Comercialização e crédito pautam debate sobre Plano Safra

Entidades gaúchas do setor agropecuário apresentaram demandas para representantes dos ministérios da Agricultura e da Fazenda.

Os apontamentos de entidades representativas do setor agropecuário do Rio Grande do Sul para o Plano Safra 2017/2018 foram discutidos em audiência com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, além de representantes da pasta e também do Ministério da Fazenda, em evento realizado nesta terça-feira (18), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Os representantes do governo ouviram os questionamentos dos dirigentes sobre gargalos como crédito, seguro rural e comercialização.

Conforme Geller, o Plano Safra, que deverá ser lançado no final de maio, será alinhado com o setor e deverá agregar novas culturas, além de retomar o programa de armazenagem, que hoje é um dos principais problemas enfrentados pelos produtores. "Estamos discutindo com a equipe econômica para mostrar a importância desses programas, além de reforçar o custeio agrícola. Outro ponto importante é a incorporação de tecnologia nas propriedades com a automação de grandes, médias e pequenas propriedades. A agricultura de precisão precisa ser fortalecida", salienta.

O secretário adjunto de Política Agrícola e Meio Ambiente do Ministério da Fazenda, Ivandré Montiel da Silva, afirmou que a pasta não tem a pretensão de construir a política agrícola, mas sim apresentar as condições econômicas e financeiras para melhor alocar os recursos para o próximo plano safra 2017/2018 que inicia em julho. Salienta que o desafio é fazer uma safra pujante com os recursos disponíveis. Precisamos otimizar fontes de recursos, manter recursos para as operações de custeio e harmonizar entre os dispêndios com a equalização das taxas de juros e com a subvenção ao seguro rural, que é um pleito histórico do setor.

Em sua apresentação, o diretor do Departamento de Crédito e Estudos Econômicos do Ministério da Agricultura, Wilson Waz de Araújo, destacou o crescimento da safra, que deve ser de mais de 42 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, mas que as dificuldades de custo de produção e logística, entre outros fatores, consomem a renda do produtor rural. Um dos principais pontos relatados pelo dirigente do ministério foi o seguro rural, que é preciso ser incrementado, mas reconhece que o processo não será rápido. "Está na nossa agenda expandir o Seguro Rural. Não se vai conseguir colocar R$ 1,5 bilhão de uma hora para outra. É necessário, mas precisa ser feito de forma gradual".

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles, destacou entre os pontos necessários para melhoria, a questão da comercialização, tanto interna quanto externa. O dirigente lembra que hoje o produtor não tem competitividade para exportar o arroz porque o custo do embarque do grão em casca está impeditivo ou o produtor tem que baixar R$ 3,00 a saca para que o mercado internacional possa absorver. Além disso, lembrou do alto Icms que é pago para que o arroz saia do Rio Grande do Sul para outros Estados. "Preciso pagar 12% para que o meu arroz saia do Rio Grande do Sul. As indústrias preferem se abastecer com arroz paraguaio que precisa pagar só 4% de Icms", alerta.

Já o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Guinter Frantz, avalia que o sentimento do Irga é de que nos últimos anos há uma melhora na produção no campo, com a soja tomando conta das várzeas no Estado. O que assusta quem faz pesquisa, conforme o dirigente, é que o produtor não consegue renda. "Há uma boa produção e boa colheita, mas os números assustam. A preocupação está na dificuldade do acesso ao crédito oficial. Fazemos a pesquisa, levamos tecnologia e gestão ao campo, mas se tem problema estrutural, o nosso trabalho se esvai porque o produtor não tem renda".

2 Comentários

  • Sem dúvida, o Presidente do Irga tem razão em sua fala: produzir bem e vender mal não adianta nada para o produtor. A análise quanto a necessidade de acesso ao crédito é relativa, pois o crédito é um fator de produção como a terra, tecnologia, assistência técnica etc. No entanto, há anos é trabalhada apenas a produção e produtividade, devendo ser trabalhado o mercado como identificou o Presidente dá entidade dos produtores. Mas não apenas a exportação, que não tem dado os resultados que se esperava no início. Tem que modificar é a maneira do produtor comercializar: Sair da venda do casca para o arroz já beneficiado, ficando com a renda do benefício b(quebrado, quirera, inteiros totais) e a indústria transformar este arroz em produtos de maior valor agregado.

  • Nunca é tarde para o presidente do Irga, enfim, fazer um comentário coerente e bem realista. Parece que acordou de um longo período hibernando.

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