Por que inovação em alimentos? Já não está bom o que eu como todos os dias?
A Índia já possuiu 30 mil variedades de arroz e hoje só possui 10. É um risco à nossa saúde e reduz drasticamente as oportunidades de inovação em alimentos.
Quando digo que apesar de ser gestora da inovação e poder abordar qualquer assunto, mantenho um blog para falar apenas de inovação alimentar. Muitos se espantam: “O que é inovação em alimentos?
É uma dieta nova para emagrecer? Você é chefe de cozinha, faz uns pratos diferentes?” Explico então que escolhi esse tema porque sou cientista de alimentos e a dúvida prossegue: “Então você cria comida verde tipo Frankenstein no laboratório, mexe com transgênicos?”
Poucos sabem que apesar de consumirmos pouca variedade alimentar – 60% da ingestão calórica humana atual vem de quatro espécies de planta: trigo, arroz, batata e milho, o mundo é muito maior que o nosso quintal e inovação em alimentos é um assunto mais urgente do que gostaríamos que fosse.
Resolver problemas alimentares envolve pensar não só no que comemos, mas também em quem come ou deixa de comer. Sabia que há 108 milhões de pessoas a passar fome no mundo? Enquanto isso um terço da produção agrícola global vai para o lixo.
Ertharin Cousin diretora do Programa Alimentar das Nações Unidas diz que “A fome exacerba as crises, provocando mais instabilidade e insegurança. O que hoje parece um desafio ligado à segurança alimentar, amanhã se tornará um desafio ligado à segurança em si”.
O consumidor hoje é mais exigente que nunca. Sim, nunca houve tamanha concorrência. A arma secreta para sobreviver e prosperar? Inovação. Mas você já sabia disso, certo?
Hoje em dia, todos parecem ter uma ótima ideia para um aplicativo ou um produto novo. Ideias inteligentes são excelentes, mas a inovação reside em resolver problemas. Então o que você realmente precisa é de um problema a ser resolvido.
Segundo Eric Ries, do livro A Startup Enxuta, o sucesso é aprender a resolver o problema do cliente. Nós devemos aprender o que os clientes realmente querem, não o que eles dizem que querem ou o que pensamos que deveriam querer.
Trabalhar a inovação e aplicação de tendências é antever o futuro, compreender as necessidades do cliente e as que ele ainda nem sabe que tem. É preparar empresas para continuarem relevantes daqui a anos ou mesmo décadas, é contribuir para preparar uma geração de empreendedores que vai alimentar as mais de nove bilhões de pessoas que viverão neste planeta até ao ano de 2050.
Blockchain, impressora 3D, tecido biológico, robótica… em pouco mais de um ano a escrever para a i9 magazine sobre inovação e tendências não pude deixar de abordar diversas vezes os alimentos. A alimentação é um dos maiores meios de transmissão da cultura de um povo, é parte da nossa identidade e o encontro do passado com o presente. E também uma das portas para o futuro.
A Índia já possuiu 30 mil variedades de arroz e hoje só possui 10. É um risco à nossa saúde e reduz drasticamente as oportunidades de inovação em alimentos. O banco de sementes de Portugal possui apenas 60% de suas espécies nativas protegidas em seu banco de sementes, já o Brasil possui a vergonhosa soma de 1% de sua biodiversidade assegurada.
Quantos novos produtos poderíamos criar a partir dos milhares de espécies que entram em extinção todos os anos? Como nos alimentar sem comprometer as próximas gerações? Como a tecnologia pode nos ajudar nisso?
Sem dúvidas temos muitos problemas para resolver na área alimentar. Por isso acredito tanto que aqui reside uma fonte imensa de oportunidades. Para encerrar deixo uma frase citada por William Gibson: “O futuro já está aqui – simplesmente não é distribuído uniformemente”. É você a pessoa inovadora que chegará à frente? Estou aqui para clarear o caminho e percorrê-lo contigo!