setor de supermercados acumula alta real de 1,16% nas vendas até outubro contra igual período do ano passado. A queda na renda e a inflação levaram as relações de consumo ao limite neste ano. Agora, há pouco espaço para novas quedas, dado que este tipo de consumo não é discricionário, o que indica um cenário em que as vendas param de piorar. O setor trabalha com itens de primeira necessidade, que sofrem menos do que outros. O que o consumidor poderia fazer, ele já fez, já mudou para marcas mais baratas e fez substituições de produtos. A expectativa é de que o setor supermercadista apresente mais estabilidade. A projeção para as vendas no próximo ano é de alta de 1,5% ante um patamar de 1,0% esperado para este ano.

Segundo a GfK, o cenário para os preços também é mais positivo. No início de 2017, deve continuar tendência de desaceleração nos preços de alguns dos produtos mais consumidos no Brasil. O preço da cesta de itens básicos nos supermercados brasileiros avançou 0,18% em outubro, na comparação com setembro deste ano. A cesta é composta por 35 produtos de largo consumo pesquisada pela GfK e analisada pela Abras. Na comparação com outubro de 2015, o preço subiu 16,02%. Ainda segundo a GfK, a relação de oferta e demanda já está no limite e os preços subiram de tal forma que o bolso encolheu demais. Não dá mais para o consumidor suportar preços maiores. Os números de 2016 foram afetados por regimes de chuvas diferentes do esperado, o que afetou a produção de alimentos como feijão e leite.

As projeções para o agronegócio são positivas e sugerem menor risco de choques de oferta. O risco para essa perspectiva mais otimista está no comportamento do câmbio. A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos adiciona um elemento de incerteza e pode fazer com que o câmbio volte a pressionar preços internos no Brasil. Segundo a Abras, para o primeiro trimestre de 2016, o ambiente do setor de supermercados tende a ser mais positivo. Deve contribuir o fato de que o primeiro trimestre de 2016 trouxe um resultado inesperadamente mais fraco do que o restante do ano, ou seja, a base de comparação para as vendas, sobretudo em janeiro, é favorável. Em janeiro deste ano, as vendas caíram 3,38% ante igual mês de 2015.

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