Plano Safra 2016/2017 registra sobra de recursos

Pela primeira vez desde a safra 1997/1998, quando começa a série histórica do Ministério da Agricultura, os desembolsos representaram menos de 80% do montante ofertado para a agricultura empresarial..

Nem a safra recorde de grãos 2016/2017, que deve chegar a 240 milhões de toneladas no País, foi suficiente para evitar que os desembolsos relativos de crédito rural para a agricultura empresarial no Plano Safra 2016/2017 alcançassem o pior resultado da história. Os R$ 137,2 bilhões registrados de julho do ano passado a junho último representaram apenas 74,6% do total ofertado em toda a temporada (R$ 183,8 bilhões), muito abaixo da média, e reforçaram os sinais de que a modernização dessa política deverá ser acelerada no País. Pela primeira vez desde a safra 1997/1998, quando começa a série histórica do Ministério da Agricultura, os desembolsos representaram menos de 80% do montante ofertado para a agricultura empresarial.

Antes disso, o menor percentual de utilização dos financiamentos ofertados pelo governo havia sido registrado no Plano Safra 2015/2016, na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, justamente 80%. Naquele ano-safra, o principal motivo apontado para a baixa demanda foi o volume menor de recursos disponíveis a juros atraentes no chamado pré-custeio do Banco do Brasil, modalidade do crédito rural geralmente usada para a compra antecipada de insumos. Na temporada 2016/2017, que acabou de terminar, o patamar mais elevado das taxas de juros de algumas linhas de financiamento (9,5% ao ano para o custeio, por exemplo), a menor diferença entre as taxas em geral e a Selic e uma redução da demanda dos produtores na contratação de crédito nos últimos meses do ciclo, à espera dos juros mais baixos que entraram em vigor com o Plano Safra 2017/2018 foram apontados pelo Ministério da Agricultura como as razões que ajudam a explicar o baixo nível de contratação no ciclo passado.

Como havia algumas incertezas em relação à economia brasileira e sobre o cenário político, os produtores usaram muito mais suas reservas de recursos próprios, e é bem possível que tenham segurado a contratação na expectativa de uma redução dos juros do financiamento. Porém, não faltaram recursos. Por outro lado, tanto Dilma quanto Temer lançaram mão do artifício de inflar o Plano Safra com dezenas de bilhões de Reais com financiamentos a juros livres. Tratam-se de recursos próprios dos bancos, que têm taxas de mercado, bem mais elevadas que as garantidas pelo governo no crédito controlado. Esse expediente esteve ligado a momentos de pressão sobre os dois governantes, que quiseram dar recados políticos positivos ao setor do agronegócio.

Mas, de acordo com cálculos da Ministério da Agricultura, os Planos Safras têm financiado apenas 30% da produção agropecuária nacional, que tem se valido de outras fontes de recursos e se mostrado pujante nas últimas décadas. A Safra 2016/2017 mostrou um expressivo crescimento de 18%, para R$ 53,4 bilhões, dos bancos privados na concessão do total de crédito rural no Brasil (somando-se as agriculturas empresarial e familiar). E, por outro lado, uma redução de 17%, para R$ 83,2 bilhões, nos desembolsos liberados por bancos públicos. Os desembolsos para custeio diminuíram e os de investimento se estabilizaram frente à safra anterior. Fonte: Valor Econômico.

1 Comentário

  • Os numeros não mentem Srs. A realidade é uma só. O grau de endividamento é tão alto que os produtores que ainda tem acesso ao crédito oficial não conseguem tomar dinheiro novo… O passivo vai se acumulando com securitizaçao, pesa, refis, finame, renegociaçao de custeios, etc. que quando o sujeito vai no banco e aparece a letra E bem grande na tela do computador… Os recursos livres se paga 11,5% de juros ao ano… Tem que deixar produto vinculado ou garantia real… Ninguém tem mais terras para hipotecar… Avalista é uma palavra que saiu do alfabeto orizicola… A coisa tá feia pessoal muito feia… Não é mais hora para brincadeiras ou loucuras…

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