Governo de Mianmar vai priorizar exportações de arroz

O mercado chinês, vizinho, é seu maior cliente, mas a meta é alcançar Europa e África.

O governo de Mianmar (Burma) vai realizar os arranjos necessários para a expansão do mercado agrícola do país e promover as exportações de arroz, informou o vice-ministro do Comércio Aung Htoo. A decisão foi tomada a partir do anúncio da Federação da Cadeia Produtiva do Arroz do país, que projetou um avanço das vendas externas para um recorde de 2 milhões de toneladas (base casca) na atual temporada. O país vem avançando de maneira importante entre os grandes fornecedores do mercado internacional.

O anúncio governamental foi feito durante a Conferência TRT Rice Myanmar, organizado pela publicação internacional The Rice Trader, informando que o plano inclui acordos bilaterais para estabelecer incentivos às negociações e novas ligações com comerciantes internacionais, em especial na Ásia, Europa e África. “Nossas exportações de arroz com 25% de quebrados têm avançado nos mercados da África e da Europa. E agora estamos fazendo acordos governo a governo (G2G) com a Indonésia, Sri Lanka e Filipinas”, disse Aung Htoo, lembrando que recentemente, o governo do Sri Lanka propôs a compra de 50 mil toneladas de arroz de Mianmar.

Aung Htoo pediu aos exportadores do país para se concentrarem em nações nas quais as importações do grão devem aumentar nas próximas temporadas: Sri Lanka, Filipinas, Bangladesh, Irã, Arábia Saudita, Nigéria, Madagascar, Senegal, Chade, Etiópia, Quênia, Serra Leoa, Libéria, Ilhas Maurício e Togo, além da União Europeia.

“Para o bom desenvolvimento do setor do arroz, devemos enfatizar a harmonização ao longo dos setores e a modernização do mecanismo de cadeia de suprimentos, desde a produção até moagem e exportação . Além disso, precisamos ampliar nossa capacidade instalada e modernizar o processamento de arroz e a armazenagem. E o governo vai incentivar estas ações”, disse o dirigente.

Entre as ações governamentais já previstas estão a construção de portos secos e centros logísticos em pontos estratégicos que facilitem o escoamento da produção e o comércio, especialmente na Ásia. Aung Htoo também informou que já está em execução um conjunto de ações para promover o comércio marítimo regular do arroz, por meio de programas que visam atender às exigências sanitárias, quarentenárias e normas de rotulagem de alimentos de acordo com a demanda dos países importadores e padrões internacionais. Além disso, estão sendo reforçadas regras e operações de segurança e higiene alimentar.

Ele acredita que as oportunidades para o arroz no mercado mundial devem aumentar nos próximos anos de forma mais intensa, impulsionadas pela forte demanda da China e, também, da União Europeia. Também informou que a produção deste grão e de milho em Mianmar deverá aumentar no ano fiscal 2017-18 graças ao avanço da mecanização agrícola e o uso de sementes de alto rendimento.

Aung Htoo explicou que atualmente 70% da população rural em Mianmar dependem da produção de arroz. O mercado interno demanda 88% da produção e apenas 12% estão disponíveis para as vendas externas. Uma grande porcentagem de arroz de Mianmar é exportada para a China através do comércio de fronteira. Fontes internacionais consideram que, por causa da extensão, uma parte do produto entra sem registro oficial.

Nos últimos dias, comerciantes de Mianmar alegam ter encontrado problemas de repressão da China, que está combatendo as compras não documentadas. “Nosso papel, ao apoiar os embarques ao exterior também é regulamentar as exportações, explorar novos mercados e fortalecer aqueles já existentes”, resumiu Htoo.

As entregas transfronteiriças para a China foram responsáveis por dois terços das remessas de arroz de Mianmar nos últimos cinco anos.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), as perspectivas para a maior participação de Mianmar no mercado externo melhorou, atraindo o interesse de compradores africanos e do Sri Lanka. Em 2015 o volume exportado alcançou o atual recorde: 1,7 milhão de toneladas.Aung Htoo está otimista de que Mianmar tem grande potencial para ser um dos grandes fornecedores mundiais, já que dispõe de uma área de terra mais de 653.000 quilômetros quadrados, o dobro do tamanho do Vietnã, país que deverá exportar 6,9 milhões de toneladas de arroz (base casca) este ano, segundo a FAO.

Também lembrou que é preciso avançar com cuidado para evitar interrupções na cadeia de abastecimento e atualizar seu setor agrícola através da promoção de ecossistemas modernos para produzir grãos de alta qualidade e aproveitar as oportunidades que surgem com seu posicionamento geográfico e o aumento da demanda em alguns países dos continentes asiático, europeu e africano. (Com agências internacionais)

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