RS reforça pressão sobre o Mercosul
Entre os itens questionados estão o menor custo de produção do grão e o uso de agroquímicos proibidos no Brasil.
A preocupação com a concorrência do arroz do Mercosul será reforçada nesta terça-feira por entidades ligadas à produção do grão em audiência pública que ocorre na Câmara dos Deputados, em Brasília. O diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Tiago Barata, preparou nota técnica para ser distribuída. No documento, destacará que o Brasil manteve o ritmo das compras do bloco mesmo depois do incremento da produção nacional:
– Até o início dos anos 2000, o Brasil tinha volume insuficiente. Nesse período, as importações eram necessárias.
Uruguai e Argentina tornaram-se fornecedores. Mais recentemente, o Paraguai passou a vender para o Brasil. E se os primeiros diversificaram as exportações, o último segue mirando o mercado brasileiro. O grande calcanhar de aquiles está no fato de que, com custos mais baixos, como mostrou levantamento da Federação da Agricultura do Estado, o arroz dos países do Mercosul chega com valores menores do que o brasileiro. Outro ponto questionado é o uso de agroquímicos proibidos no Brasil.
– Sigo sendo favorável ao bloco, desde que cumpra o objetivo para o qual foi criado: fortalecer a economia dos países integrantes. Se há livre comércio de arroz, a gente quer que ocorra o mesmo com os insumos – pondera Tiago.
A Federarroz-RS entrou com pedido de salvaguarda no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Anderson Belloli, diretor jurídico da entidade, afirma que existe respaldo legal para a medida e também justificativa técnica:
– Há um surto de importações. Nos últimos dois anos, dobraram de volume.
Em 2016, foram 512 mil toneladas. Neste ano, 1 milhão de toneladas, quantia que deve se repetir no próximo ano.
A decisão de adotar ou não a salvaguarda cabe ao governo brasileiro.
1 Comentário
Boa a abordagem de Tiago, em se tratando de Mercosul, negociação com o governo Federal é sempre melindrosa, pois envolve outros interesses aos quais nós agricultores não possuímos acesso. Mas a Federarroz como nossa representante maior em conjunto com o Irga, órgão de grande expressão técnica e referência na América do do Sul em cultivo de arroz, formam uma equipe extremamente capacitada para explicitar a realidade orizícola do RGS e reivindicar condições mais justas (equalizadas) entre parceiros deste Tratado tão assimétrico que tanto prejudica os produtores gaúchos de arroz.